29/04/08

Já começou o retorno do investimento

Todos conhecem o famoso provérbio da mulher de César, no qual este exemplo não se aplica. O investimento no homem já começou a render...
Prazo de concessão prolongado
Mota-Engil investe 226 milhões - CM

A Mota-Engil, que contratou recentemente Jorge Coelho para CEO, assinou ontem um memorando de entendimento com o Governo para a ampliação do terminal de contentores.
O investimento previsto pelo Governo é de 226,7 milhões de euros, apesar de a empresa ter comunicado à CMVM o valor de 226 milhões.

Um dos pregos do caixão do 25 de Abril

Uma centena de sindicalistas concentrou-se ontem no Outeiro da Cabeça, Torres Vedras, em solidariedade para com o funcionário Pedro Jorge, da Cerâmica Torreense, alvo de um processo disciplinar por ter dito na televisão que não é aumentado desde 2003.
(...) O empregado da Cerâmica Torreense, Pedro Jorge, de 30 anos, recebeu uma nota de culpa com vista ao despedimento, depois de ter declarado no programa Prós e Contras da RTP1 que não é aumentado desde 2003. Pedro Jorge é electricista desde os 20 anos na empresa Cerâmica Torreense e desde 2006 desempenha também funções de delegado sindical.A 28 de Janeiro, foi convidado a participar no programa televisivo para responder a perguntas sobre como consegue um jovem casal viver com módicos ordenados (ele é electricista e ela é recepcionista) e sobre quais as suas principais dificuldades. Para o trabalhador, em causa estão as seguintes declarações no programa conduzido pela jornalista Fátima Campos Ferreira: "Boa noite, eu sou o Pedro Jorge. Sou electricista no sector cerâmico. Posso dar o meu exemplo: na empresa onde trabalho, a Cerâmica Torreense, não sou aumentado desde 2003, o meu ordenado está congelado desde 2003."

27/04/08

Fica dito

Um dos sinais do Apocalipse?

Uma extensa reportagem do jornal PÚBLICO de hoje, sobre o tema do aumento da fome a nível mundial devido à escalada dos preços dos alimentos, veio colocar em evidência a sobrevivência da espécie humana. Nenhum dos problemas corriqueiros quotidianos (profissionais, económicos, etc.) tem qualquer importância perante este singelo facto de existir o risco de não haver quantidade suficiente de alimentos para todos os seres humanos, incluindo-se aqueles-os dos países desenvolvidos- que normalmente não tinham esse problema.
Curiosamente, de todos os organismos internacionais citados na reportagem, nenhum apresentou a única solução viável para evitar uma possível catástrofe: o controlo da natalidade da espécie humana.
Existem dois factos incompativeis:
- o planeta é um sistema fechado
- o aumento contínuo da população humana
As soluções tecnológicas apenas adiam o inevitável se não se atacar o aumento demográfico. Mantendo este status quo, cada um deve-se preparar para os tempos de violência que se avizinham e provavelmente para a 3ª guerra mundial.
Actualização:
Director da CIA receia crescimento populacional
02.05.2008 – PÚBLICO

O crescimento populacional e a maré cheia da imigração são os novos desafios que os Estados Unidos terão de enfrentar no próximo meio século, considerou o director da CIA, Michael Hayden, num discurso na Universidade do Kansas. Em 2050, o número de seres humanos na Terra deve subir dos actuais 6700 milhões para 9000 milhões. Nos próximos 40 anos, disse Hayden, citado pelo jornal The Washington Post, o crescimento projectado de 33 por cento da população será um dos factores mais significativos para a segurança no século XXI.A pressão populacional reduzirá os recursos e alimentará movimentos extremistas e de insurreição civil em vários pontos do globo, disse Hayden. "A maior parte do crescimento populacional será nos países com menos condições para o suportar."Espera-se que a população do Níger e da Libéria triplique nos próximos 40 anos. A pressão para garantir alimentos, abrigo e emprego para tantos milhões de pessoas "pode fazer com que muitos se sintam atraídos pela violência ou pelo extremismo", considera o director da agência de espionagem norte-americana.Nesta visão da CIA, os países mais ricos, as divisões étnicas e raciais, sublinhadas pela imigração, podem criar problemas de segurança, em especial nos países europeus com muitos imigrantes muçulmanos.

26/04/08

Uso a boca de outro concidadão

"Quem se vai governando já nasceu de camisa branca"
CÉU NEVES - DN

Diz que é um homem de causas, cheio de dúvidas. E em constante interrogação.
"As pessoas valem pelo que são e não pelo que fazem. Gostaria de ver uma Igreja politicamente empenhada. A Igreja aburguesou-se. Não precisamos de mais partidos, precisamos é de uma sociedade civil mais exigente e implacável. Temos um país de bananas onde quem se vai governando já nasceu de camisa branca." Eis Henrique Pinto em discurso directo, um discurso difícil de catalogar. Parece estar contra tudo e contra nada. Provavelmente, estará num momento de viragem, para regressar à casa de partida: os Missionários da Consolata.
Mas para regressar precisa de resolver as questões por que deixou definitivamente a congregação, em 2001. As dúvidas começaram em 1994. "Entrei em crise. Comecei a questionar as verdades absolutas da Igreja, a forma como se hierarquiza, o poder que dá ao sacerdote, por exemplo. Porque é que, perante uma sociedade com tantas desigualdades, a hierarquia mantém todos os privilégios?" diz. E, logo de seguida, adverte que não defende que é preciso viver em dificuldades para apoiar os desfavorecidos: "Não sou dos doidos que dizem que a Igreja deveria vender tudo. O que digo é que a Igreja deveria ser testemunho do desapego." Ou seja, tem dificuldade em perceber que alguém defenda a igualdade social e tenha rendimentos elevados. Por isso, diz que não poderia ser do Bloco de Esquerda. Também não se identifica com o Partido Comunista. Sabe é que é um homem de esquerda. Um homem de causas.
A vida civil deu-lhe outra liberdade intelectual, um valor de que tem relutância em abdicar, sobretudo porque foi educado "para converter tudo e todos ao cristianismo". Liberdade para ser a favor dos métodos contraceptivos, dos casamentos e da adopção pelos homossexuais, por exemplo. Se voltar aos Missionários da Consolata é porque não nasceu para viver sozinho. O ideal seria partilhar uma vida a dois, mas ainda não conseguiu encontrar a outra parte. E tem dúvidas se o conseguirá. "Sendo uma pessoa de causas, teria de encontrar uma pessoa de causas. Se não, é sempre um choque. Há sempre uma cobrança", justifica. E as pessoas com quem se tem cruzado "vivem muito agarradas à terra". Ele vive de forma despegada. O que não quer dizer destituída de bens, mas capaz de deles se desfazer. Está a pagar uma casa, recebe ordenado como director da revista Cais e é investigador e professor da Universidade Lusófona.

Os vampiros do Zeca Afonso

O colega bloguista A Educação do meu Umbigo, publicou uma tabela com os nomes de alguns vampiros que metaforicamente o Zeca denunciou. Obviamente que faltam outros que não estão aqui, de outras áreas profissionais e da economia, mas alguns nomes que aparecem explicam talvez algumas mudanças de atitude. Saliento o nome de José Júdice, um antigo militante activo do PSD, pensador livre que sempre denunciou os atentados aos direitos básicos; pois, estou a usar o pretérito perfeito...
Como dizia o saudoso Vasco Santana: "Andamos todos ao mesmo..."


25/04/08

Ele cantou a opressão que ainda hoje persiste



Subscrevo integralmente

Não resisto a colocar estas opiniões publicadas no PÚBLICO, porque estão em consonância total com o que também opino há vários anos.
"(...) O que me preocupa é o que não se fez ou foi mal feito ou podia ter sido mais bem aproveitado. Nomeadamente as verbas que vieram da Comunidade Europeia: alguém alguma vez se preocupou a sério em apurar quanto dinheiro chegou cá e o destino que lhe foi dado? Tivemos o ciclo da Índia, o ciclo da África e agora repetimos a mesma cena com a Europa."
Alfredo Assunção, que neste mesmo dia há 34 anos estava no Terreiro do Paço e no Carmo ao lado de Salgueiro Maia a derrubar o regime, assina por baixo a advertência de Rocha Vieira. "Se não estivéssemos na Europa, se calhar o desânimo era capaz de ser demonstrado de uma maneira mais violenta. Vivemos tempos complicados: as pessoas começam a sentir que a sua liberdade começa a ser coarctada. E tudo se passa com um Governo que aparentemente estaria com o 25 de Abril. Chegamos a uma situação destas num Governo de esquerda", lamentou-se ao PÚBLICO, num contacto telefónico.

[Vasco Lourenço]Do seu ponto de vista e não apenas em Portugal, "o actual regime democrático parece esgotado", com os detentores do poder a fugirem para a frente, sem se aperceberem de que, cada vez mais, vão ajudando a degradar a situação, o que lhe lembra "os velhos senhores de Roma, que não viam o fim do Império a aproximar-se, de forma acelerada, e continuavam em festas e orgias".

Alfredo Assunção defende a urgência dos movimentos de cidadania "obrigarem os partidos a transformarem-se, a defenderem os interesses das pessoas e a cumprirem os seus programas". Pessoalmente, "defenderia uma mudança da lei eleitoral no sentido de um cidadão comum, através de associações, chegar ao Parlamento". Esta é, para ele, hoje "a grande luta".

Vasco Lourenço defende que os partidos políticos voltem "à essência da sua criação", pois "não podem continuar a ser agências de empregos, coberturas e agentes de luta do poder pelo poder, causadores e encobridores de corrupção, enfim, maus agentes da democracia".

(…)Há aí qualquer coisa que faz com que um governo de esquerda chegue lá [ao poder] e faça exactamente o que fazia um governo de direita. (Alfredo Assunção)

(…) Na linha do que pensa Garcia Leandro, adverte, contudo, que podem vir a registar-se "convulsões sociais" no país, "se a situação económica não se resolver, se a perda do poder de compra se prolongar, se o desemprego, especialmente o desemprego qualificado, se agravar".

Um decreto assassino do 25 de Abril

Nem de propósito, ontem foi aprovado em conselho de Ministros o decreto de gestão das escolas, documento que é o coveiro da gestão democrática das escolas que existiu durante 34 anos. Extinguem-se as eleições de candidatos aos cargos educativos e abrem-se as portas á politização municipal das escolas: o director estará à mercê de um Conselho Geral e do Director Regional. Já não vai ser possível observar a acção de muitos CE que ocorreu este ano no que respeitou ao modelo de avaliação, porque o director pode ser sumariamente exonerado pelo director regional.
Para exercer cargos de responsabilidade de orientação educativa, foi argumentado a necessidade de dividir a carreira em duas categorias, dando aos titulares essa responsabilidade por serem mais experientes. Contudo, para exercer o cargo mais importante numa escola (a gestão), a titularidade não é condição sine qua non para o exercer. Este decreto é a melhor prova documental de que a divisão da carreira é puramente económica...

24/04/08

O 25 de Abril morreu

Como foi confirmado nos últimos 3 anos, os princípios políticos humanistas do 25 de Abril foram assassinados pela primazia do dinheiro e do lucro, tal como aconteceu antes do 25 de Abril.
Um exemplo concreto foi a aprovação do Tratado de Lisboa pelos governos europeus: nenhum auscultou por referendo quem tinha o direito de se pronunciar. Num golpe de teatro, alteram o nome do antigo tratado constitucional e impõem ditatorialmente um documento jurídico que afectam os cidadãos sem que estes pudessem exercer o direito democrático de aceitá-lo ou rejeitá-lo. Esta manobra politica é característica de uma ditadura e não de um regime idêntico ao que se queria com o 25 de Abril.
Como disse Lampedusa, "é preciso que algo mude para que tudo fique na mesma" : o poder continua a ser disputado exclusivamente por camadas elitistas da população que possuem mecanismos que impedem todos os outros cidadãos de poderem se candidatar a exercer esse poder. Tal e qual como acontecia na ditadura do Estado Novo e em todos os regimes políticos anteriores.

Salvar a mobilização

Os sindicatos, através dos jornais, veicularam o apelo ao boicote à eleição para o Conselho Geral por parte dos professores. Além de utópico, depois da sensação de traição, reforçada com noticias do último fim-de-semana, na maioria dos docentes não existe força anímica mobilizadora, como ficou demonstrado pela adesão aos protestos das segundas-feiras. Tal como foi utópico a esperança que tinha de um boicote ao concurso para titulares.
A plataforma sindical, com a sua agenda própria, vai ter muitas dificuldades em manter uma acção reivindicativa porque os docentes estão a preparar a adaptação ao novo modelo de trabalho, colocando-se estrategicamente numa posição de subserviência em relação aos seus novos chefes (coordenador de departamento/titular avaliador e director).

23/04/08

Aprender com os outros

Ruben trabalhava há pouco tempo numa emissora de rádio local, no Sul da Colômbia, quando fez um comentário a favor da libertação dos deputados do Valle, raptados pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). "Se soubesse as consequências que ia ter, jamais teria dito o que disse", contou ao DN.
(...) Primeiro foi obrigado a abandonar a rádio, depois a cidade - "Disseram-me que tinha de deixar a minha casa em 72 horas, caso contrário seria declarado alvo militar" - e finalmente o país, através da Venezuela. Não sem antes ser alvo de um atentado: duas balas disparadas de uma mota em movimento. "Sobrevivi por milagre", recorda o jovem de 28 anos, desde Outubro a viver em Portugal.
(...) Para aqueles que fogem da guerra civil não declarada na Colômbia e conseguem encontrar alguma paz em Portugal, arranjar emprego é a grande dificuldade. É o caso de Ruben, mas também de Juan (nome fictício) e da sua mulher, que vivem em Lisboa com o filho de quatro anos. O mais velho, de dez, ficou na Colômbia com a avó e a grande prioridade da família é que possa vir também. Antigo comerciante em Cali, Juan viveu ameaçado durante mais de um ano após denunciar um polícia corrupto. De nada adiantou mudar de casa, mudar de cidade ou procurar ajuda: era sempre encontrado - "quem é que se consegue esconder da polícia?" - e a resposta das autoridades era sempre negativa. A família sofreu três atentados até conseguirem sair do país, graças às economias que tinham.


Portugal e a Europa não caminham para o mesmo destino, se mantiverem a obsessão paranóica do capitalismo neoliberal, que contribui para a criminosa e continuada desigualdade social?

22/04/08

Desabafo

Segundo um último censo, 70% da classe docente é feminina. Sendo politicamente incorrecto, na verdade parte desta população escolhia esta profissão como uma forma de ter um trabalho remunerado, já que em termos económicos eram abastadas. Particularmente, conheço uma docente cujo cônjuge é profissional liberal, com rendimentos elevados, e portanto, evidencia bem os sinais exteriores de riqueza. Ironicamente, sempre se revelou uma socialista(!), de língua afiada e critica mordaz em governos sociais-democratas, que destilava vilipêndios em relação a determinadas decisões que comparativamente com este governo, eram inócuas. Quando surgiu um governo rosa, o espírito crítico evaporou-se miraculosamente, passando a língua afiada a destilar apoio incondicional ao novo triunviriato ministerial. Uma das atoardas que estes ouvidos sofreram, foi na alteração do ECD, nomeadamente ao artº 102º, afirmando peremptoriamente “que os professores eram uns parasitas e abusavam dos dias de férias durante o ano”. Isto dito por uma pessoa que apresentava atestado médico para ir passar férias pagas pelo emprego do marido para fora do país, que colocava a família em primeiro lugar para justificar a ausência a reuniões tardias ou nunca participar em actividades extracurriculares.
Também um pormenor importante, era a repulsa várias vezes verbalizada em relação a outra colega de grupo, que quando assumiu um cargo de gestão e a militância activa no PS, passou a confidente...
Obviamente que para este tipo de docentes, não lhes aquece ou arrefece as alterações remuneratórias, porque o salário docente basicamente serve para pagar as pulseiras. E assim, com o poder económico e as influências estabelecidas, este tipo de gente é aquele que pertence aos tais milhares que não mexeram uma palha até aos dias de hoje. Este tipo de pessoas revela bem o carácter de uma franja da população, que manobra consoante os interesses pessoais.
Ironicamente, é a luta dos íntegros que muda as aberrações atentatórias dos direitos sociais, mas que, num regime democrático, estas ‘barbies’ também usufruem sem correrem qualquer risco...

Off-ética

O ministério das Finanças confima aquilo que já há muito se suspeitava e que foi inclusivamente objecto de debate na Assembleia da República. O Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social é uma das entidades públicas com investimentos em off-shores. EXPRESSO

Esta crónica falta de ética dos dirigentes do Estado, é a persistente espada de Damocles sobre este país. Nenhum sector da economia sentirá censura social por recorrer a este sistema económico obscuro, porque o Estado, entidade que deveria exemplar no plano ético e moral, também o utiliza.
E daqui por 800 anos, se este país ainda não tiver sido engolido pelo cataclismo social, continuaremos a ter a mesma porcaria de dirigentes, enfermos de qualquer ethos...

Os sinais agudizam-se

Dominique Strauss-Kahn, director do FMI, disse recentemente o que já tanta gente anda a dizer há muito tempo: "Se os preços dos alimentos continuarem a subir, as consequências serão terríveis e sabemos que este tipo de questões às vezes acaba em guerra. Os sinais desta crise estão a multiplicar-se por todo o lado. Tem havido convulsões mais ou menos violentas em países como o Haiti, Costa do Marfim, Etiópia, Filipinas, Indonésia, Egipto, Bangladesh; os preços sobem - num só ano, o trigo aumentou 130%; a soja 87%; o arroz 74%; o milho 31%; os países inquietam-se - no Terceiro Mundo, principalmente; as pessoas não se conterão - as que são pobres, sobretudo. DN

Há anos que alerto para este desfecho: o continuado desequilíbrio material entre os seres humanos, com persistência na distribuição desigual dos recursos, vai levar a uma instabilidade e violências sociais.
Basicamente, é visceral: um ser humano se não tem meios de subsistir legitimamente, em acto de desespero, vai recorrer aos meios ilegítimos e violentos para suprir as suas necessidades básicas. Situação comum no tempo dos nossos antepassados.
Políticos, grupos económicos, empresas, contribuem largamente para as condições explosivas, simplesmente devido à ganância.
Quando nos confrontarmos com o facto da violência diária nos bater à porta, será tarde demais para qualquer solução, e só resta a lei da sobrevivência.
Cada vez mais nos aproximamos de um conflito bélico global.

O enterro

Sobre educação, não há nenhum comentário a dizer. Simplesmente assumo que a batalha foi perdida. Neste momento, preparo-me para a hipocrisia diária, de sorriso amarelo e muita anuência subserviente, e também para um futuro parco em perspectivas de melhoria sócio-económico-profissional. Os cumprimentos, os sorrisos, as conversas brejeiras, soa-me tudo a falso e forçado; ninguém quer arriscar a indispor os novos chefes indigitados nem a conversar sobre assuntos que possam provocar controvérsia ou divergência de opinião. Portanto, lambem-se as feridas, enterram-se os cadáveres (ECD, gestão escolar, nomeação, etc.), e enfrenta-se o novo mundo da sobrevivência do mais apto.
O que muitas vezes foi uma satisfação de partilhar um espaço com ambiente harmonioso, é agora uma atroz agonia e depressão quotidiana.

20/04/08

Pagar as favas das acções do vizinho

A febre dos portugueses pelos empréstimos bancários está a levar os banqueiros a endividarem-se no exterior, a aumentar as responsabilidades financeira do País e a fazer disparar o défice externo. Os cifrões são inimagináveis...
Os dinheiros em dívida e os compromissos do País no estrangeiro já ultrapassam os 148,7 mil milhões de euros, o equivalente a criação de riqueza em 11 meses de árduo trabalho dos portugueses (91,3% do PIB). Deste montante, as dívidas (compromissos) da banca portuguesa no estrangeiro já atingem os 91,6 mil milhões de euros, 56% da riqueza do País. DN

A esmagadora maioria dos portugueses desconhece que os verdadeiros proprietários dos bens nacionais (e individuais) são os bancos estrangeiros. Esta conjugação da factores foi a que levou ao colapso da Argentina há 6 anos atrás, do qual nunca recuperou; os bancos estrangeiros accionaram a cobrança das dívidas dos bancos argentinos, ficando estes sem liquidez e consequentemente do congelamento dos pagamentos bancários aos clientes individuais.
Com isto, milhões de argentinos perderam as poupanças de uma vida. Ironicamente, essa perda foi causada pelos outros milhões de argentinos que se endividaram para satisfazer o seu consumo. Ou seja, os indivíduos que geriram a sua vida com opções ponderadas foram prejudicados por aqueles que cederam à tentação do consumo, o que cinicamente, demonstra que não ser consumista não isenta o indivíduo de sofrer das más opções dos seus concidadãos. Este fenómeno demonstrou a importância da interrelação dos indivíduos numa sociedade.

As formas insidiosas de corrupção

Estado deu dois milhões de euros para ter Tiago Monteiro na F1
PÚBLICO

"Todas as garantias feitas à Jordan [2005] e à Midland [2006] foram apresentadas pelo actual Governo. Assumiu por escrito e assinou", garantiu Edmar Monteiro ao PÚBLICO, revelando ter recebido, logo após a tomada de posse deste executivo (12 de Março de 2005), o "apoio incondicional a este projecto, tanto do primeiro-ministro, como do ministro da Presidência [Pedro Silva Pereira] e do secretário de Estado do Desporto [Laurentino Dias]"
O verdadeiro problema de Portugal é a corrupção, contrariamente aos já gastos argumentos da competitividade e produtividade. A corrupção a todos os níveis e das formas mais encapotadas, depauperam a riqueza nacional, impedindo o bom funcionamento da administração pública e a manutenção dos serviços públicos, sujeitando a população à desigualdade social.
Só uma profunda alteração cultural, de probabilidade remota, é que alteraria o estado a que este pais chegou após 800 anos de corrupção activa.

Paranoia

Numa visita surpresa ao Hospital dos Covões (Centro Hospitalar de Coimbra), a Ordem dos Médicos (OM) diz ter detectado médicos ainda no período inicial de formação a atender doentes sozinhos, apesar de não o poderem fazer sem a supervisão de um médico sénior - uma situação que "é ilegal" e que, segundo o Conselho Nacional do Médico Interno, se vem generalizando.
(…)"Pensávamos que seria impensável: um interno tinha saído da faculdade há três meses, outro era um licenciado com 1,5 anos de prática. Como é que se pede a uma pessoa com três meses, que não pode passar receitas, que dê alta sem tutela?", critica Pedro Nunes.
(…) Rui de Melo Pato admite que o facto de estes médicos custarem menos ao hospital também pesa: "Não há nenhum conselho de administração que não tente optimizar meios de modo a fazer o melhor possível ao menor custo. Todos os cidadãos que pagam impostos agradecem.
(…) “A grande razão é a poupança. Oito euros à hora [valor que um interno recebe até ao 3º ano de internato] é fantástico para as administrações.” PÚBLICO

Será que o administrador numa situação de doença aguda aceitaria ser observado por um médico internista? Ou a sua família?
Desafio o administrador a questionar os utentes das urgências se eles agradecem serem atendidos com base numa lógica de poupança e por técnicos inexperientes; talvez tenha uma surpresa desagradável com as respostas que obteria…
A obsessão paranóica com o orçamento e o défice levou à degradação sócio-economica de várias classes profissionais, com evidentes prejuízos para os cidadãos. €8/hora para pagar a um profissional com milhares de horas de formação especializada e um investimento de milhares de euros? Perante estes valores qual o a credibilidade do argumento governamental de "melhor qualificação, melhores condições salariais"?

Como cidadão não aceito a desculpa da falta de dinheiro, num país que há 22 anos recebe dinheiro sem juros no valor de milhares de milhões de euros. Quando usam o argumento económico, simplesmente respondo: SEJAM MENOS CORRUPTOS!

A agenda sindical

“O contexto politico é complicado”, foi a afirmação de Mário Nogueira numa entrevista ao JN para justificar o não endurecimento das formas de luta. Esta afirmação veio confirmar que a agenda sindical é diferente da agenda dos profissionais: os factores políticos pesam na decisão sindical. Mas, para os professores, esses factores são irrelevantes e o que interessa são os factores profissionais.
Como já o disse, este era o momento único para encostar o ME às cordas porque não havia nada a perder; e quando não há nada a perder, é o melhor momento que existe para lutar até às últimas consequências.

19/04/08

'Obrigaram-me a ir para a rua gritar'

NÃO SOU ESQUIMÓ PARA ESTAR CONGELADO HÁ 10 ANOS!

A ESCOLA NÃO É UMA EMPRESA. O OBJECTIVO NÃO É OBTER LUCRO MAS FORMAR PESSOAS.

NÃO SOU SÓCIO DO ME PARA ESTAR SUJEITO A QUOTAS

ESTÃO AQUI OS PROFESSORES QUE PERDERAM O MEDO

O PRIMEIRO-MINISTRO TEM RAZÃO: NUNCA FIZEMOS AVALIAÇÃO…POR FAX…

SE A ESCOLA NÃO É UM CLUBE DE FUTEBOL, ENTÃO PORQUE EXISTEM PROFESSORES TITULARES E PROFESSORES SUPLENTES?!

Mas os gritos apenas ecoaram pelas ruas...

'Obrigaram-me a ir para a rua gritar'



O FUTURO DOS PROFESSORES SUPLENTES E DOS CONTRATADOS












O FUTURO DOS PROFESSORES TITULARES

18/04/08

Já comecei a comprar e armazenar muitas caixas de 'graxa'. Existem pessoas que gostam de ter os sapatos bem 'engraxados'...
Simultaneamente, acabou-se a discordância e a controvérsia: surgiu uma unanimidade paradisiaca com tudo o que se afirma.

Vozes discordantes

Caro Colega.
Peço que colabore com a iniciativa da escola onde lecciono este ano, com a divulgação da informação que se segue:Reunidos em assembleia, os professores da Escola D. Afonso Sanches, após uma análise pormenorizada do Memorando de Entendimento entre a Plataforma Sindical e o Ministério da Educação, são de opinião que o mesmo não satisfaz as reivindicações dos docentes recentemente expressas na Marcha da Indignação do dia 8 de Março.
Os professores desta assembleia tomaram a iniciativa de divulgar a presente tomada de posição, de modo a que todos os interessados a possam subscrever. Para isso foi criada uma petição online, que pode ser acedida através do endereço a seguir:
O apelo para a suspensão da aplicação do novo modelo de avaliação, que se anexa a essa petição, pode ser obtido em:
Não deixe de divulgar a petição!
Cumprimentos.
Nuno Pereira

A partir de Setembro, nova metodologia lectiva

Com alguns parâmetros do modelo de avaliação de desempenho docente, o que interessa é 'dar nas vistas', andar 'nas bocas do mundo'. Para acabar com as imagens chocantes de alunos a serem torturados nas salas de aulas, está a surgir uma nova geração de professores artistas com métodos de ensino do século XXI em que as aulas passam a ser shows e os alunos turmas de fãs. Porque um bom professor tem de ser um palhaço...!

17/04/08

A única saída

O presidente do Agrupamento de Escolas de Castelo Branco, Joaquim Abrantes, manifestou-se ontem preocupado com a avaliação final dos alunos, face ao número de professores que está a pedir a passagem à reforma em pleno ano lectivo. Sete professores do segundo ciclo já pediram a passagem à reforma e outros 14 estão a preparar o processo. Segundo o presidente, o corpo docente do segundo ciclo tem uma média de idade entre os 50 e os 60 anos, tratando-se de professores que podem já reformar-se. Face a esta situação, o agrupamento vai ter que contratar novos docentes, fazendo contratos temporários.
Os professores titulares, perante o modelo da avaliação apresentado, foram totalmente surpreendidos, num momento em que ainda não tinham sido atingidos penosamente. Com o modelo, a carga horária de trabalho aumenta vertiginosamente, são obrigados a executar uma tarefa com pessoas que habitualmente trabalhavam em parceria e que agora tinham de abandonar esse método de trabalho, vislumbram um possível isolamento laboral inerente à condição de avaliadores, adivinharam tempos de conflitualidade latente e regular derivado da sua função de avaliadores de outros colegas.
Perante esta avalanche só tinham 3 alternativas:
- aceitar resignadamente a sua nova posição laboral desconfortável
- boicotar o sistema em prol da manutenção de um bom ambiente de trabalho e como protesto contra o modelo
- solicitar a reforma antecipada, mesmo que com penalização financeira.

O discernimento levou a maioria a escolher a última opção.

É preciso ter 'lata'

Em 1998 gastou-se milhões de euros a construir uma estação de comboios que se veio a chamar Oriente. Com o tempo concluiu-se que tinha erros de concepção; dez anos depois o Governo adjudica uma obra no valor de €86 milhões para requalificar a estação. E quem escolhe para o projecto? O mesmo arquitecto que concebeu a estação, que muito naturalmente admitiu perante as câmaras de televisão os erros de concepção. O PM e ministro lá estavam todos sorridentes como se nada fosse, a assinar um contrato que vai enchar a conta bancária pela segunda vez do arquitecto que mostrou incompetência a conceber projectos.
No reinado de Santana Lopes, gastam-se €3 milhões para elaborar um projecto e uma maquete para a zona do parque Meyer. No reinado António Costa, fica tudo cancelado.

Estou agastado com as formas cada vez mais originais e descaradas de roubar e desbaratar o orçamento de Estado, que depois todos pagamos com a extinção de serviços.

Assumir as divergências

Na blogosfera, exista quem defenda a plataforma sindical invocando que era o possível que podia ser feito, como por exemplo o conhecido A Educação do meu Umbigo
Neste momento o possível não chega; os sindicatos tinham de ter a coragem de endurecer a luta, porque nada de pior iria aparecer; o que é que de pior os professores iriam encontrar se não existisse entendimento?
Com o mandato da unanimidade docente conferido em 8 de Março, a plataforma tinha todas as condições para encostar o ME às cordas, tal como foi feito nos tempos idos de 1989 (também com maioria absoluta), e se necessário, recorrer às formas de luta mais duras. A preocupação com a opinião pública é uma falácia porque nunca esteve do lado dos docentes, sendo esse um dos motivos porque mobilizou quase toda a classe. Apesar dos contornos politicos, é um conflito laboral, e não se pode estar preocupado com o que terceiros pensam sobre a situação.
Com este entendimento, 2/3 dos profs ficam na mesma (com umas ligeiras melhorias do trabalho docente no estabelecimento), o boicote das escolas foi infrutífero, o modelo da avaliação é exactamente o mesmo bem como o ECD, os professores titulares têm perspectivas de melhorar as suas condições de trabalho e remuneratórias, estando criado o combustível para atear a fogueira.
Daqui as uns meses já não existe mobilização para os sindicatos reivindicarem a negociação dos aspectos não negociados, porque os professores entretanto arrepiaram caminho e adaptaram-se às circunstâncias.

Ouve o que digo

Ontem vi um debate sobre a situação económica mundial com 4 prelectores: um dirigente sindical, um empresário conhecido mediaticamente e dois ex-governantes. Acho muito interessante as opiniões que defendem de aspectos que afectam o comum de cidadãos, nomeadamente a:
- flexibilização laboral,
- a endeusada competitividade como justificativa da necessária precariedade laboral,
- os baixos salários para as empresas poderem aguentar a crise económica
- a diminuição dos direitos sociais (os diversos subsídios, pensões de reforma, etc.)

Acho interessante porque:
- nenhum deles está em precariedade de trabalho nem se sujeitaria a tal,
- alguns já têm pensões de reforma chorudas e ainda ocupam lugares de trabalho,
- não têm baixos salários,
- não se sujeitaram à perca dos direitos sociais.

Nem eles e nem os que vivem com eles; assim, é muito fácil emitir opiniões sobre decisões que afectam negativamente os outros, tal como é fácil ser primeiro-ministro ou ministro e tomar decisões que jamais os afectarão pessoalmente...

Vilipendiados ou cuspidos




Estes são os 3 indivíduos mais procurados na Educação.
São considerados os mais perigosos terroristas sociais na actualidade porque recentemente usaram reféns para pedirem um resgaste laboral. A chantagem que exerceram, de forma abjecta e ignóbil, implicava colocarem os reféns (contratados) em situação sócio-económica dramática. Os chantageados (sindicatos), em vez de não negociarem com terroristas como é apanágio do protocolo neste tipo de situações, cederam ao seu humanismo, e pagaram o resgaste.
Apenas pelo seu humanismo, não corto definitivamente com o movimento sindical, mas fiquei extremamente desiludido e preocupado pelo precedente aberto.
Contudo, é divulgado a identidade dos terroristas a toda a população, para quando os encontrarem lhes cuspirem em cima ou vilipendiarem, o mínimo que merecem por revelarem o seu carácter desumano.

16/04/08

Na corda bamba

O pior que podia acontecer era ficar com esta sensação de estar na corda bamba: concordar parcialmente com o entendimento dos sindicatos. Em função do que aconteceu nos 2 últimos anos, soube a pouco.
No meio disto tudo, o ME é sempre o vencedor.
Os sindicatos podem ter argumentos válidos e até uma estratégia que não podem revelar, mas é dificil discordar desta análise:

PUBLICO
16.04.2008, Santana Castilho

É verdade que os sindicatos ganharam uns trocos. Mas o lance era para devolução integral: da dignidade perdida

Comecemos por uma questão semântica: entendimento e acordo são vocábulos sem diferenças, do ponto de vista da significação, que justifiquem o esforço da Plataforma Sindical para os distinguir. Vão a um bom dicionário. No contexto que "aproximou" sindicatos e ministério, são sinónimos. Mas se essa fosse a questão, então capitular dirimia o conflito. E não estou a ser irónico. Voltem a um bom dicionário.Posto isto, passemos ao que importa. ministério e sindicatos acertaram, concertaram sob determinadas condições. No fim, os sindicatos cantaram vitória. Permitam-me que invoque alguns argumentos para desejar que os sindicatos não voltem a ter outra vitória como esta.A actuação política deste Governo e desta ministra produziu diplomas (estatuto de carreira, avaliação do desempenho, gestão das escolas e estatuto do aluno) que envergonham aquisições civilizacionais mínimas da nossa sociedade. A rede propagandística que montaram procurou denegrir os professores por forma antes inimaginável. Cortar, vergar, fechar foram desígnios que os obcecaram. Reduziram salários e escravizaram com trabalho inútil. Burocratizaram criminosamente. Secaram o interior, fechando escolas aos milhares. Manipularam estatísticas. Abandalharam o ensino com a ânsia de diminuir o insucesso. Chamaram profissional a uma espécie de ensino cuja missão é reter na escola, a qualquer preço, os jovens que a abandonavam precocemente. Contrataram crianças para promover produtos inúteis. Aliciaram pais com a mistificação da escola a tempo inteiro ( que sociedade é esta em que os pais não têm tempo para estar com os filhos? Em que crianças passam 39 horas por semana encerradas numa escola e se aponta como progresso reproduzir o esquema no secundário, mas elevando a fasquia para as 50 horas?). Foram desumanos com professores nas vascas da morte e usaram e deitaram fora milhares de professores doentes (depois de garantir no Parlamento que não o fariam). Promoveram a maior iniquidade de que guardo recordação com o deplorável concurso de titulares. Enganaram miseravelmente os jovens candidatos a professores e avacalharam as instituições de ensino superior com a prova de acesso à profissão. Perseguiram. Chamaram a polícia. Incitaram e premiaram a bufaria. Desrespeitaram impunemente a lei que eles próprios produziram. Driblaram as leis fundamentais do país. Com grande despudor político, passaram sem mossa por sucessivas condenações em tribunais. Fizeram da imposição norma e desrespeitaram continuadamente a negociação sindical. Reduziram a metade os gastos com a Educação, por referência ao PIB. No que era essencial, no que aumentaria a qualidade do ensino, não tocaram, a não ser, uma vez mais, para cortar e diminuir a exigência e castrar o que faz pensar e questionar. A questão que se põe é esta: por que razão esta gente, que tanto mal tem feito ao país e à Escola, que odeia os professores, que espezinhou qualquer discussão ou concertação séria, que sempre permaneceu irredutível na sua arrogância de quero, posso e mando, de repente, decidiu "aproximar-se" dos sindicatos? A resposta é evidente: porque os 100.000 professores na rua, a 8 de Março, provocaram danos. Porque a campanha eleitoral começou a reparar os estragos para garantir mais quatro anos. O tempo e a oportunidade política da plataforma sindical aconselhava uma firmeza que claudicou. Porque quem estava em posição de impor contemporizou. Porque de um dia para o outro se esqueceram as exigências da véspera. Porque quem demandou a lei em tribunal pactuou com uma farsa legal. Porque quem acusou de chantagem acabou a negociar com o chantagista. Porque quem teve nos braços uma unidade de professores nunca vista pensou pouco sobre os riscos de a pôr em causa. É verdade que os sindicatos ganharam uns trocos. Mas o lance não era para trocos. Era para devolução integral: da dignidade perdida. Aqui chegados, permitam-me a achega: pior que isto é não serem capazes de superar isto. E lembrem-se de Pirro, quando agradeceu a felicitação pela vitória: " Mais uma vitória como esta e estou perdido".

Professor do ensino superior

Até os alunos compreendem

Esta semana numa aula de uma turma do secundário, surgiu a dúvida sobre um tema da genética e um aluno comentou que a profª de Filosofia provavelmente se tinha enganado ao explicar o tema. Na discussão gerada um aluno afirmou:”A stora não é fixe”. Intuitivamente compreendi no imediato onde o aluno queria chegar e aproveitei para dissecar a afirmação. No final, o aluno anuiu que avaliou a profª de acordo com a sua maneira de ser, a sua personalidade e não com a sua competência técnica. Com esta maêutica, aproveitei para explicar os motivos pelos quais os profs estão revoltados com este modelo de avaliação: é que ele abre portas a uma avaliação com base na personalidade e na opinião. Quando questionei se consideravam essa avaliação adequada aos alunos, todos em uníssono responderam que seria uma injustiça.

15/04/08

Na prática, tudo na mesma...

A manif do dia 8 de Março conferiu uma mais-valia negocial para enfrentar o autoritarismo ministerial. Podem existir argumentos válidos para obter um entendimento, mas garantidamente o modelo de avaliação mantém-se tal como foi proposto e vai ser implementado durante um ano. Duvido que os que saíram à rua se sintam satisfeitos por servirem de cobaias.
A exigência da plataforma era aplicar a moção que levaram à manif: negociação do modelo de avaliação e do ECD. Se o ME se mantivesse irredutível, o caminho era o endurecimento das formas de luta, e para isso faria sentido o dia D; é preciso assumir que os docentes estão em guerra laboral com este ME, portanto, ou existe um armsticio (com a consequente negociação em que ambas as partes cedem) ou a luta tem de perdurar.
A plataforma sindical não capitalizou convenientemente a adesão maciça dos docentes, por razões que não consigo discernir. Mas perdeu capital para novas formas de luta a médio prazo, com prejuízo para 2/3 dos professores, os que vão ficar às portas das redes das quotas durante anos...

Lá fora, a união é transversal

EXPRESSO

40 anos depois de Maio de 68
Estudantes manifestam-se com os pais em Paris


Os estudantes liceais franceses radicalizam os protestos contra a supressão de postos de professores mas manifestam-se esta tarde acompanhados pelos pais e educadores.

Daniel do Rosário, correspondente em Paris


Milhares de estudantes liceais franceses, acompanhados pelos pais e professores, manifestam-se de novo esta terça-feira em toda a França contra o projecto do governo de suprimir 11.200 postos de professores no próximo ano lectivo.
40 anos depois da revolta de Maio de 68, quando os estudantes bloquearam a França durante um mês, os alunos do secundário radicalizaram o movimento iniciado há algumas semanas.
Nas manifestações dos últimos dias verificaram-se alguns incidentes no decorrer dos desfiles e diversos liceus e colégios continuam ocupados pelos estudantes na região de Paris. Mas as reivindicações dos alunos são completamente diferentes das de há quarenta anos, quando os estudantes contestavam, através de autênticas cenas de guerrilha urbana, a ordem e a autoridade, incluindo as dos pais e dos professores. Hoje, os estudantes pedem mais professores, melhor qualidade do ensino, mais vigilantes e maior segurança nas escolas.
Determinadas e muito mobilizadas, as associações estudantis e de pais, bem como os sindicatos de professores, marcaram já novas manifestações para os próximos dias. Para o desfile desta tarde em Paris, que devera mobilizar mais de 20 mil manifestantes, as autoridades aconselharam os comerciantes das zonas por onde vai passar o cortejo a fecharem os estabelecimentos.
A oposição socialista acusou o governo de ter instalado "uma lógica de braço-de-ferro" com os estudantes que poderá, a prazo, cair num "perigoso apodrecimento" da situação. O ministério da educação garantiu estar aberto ao dialogo com os organismos representativos do sector, mas mantém a intenção de levar por diante o plano de diminuição de professores dizendo que o projecto "não tem incidência na qualidade do ensino".

Os protestos na TVI

Foi a única estação televisiva a cobrir os protestos:

http://www.tvi.iol.pt/informacao/noticia.php?id=940079#
(carregar no link "Video" ao lado da fotografia)

O número de profs avançado está subestimado em função da massa humana que se prolongava pela Avenida dos Aliados acima.

14/04/08

Afluência ignorada

Obtive em directo a informação que existiu uma grande afluência de profs ao protesto no Porto.

Contudo, nem uma virgula na comunicação social, o que indica que para eles já foi chão que deu uva.
Apesar de estar muito, muito apreensivo com os níveis de adesão, fui surpreendido.
Talvez o efeito se repercuta nas próximas 2ª-Feiras.

13/04/08

Inglês obtido nas Novas Oportunidades

http://www.youtube.com/watch?v=FQt-h753jHI&feature=bz303

Dividir para reinar

Aquilo que eu temia aconteceu: o ME está a seduzir os titulares com redução de horário e outros rebuçados. Verdade seja dita, os nossos colegas titulares estiveram pouco interventivos porque sentiam que as mudanças não os afectavam muito, até ao momento em que se confrontaram com o método de avaliação proposto. Se o ME os conquistar, perdeu-se a batalha, mas eles pagarão um preço caro, porque vão lentamente ser ostracizados pelos colegas subordinados e vão entrar numa era de conflito regular.
Como disse um futuro avaliador, existe um grupo que vai ser altamente beneficiado com este ECD: os advogados...

Vitória?!

No judo existe uma técnica denominada Kuzushi, que essencialmente é uma técnica de sacrifício aparente: o atacado sacrifica o seu equilíbrio, iludindo o atacante que está a ser dominado, para aproveitar a energia do oponente projectando-o.
Este entendimento/acordo sobre uma minudência foi um Kuzushi do ME à plataforma sindical, porque continua o mesmo modelo de avaliação com os mesmos parâmetros, mantendo os absurdos.
Além disso são mantidos os absurdos do ECD com todas as consequências socio-económicas gravosas.
Vitória? Foi...uma vitória de Pirro...

12/04/08

Maioria absoluta, jamais!

Antigos chefes militares dizem ter o "dever de falar" em público
MANUEL CARLOS FREIRE - DN

Um dos 'capitães de Abril' afirma que autor da proposta "tem visões"

Os militares reformados, em especial se tiverem exercido cargos de chefia, têm o dever de transmitir publicamente as suas posições sobre questões que entendam ser do interesse da nação, defenderam ontem altas patentes na reforma, ouvidas sobre a proposta do novo Regulamento de Disciplina Militar (RDM) pelo DN.
O general Martins Barrento, ex-comandante do Exército e co-autor de textos críticos sobre as políticas do sector publicados pela Revista Militar, disse ser "muito estranho" alargar a restrição da liberdade de expressão aos militares reformados e reservistas. "Um dos problemas que referi [na revista] foi o da pouca sensibilidade para os assuntos militares. Se a proposta for para a frente, isso só me dá razão", observou.
O general Garcia Leandro, ex-governador de Macau e actual presidente do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo, disse que é "a consciência de cidadãos" que leva antigos responsáveis militares a tomar posições públicas. "Não conheço países no mundo onde oficiais aposentados e com uma longa carreira de serviço à Nação e ao Estado não possam transmitir as suas opiniões", assinalou.
O vice-almirante Reis Rodrigues, autor de um site na Net dedicado às questões de Defesa e Segurança, deu o exemplo do chefe militar que discorda das opções da tutela e se demite, até por questões de consciência: ele "tem o dever, quase a obrigação", de dar a conhecer as razões da sua decisão, frisou. "A lealdade não é só com os responsáveis das instituições do Estado [que mudam], mas com o próprio Estado. Se sujeitam os militares na reforma às mesmas regras dos do activo, coarcta-se um direito", disse. O general Silvestre Santos, da Força Aérea, considerou estar-se perante "uma maneira perversa de não deixar falar" os militares reservistas e reformados. "Se for preciso alterar as leis para isso, fazem-no. Só não podem mudar a Constituição", adiantou o militar.
Num tom cáustico, o coronel Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de Abril, reagiu com ironia: "Deve haver alguém com visões. Vou-me fartar de rir se alguém quiser aplicar-me o RDM, por muitas estrelas que tenha em cima". O novo RDM prevê que os militares na reserva, reforma ou inactividade temporária fiquem sob a mesma regra de silêncio sobre a instituição militar que se aplica a quem está no activo. Em caso de incumprimento, os militares são sujeitos a sanções disciplinares.


A conclusão é definitiva, não necessito de mais nenhuma prova ou método experimental: em Portugal não existe maturidade política e cultural para ser governado por um governo de maioria absoluta.
Os tiques autoritários tornam-se comportamentos desviantes da democracia, e esta intenção revela a tentativa de calar as vozes criticas e de pensamento livre, inclusivé aquelas que já perderam o vinculo profissional do dever e lealdade.
No 1º governo de maioria absoluta, também existiram as mesmas tentativas e mudando a cor politica, repete-se o processo, o que significa que a ideologia não influencia o comportamento tirânico.
A maior vitória que o povo português pode ter em 2009, é não existir maioria absoluta.

11/04/08

Uma reflexão recebida por e-mail

Já que muitos jornalistas e comentadores defendem e compreendem o modelo proposto para a avaliação dos docentes, estranho que, por analogia, não o apliquem a outras profissões (médicos, enfermeiros, juízes, etc). Se é suposto compreenderem o que está em causa e as virtualidades deste modelo, vamos imaginar a sua aplicação a uma outra profissão, os médicos. A carreira seria dividida em duas: médico titular (a que apenas um terço dos profissionais poderia aspirar) e médico. A avaliação seria feita pelos pares e pelo director de serviços. Assim, o médico titular teria de assistir a três sessões de consultas, por ano, dos seus subordinados, verificar o diagnóstico, tratamento e prescrição de todos os pacientes observados. Avaliaria também um portefólio com o registo de todos os doentes a cargo do médico a avaliar, com todos os planos de acção, tratamentos e respectiva análise relativa aos pacientes. O médico teria de estabelecer, anualmente os seus objectivos: doentes a tratar, a curar, etc. A morte de qualquer paciente, ainda que por razões alheias à acção médica, seria penalizadora para o clínico, bem como todos os casos de insucesso na cura, ainda que grande parte dos doentes sofresse de doença incurável, ou terminal. Seriam avaliados da mesma forma todos os clínicos, quer a sua especialidade fosse oncologia, nefrologia ou cirurgia estética... Poder-se-ia estabelecer a analogia completa, mas penso que os nossos 'especialistas' na área da educação não terão dificuldade em levar o exercício até ao fim. A questão é saber se consideram aceitável o modelo? Caso a resposta seja afirmativa, então porque não aplicar o mesmo, tão virtuoso, a todas as profissões?

10/04/08

Os sinais já começaram a surgir

Preços dos alimentos estão a causar conflitos
LUÍS NAVES - DN

Vários países mergulham no caos devido a protestos

Violentos motins causados pelo aumento dos preços dos alimentos estão a provocar o caos no Haiti. Os tumultos já duram há uma semana e provocaram até agora pelo menos 5 mortos e 40 feridos. A situação agravou-se ontem, quando manifestantes tentaram atacar o palácio presidencial, em Port-au-Prince. Forças da ONU dispararam balas de borracha para dispersar a multidão e o Brasil, que comanda a missão das Nações Unidas, já enviou comida de emergência.O Haiti é apenas um dos países afectados por um problema que se agrava em cada dia que passa: o aumento mundial dos preços dos alimentos, fenómeno complexo que ameaça a estabilidade de regiões pobres e centenas de milhões de vidas.Os preços mundiais estão a aumentar há três anos. Só o custo do trigo, por exemplo, subiu 181% em 36 meses. As razões são diversas, mas estão sobretudo relacionadas com mudanças no consumo e com o petróleo caro. O aumento do preço da energia torna os fertilizantes mais dispendiosos e o transporte mais caro. Também estimula a produção de biocombustíveis (por exemplo, à base de milho, girassol ou soja), que por sua vez, desequilibram a oferta de rações para animais.A isto somam-se alterações climáticas, que não têm impacto nas produções mundiais, mas podem ser catastróficas a nível regional.Ontem, em Nova Deli, Jacques Diouf, o director-geral da FAO (a agência da ONU para a alimentação) fez um novo alerta para o problema do aumento dos preços e os respectivos efeitos na alimentação dos mais pobres. "Os preços subiram 45% nos últimos nove meses e há uma séria falta de arroz, trigo e milho", disse Diouf.As organizações internacionais, como a FAO ou o Banco Mundial, têm alertado para a questão. Além do Haiti, já houve incidentes no Egipto (anteontem morreu um jovem durante uma manifestação provocada pelos preços elevados da comida), na Costa do Marfim, Camarões, Bolívia, México ou Iémen, entre muitos outros.A crise alimentar atinge 36 países, segundo a FAO, não apenas pelo aumento dos preços dos alimentos, mas por efeitos regionais, tais como secas, inundações, conflitos políticos ou dificuldades de pós-conflitos. A Suazilândia ou o Lesotho, por exemplo, estão em seca há vários anos. O Zimbabwe mergulhou em profunda crise política. A respectiva situação alimentar é de "faltas excepcionais" de alimentos.Na Ásia, a situação mais grave é no Iraque, onde há milhões de deslocados, mas também no Afeganistão ou na Coreia do Norte. A insegurança alimentar (situação menos séria do que a anterior) afecta países muito populosos, tais como República Democrática do Congo, Quénia, Etiópia, Paquistão, Indonésia ou ainda Bolívia, entre outros.A população mundial aumenta entre 50 milhões e 70 milhões de pessoas em cada ano. Isto está a provocar uma forte pressão sobre a terra arável disponível. Enquanto os países mais ricos, como os da União Europeia ou os Estados Unidos, estão há duas décadas a reduzir os espaços agrícolas; outros, como China, Índia ou Brasil tendem a aumentar as terras aráveis, causando maior erosão dos solos.O enriquecimento de alguns países também tem impacto. Em 1980, o consumo per capita de carne, na China, era de 20 quilos; agora é de 50 quilos. Mas, nos países mais pobres do mundo, um quarto da população gasta 70% a 80% do seu rendimento em comida. São estes países que mais sofrem com a inflação internacional.Um dos Objectivos do Milénio, proclamados pela ONU com meta até 2015, era o de erradicar a pobreza extrema e a fome. As razões para o aumentos extraordinário dos preços dos alimentos não vão desaparecer tão cedo e o objectivo parece comprometido. As grandes fomes do passado foram provocadas por conflitos ou falhanços catastróficos de colheitas. A actual situação de subida muito rápida e acentuada de preços mundiais é inédita, dada a extensão do comércio internacional. As consequências são uma incógnita.

Há vários anos que os mais clarividentes vêm alertando para o início de uma situação idêntica. A principal causa de todos os problemas ambientais e de desigual distribuição de recursos não foi e nem é combatida: o aumento exponencial e ininterrupto da população humana. O planeta é um sistema fechado e como tal, possui recursos naturais limitados em quantidade, que só satisfazem um determinado número de indivíduos de cada espécie. Como os estudos de Malthus demonstraram no séc. XVIII (e a partir dos quais Darwin idealizou a teoria da selecção natural) quando a quantidade de indivíduos de uma espécie ultrapassa a quantidade de recursos disponíveis, a taxa de mortalidade aumenta inevitavelmente.
Há 12 anos atrás já existiam cientistas a alertar para as consequências ambientais catastróficas, no caso da China e da India aumentarem o seu nível de vida e não evitarem o aumento das suas populações.
Adicionando o aumento demográfico com as alterações climáticas, estão criadas as condições para a catástrofe, que contrariamente ao que é afirmado no final da notícia, não é uma incógnita: motins, revoltas sociais, fome, aumento da violência e criminalidade, a 3ª guerra mundial…

Um camelo valioso

Dubai crown prince buys camel for record $2.7 million
Mon Apr 7, 4:13 PM ET


The crown prince of the United Arab Emirates of Dubai has bought a female camel for a record 2.72 million dollars, an organiser at a camel beauty pageant said on Monday.
Sheikh Hamdan bin Mohammed bin Rashed al-Maktoum "bought camels... worth 16.5 million dirhams (4.49 million dollars), including a female camel... for 10 million dirhams (2.72 million dollars)," Hamad bin Kardoum al-Amiri said.

Como vivemos num planeta em que toda a população humana vive com qualidade de vida, então podem ocorrer estes ‘pequenos’ luxos; torna-se irrelevante considerar que o preço deste camelo equivale a 100 anos de salário anual de uma família de classe média...

Qual o espanto do aparecimento de extremismos e fundamentalismos ideológicos fomentados por estas imoralidades sociais?

Com esta equidade social, até Cristo ficaria embaraçado de vergonha...

A mentalidade cultural portuguesa

Batalha de La Lys
jornal PÚBLICO (09/04/2008)

(...) Em Agosto de 1914, o Governo republicano de Afonso Costa considerou que a intervenção militar portuguesa na Grande Guerra seria a solução para os problemas e divisões internas do país. Pensou também que essa intervenção iria dar a Portugal um lugar à mesa das negociações do pós-guerra, entre as potências vencedoras. Por isso, fez tudo para que Portugal pudesse ir ajudar os ingleses, apesar de todos os esforços destes para que as tropas portuguesas ficassem em casa.
Fardas de Verão no Inverno
Desde o treino militar especial em Tancos, até ao embarque em Lisboa, tudo foi feito de forma precipitada e deficiente.Em Janeiro de 1917, cerca de 55 mil jovens provenientes das zonas rurais, quase analfabetos na sua maioria, partiram do cais de Alcântara (a maior parte nunca tinha visto Lisboa) de barco para Brest, em França. Após uma viagem em que escasseavam os alimentos e a higiene, o CEP viajou logo a seguir de comboio para a Flandres. Chegados ao destino, tiveram de caminhar cerca de 30 quilómetros, carregados com todo o equipamento de campanha, até aos seus locais de acantonamento. Era o Inverno mais frio dos últimos anos na região, e as fardas dos portugueses eram de Verão. As botas eram de couro de má qualidade, não impermeável à chuva e à neve, os capacetes de ferro eram muito pesados e pouco eficazes na protecção, e a "mescla" das camisolas não protegia do frio. As tendas eram insuficientes para todos e as mantas de dormir ficavam empapadas na lama e na neve.A falta de hábitos de higiene propiciou o alastrar das doenças e dos piolhos, sarna e outros parasitas.Além disso, o armamento era insuficiente e inapropriado, e ninguém tinha recebido treino adequado para a guerra das trincheiras.É verdade que, com a falta de disciplina e de organização, os "praças" portugueses desobedeciam às ordens dos superiores, não permaneciam nos lugares que lhes estavam destinados, não cumpriam as regras e os procedimentos de segurança, para exasperação dos comandantes ingleses.É verdade que, furiosos com as más condições e com as diferenças de tratamento entre os soldados e os oficiais, muitas vezes os portugueses se sublevaram, se esconderam ou fugiram.É verdade que, com o frio, os portugueses roubavam roupas aos militares ingleses e às populações das aldeias.

Um exemplo concreto da típica cultura portuguesa:

- exploração dos mais fracos e mais pobres
- para um politico é muito fácil enviar os filhos dos outros para a guerra como meio de satisfazer os seus interesses políticos
- a desigualdade entre as elites (oficiais) e o povo (soldados): uns tinham a roupa, comida e alojamento e os outros népias.


Um relato do inicio do séc.XX; alguma coisa mudou?

Como funciona a Bolsa de acções

Para o cidadão comum não é fácil compreender o funcionamento da Bolsa de acções, mas é este tipo de economia virtual que comanda o mundo e muitas vezes a responsável pelas mais graves crises económicas. Nesta economia, a especulação domina, independentemente de como está a funcionar a economia real (aquela onde se transaccionam mercadorias).
Eis um exemplo de como se ganha uma pipa de massa só utilizando e manipulando informação:

Insider trading confirmado na dona da Airbus
09.04.2008 - PÚBLICO

Os principais gestores e os accionistas de referência da EADS (que controla a Airbus) tiveram conhecimento, em Junho de 2005, dos problemas que a construtora estava a enfrentar e tiveram tempo suficiente para se desfazerem de acções antes que a divulgação pública dos atrasos na montagem do A380 derretessem o valor dos títulos em bolsa - cerca de um ano depois.Estas são as conclusões da investigação conduzida pela Autoridade dos Mercados Financeiros de França ao caso de insider trading na companhia aeronáutica, avançadas pelo Mediapart, um canal de notícias on-line, em França. Quando os atrasos na entrega do gigante dos ares da Airbus foram conhecidos, as acções da companhia sofreram uma forte penalização em bolsa e abriram uma frente de problemas na companhia, que obrigaram mesmo à alteração da liderança. O avião acabou por chegar aos seus primeiros clientes com mais de um ano de atraso em relação ao previsto

09/04/08

A vitória da repressão e da intimidação

“Etelvino Rodrigues, porta-voz dos 40 presidentes de conselhos executivos (CE) de escolas do distrito de Coimbra que ontem se reuniram para decidir o que fazer sobre a avaliação dos professores, assegura que "não houve capitulação". Mas admite que a possibilidade de os membros de aqueles órgãos serem alvos de processos disciplinares "foi determinante" para a decisão de avançarem com a avaliação e a classificação dos colegas que se encontram com contrato. "Temos de cumprir a lei", justificou.
No encontro, que decorreu em Coimbra, a possibilidade de demissão chegou a ser ponderada, mas só "três ou quatro" presidentes de CE se disponibilizaram para recorrer a uma medida tão drástica para fazer frente ao actual modelo de avaliação, que todos contestam. E, afastada aquela estratégia, não havia alternativa à sua aplicação, sustentaram vários participantes. "Nos termos da lei, tornamo-nos alvos de processos disciplinares se não avançarmos com a avaliação; por outro lado, qualquer professor contratado que, para o ano, não veja o seu contrato renovado por não ter sido avaliado pode vir a pedir a nossa responsabilização", explicou Etelvino Rodrigues.
(...)"Não somos heróis...", desabafava um dos participantes, no final da reunião.”

PÚBLICO, 09/04/2008

Eu compreendo e tolero esta atitude dos CE, mas a alternativa é impensável: não existe liberdade. A repressão e intimidação resultaram, a chantagem ignóbil usando a vida pessoal de pessoas é criminosa (o que revela o carácter do triunviriato ministerial), e é uma ilusão cada um pensar que é livre, pois é uma liberdade condicionada (restringida pelos limites de não incomodarmos as elites e o poder instalado por elas).
Analisando, concluo que o poder mesmo em democracia é autocrático; a atitude adequada a esta intransigência era a demissão em bloco das centenas ou milhares de CE.
Realmente não há heróis, mas existem escravos?

05/04/08

A infiltração chinesa

O que tinha vaticinado há uns meses aconteceu: vão aumentar o horário semanal de trabalho até 50 horas!
Obviamente que o sector privado também vai levar no lombo, porque o código do trabalho de certeza que vai incluir essa alteração. O que é extraordinariamente irónico, é que esta mudança é introduzida por pessoas que advogam o socialismo, o modelo politico que sempre defendeu a implementação das 35 horas/semanais, e da introdução de leis que impedissem a exploração laboral. Outra ironia, é o apoio de sindicatos afectos à área socialista e de esquerda que assinam este acordo, numa asquerosa promiscuidade entre politica partidária e sindicalismo.

Definitivamente, o obituário do socialismo e da esquerda está assumido, e o coveiro foi o próprio socialismo, num suicidio que colocou todos à mercê do capitalismo neoliberal; qual será a motivação psicológica dos dirigentes que implementam sistemas dos quais conhecem as profundas desigualdades e injustiças que acarretam? Como podem argumentar que são os sitemas que promovem sociedades harmoniosas, pacificas e felizes? Porque está a ocorrer um retrocesso civilazacional, com a implementação de normas que existiam na época da revolução industrial?

O que é garantido é que, com pezinhos de lã, lá vão introduzindo o modelo chinês…

Governo garante 35 horas semanais como duração média do trabalho durante um ano para os contratos no Estado
05.04.2008, Sérgio Aníbal - PÚBLICO

A proposta para o novo regime de contrato de trabalho em funções públicas começa a ser discutida com os sindicatos nas próximas semanas

O secretário de Estado da Administração Pública garantiu ontem que o Governo pretende manter as 35 horas semanais como o tempo médio, durante um ano, que um funcionário público terá de trabalhar. "A duração média do trabalho, durante um período de 12 meses, deve manter-se nas 35 horas por semana", disse João Figueiredo aos jornalistas num dos intervalos da ronda de negociações que teve ontem com os sindicatos da função pública. Em causa está a proposta de Lei para o Regime de Contrato de Trabalho em Funções Públicas que o executivo vai apresentar durante os próximos dias aos sindicatos. Uma primeira versão conhecida, que o Diário Económico noticiou na sua edição de ontem, aponta para uma série de alterações na legislação laboral aplicada aos funcionários públicos em regime de contrato que a aproxime das regras aplicadas no sector privado.

Uma das áreas é a da duração do trabalho. Passaria a ser possível, de acordo com esta versão da proposta do Governo, que, em resultado de um processo de negociação colectiva, trabalhadores e Estado acordassem para determinados sectores e carreiras a possibilidade de se alargar em três horas por dia e até às 50 horas semanais o horário de trabalho dos funcionários públicos com vínculo de contrato. Este volume de trabalho seria compensado noutros períodos do ano com menos horas de trabalho semanal, mas a média, em 12 meses, poderia chegar até às 42 horas.

03/04/08

Eu também não!

Jorge Coelho. Ainda há poucas semanas, acedeu ao convite de Sócrates para fazer uma enérgica intervenção no comício do Porto destinado a assinalar o terceiro aniversário da entrada em funções do Governo. Mas o ex-ministro de Guterres decide trocar a política pelos negócios. Motivo: "Eu não sou rico" .
Coelho, que se tem afastado progressivamente da política, deixa agora também aquele palco mediático, onde tinha assento desde 2005, para se dedicar por inteiro à vida empresarial: contratado recentemente pela Mota-Engil, tem vindo a elaborar o plano estratégico da construtora. DN (03/04/2008)

Isto é sempre assim: quando toca a cada um, a justificação já é válida.
Então, porque é que este "socialista" não compreende a indignação de 100.000 profs que também não são ricos e estão a ver a sua vida financeira a ficar mais dificil?
Que têm de fazer trabalho lectivo extraordinário (substituições) gratuitamente?

Afinal o socialismo só serve para propaganda partidária, porque quando chega o momento, a atracção do capitalismo é mais forte. Será que a contratação por esta empresa, cujo principal cliente é o Estado, é baseada na excelência técnica de Jorge Coelho? Pois, pois...

02/04/08

Apoio encapotado

"Teixeira dos Santos, ministro de Estado e das Finanças, vai ter de explicar hoje à oposição, no Parlamento, as razões que levaram instituições públicas portuguesas a realizarem aplicações financeiras em offshores, ou seja, em paraísos fiscais." DN

Com este apoio encapotado, fica definitivamente explicado o motivo pelo qual nenhum governo mexe uma palha contra os imorais off-shore...

01/04/08

O ME cábula

Já estava careca de saber que tinham copiado o modelo de avaliação de desempenho dos professores de algum sitio, só não sabia de onde. Talvez não tenha ficado tão surpreendido por o ME copiar descaradamente uma ditadura sul-americana...!
Achavam que iam perder tempo a criar um modelo original? Era já a seguir...!

http://www.uploading.com/files/9ZL2O88Y/MBE.pdf.html