31/12/10

Fogo artificial

E continua por 2011...
Milhares de euros a estourar pólvora colorida na atmosfera para alienar durante breves minutos a multidão. Em rigor, devia ser por motivos fundamentados, de alegria e celebração; mas enquanto mais de metade da população humana viver na pobreza, o fogo de artificio é mera hipocrisia...







Liderança medíocre

Recebido por e-mail e que subscrevo:

Enquanto o hipócrita debitava o discurso de Natal, era publicado no DR de 24/12(!) o diploma legal que vai enterrar o país por muitos anos. O descaramento asqueroso: discursar na TV propaganda politica optmista, quando já tinha assinado a sentença de morte...

Na Educação, a novidade(?) de se extinguir a AP do 12º, despedir 5000 professores com previsão para 15000 a partir de Setembro, e reduzir o suplemento salarial da Direcção das escolas quando em 2008 foi unilateralmente modificado pelo ME. Na Saúde, os actos médicos serão escrutinados em função do que se gasta e não em função da necessidade do doente. Enfim...

Com a quantidade de dinheiro que circula diariamente no mercado bolsista e financeiro, argumentar que não existe financiamento é tratar-nos como atrasados mentais e nós deixamos...

Para quem nunca experimentou a angústia e a sensação de depressão, vá-se preparando, porque este será o pior final de ano das últimas dezenas de anos...

Já todos sobejamente sabem o que nos espera e por isso este será o último comentário sobre o tema. Apenas alerto que os trabalhadores do Estado, incluindo professores, se preparem para o impensável há uns anos atrás: o despedimento. Será inevitável, como atestam os diplomas legais publicados, e portanto, convém começar a pensar noutras formas de sustento. Por causa do efeito dominó, todos os outros trabalhadores vão sofrer os mesmos efeitos, sem a rede protecção social que existia. Aquilo que só conheciam nos livros de história, muitos vão experimentá-lo no quotidiano: escravidão laboral, violência social frequente, violência moral (mobbing) no local de trabalho, pobreza, qualidade de vida diminuta. Ai de quem é criança, doente ou idoso porque os que estão no meio não podem ajudá-los, porque não possuem rendimentos e estão demasiado ocupados a sobreviver...!

Merda de país, merda de dirigentes e merda para todos nós que não fomos educados a lutar contra a opressão politica e económica. Mataram o nosso futuro e os dos nossos filhos!...

Meus caros, até algures e boa sorte porque os milagres estão de férias...

29/12/10

O resultado do capitalismo neoliberal (selvagem)

A falência do Estado leva a uma organização social que existiu há milénios atrás, baseada no poder pela força física. Esta falência é decorrente da imposição do modelo capitalista selvagem, liberal, sem regulação. Eis um exemplo do que pode acontecer em qualquer parte do mundo, incluindo o ocidental:

CIUDAD JUAREZ, Mexico – The last remaining police officer in the Mexican border town of Guadalupe has disappeared, and prosecutors in northern Chihuahua state said Tuesday they have started a search for her. Twenty-eight-year-old officer Ericka Gandara held out despite the desertions and resignations that left her as the only officer in the Juarez Valley town, which was served by eight police a year ago. But Gandara hasn't been seen since Dec. 23. While some local media have reported Gandara was kidnapped, prosecutors' spokesman Arturo Sandoval said her relatives have not filed a kidnap complaint. Sandoval said the search was started Monday as a missing-person case.The same day she disappeared, assailants also set fire to the home of a Guadalupe town councilwoman. The Sinaloa and Juarez drug cartels have been battling for control of the Juarez Valley, leading many residents to flee across the border to Texas or to other Mexican cities. Most police officers, outgunned by the drug cartels, have resigned and officials say few people are willing to take their place. The burden of law enforcement has increasingly fallen on a few women. In the neighboring town of Praxedis G. Guerrero, a 20-year-old woman was sworn in as police chief in October. The man who previously held that office had been gunned down in July 2009 and the town had been unable to find a replacement for more than a year. The drug gangs are trying to control the valley's single highway, a lucrative drug trafficking route along the Texas border.

25/12/10

Refelexão para o próximo ano (e seguintes...)

A cidade de Seattle recebeu o nome do chefe índio dos Suquamish, cujo discurso foi a resposta a um tratado proposto pelo presidente americano tentando persuadir os indígenas a venderem dois milhões de acres por US$ 150000 (cento e cinquenta mil dólares americanos).


Resposta do Chefe Seattle ao Presidente dos Estados Unidos -1854

Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra?
Essa ideia parece-nos estranha.
Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, como é possível comprá-los?
Cada pedaço desta terra é sagrado para meu povo.
Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra na floresta densa,
cada clareira e insecto a zumbir são sagrados na memória e experiência de meu povo.
A seiva que percorre o corpo das árvores, carrega consigo as lembranças do homem vermelho.
Os mortos do homem branco esquecem sua terra de origem quando vão caminhar entre as estrelas.
Nossos mortos jamais esquecem esta bela terra, pois é a mãe do homem vermelho.
Somos parte da terra e ela faz parte de nós.
As flores perfumadas são nossas irmãs, o cervo, o cavalo, a grande águia são nossos irmãos.
Os picos rochosos, os sulcos húmidos nas campinas, o calor do corpo do potro e o homem - todos pertencem à mesma família.
Portanto, quando o Grande Chefe em Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, pede muito de nós.
O Grande Chefe diz que nos reservará um lugar onde possamos viver satisfeitos.
Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos.
Portanto, nós vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra. Mas isso não será fácil.
Esta terra é sagrada para nós.
Essa água brilhante que escorre nos riachos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados.
Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se de que ela é sagrada, e devem ensinar às suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida de meu povo.
O murmúrio das águas é a voz de meus ancestrais.
Os rios são nossos irmãos, saciam nossa sede.
Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças.
Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são nosso irmãos, e seus também.
E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicarem a qualquer irmão.
Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes.
Uma porção de terra para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra coisa, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra, aquilo que necessita.
A terra não é sua irmã, mas sua inimiga e, quando ele a conquista, prossegue seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda.
Arranca da terra aquilo que seria de seus filhos e netos.
A sepultura de seu pai e os direitos de seus filhos são esquecidos.
Trata a sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu, como coisas que possam ser compradas, saqueadas, vendidas como carneiros ou enfeites coloridos. Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto.
Eu não sei, os nossos costumes são diferentes dos seus.
A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho.
Talvez seja porque o homem vermelho é um selvagem e não compreenda.
Não há um lugar quieto nas cidades do homem branco.
Nenhum lugar onde se possa ouvir o desabrochar das folhas na primavera ou o bater das asas de um insecto.
Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não compreendo.
O ruído parece somente insultar os ouvidos.
E o que resta da vida se um homem não pode ouvir o choro solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa, à noite?
Eu sou um homem vermelho e não compreendo.
O índio prefere o suave murmúrio do vento, encrespando a face do lago, e o próprio vento, limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros.
O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro - o animal, a árvore, o homem, todos compartilhamos o mesmo sopro.
Parece que o homem branco não sente o ar respirar.
Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao mau cheiro.
Mas se vendermos nossa terra ao homem branco, ele deve lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seu espírito com toda a vida que mantém.
O vento que deu ao nosso avó seu primeiro inspirar também recebe seu último suspiro.
Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la intacta e sagrada, como um lugar onde até mesmo o homem branco possa ir saborear o vento açucarado pelas flores dos prados.
Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra.
Se decidirmos aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como seus irmãos.
Sou um selvagem e não compreendo qualquer outra forma de agir.
Vi um milhar de búfalos apodrecendo na planície, abandonados pelo homem branco que os alvejou de um comboio que passava.
Eu sou um selvagem e não compreendo como é que o fumegante cavalo de ferro pode ser mais importante que o búfalo, que sacrificamos somente para permanecermos vivos.
O que é o homem sem os animais?
Se todos os animais se fossem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Pois o que ocorre com os animais, breve acontece com o homem.
Há uma ligação em tudo.
Vocês devem ensinar às suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas de nosso povo.
Ensinem às suas crianças o que ensinamos às nossas, que a terra é nossa mãe.
Tudo o que acontece à terra, acontecerá aos filhos da terra.
Se os homens cospem na terra, estão cuspindo em si mesmos.
Isto sabemos: a terra não pertence ao homem: o homem pertence à terra.
Isto sabemos: todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família.
Há uma ligação em tudo.
O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra.
O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios.
Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo.
Mesmo o homem branco, cujo Deus caminha e fala com ele de amigo para amigo, não pode estar isento do destino comum.
É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo.
Veremos.
De uma coisa estamos certos – e o homem branco poderá vir a descobrir um dia: nosso Deus é o mesmo Deus. Vocês podem pensar que O possuem, como desejam possuir nossa terra, mas não é possível.
Ele é o Deus do homem vermelho e Sua compaixão é igual para o homem vermelho e para o homem branco.
A terra lhe é preciosa e feri-la é desprezar o seu criador.
Os brancos também passarão: talvez mais cedo que todas as outras tribos.
Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios dejectos.
Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente, iluminados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre a terra e sobre o homem vermelho.
Esse destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos bravios sejam todos domados, os recantos secretos da floresta densa impregnados do cheiro de muitos homens, e a visão dos morros obstruída por fios que falam.
Onde está o arvoredo?
Desapareceu.
Onde está a águia?
Desapareceu.
É o final da vida e o início da sobrevivência.

24/12/10

O herói anónimo

“Vocês mataram o futuro dos nossos filhos”, era o que estava escrito na T-shirt, referindo-se aos deputados da Assembleia. Este gesto relembra as imolações dos monges budistas protestando contra guerra do Vietname. Ao não ceder à tentação- que seria despoletar uma bomba colocada no corpo de modo a provocar o maior número de vítimas- , este homem protestou humanamente em nome de todos nós, vitimas da ganância e imoralidade de todos os detêm o poder e o usam meramente em proveito próprio. Cedeu a ser mártir para milhões de anónimos…

Constrangido por não ter a mesma coragem que ele, apenas me resta dedicar os meus pensamentos em sua memória…

Foi um protesto desesperado, feito enquanto o primeiro-ministro romeno, Emil Boc, discursava no Parlamento. Adrian Sobaru subiu ao corrimão da galeria e atirou-se de uma altura de sete metros. Sofreu vários traumatismos na cabeça e no resto do corpo, segundo o diário espanhol “El País”, mas os médicos dizem que não corre risco de vida.
Sobaru, na casa dos 40 anos, é pai de dois filhos e o seu protesto estará relacionado com os cortes anunciados pelo Governo. Levou para o Parlamento uma t-shirt onde se lia “vocês mataram o futuro dos nossos filhos” e saltou da galeria enquanto os deputados discutiam uma moção de censura contra o Governo que acabou por ser recusada.

http://publico.clix.pt/Mundo/electricista-romeno-atirouse-das-galerias-do-parlamento-em-bucareste_1472319

20/12/10

Felipe lembrou-se da história do Rei do Oriente que, desejando conhecer a história da humanidade, recebeu de um sábio quinhentos volumes; ocupado com negócios de Estado, pediu-lhe que a condensasse. Ao cabo de vinte anos, o sábio voltou e a sua história ocupava agora apenas cinquenta volumes; mas o rei, já velho demais para ler tantos livros volumosos, pediu-lhe que a fosse abreviar mais uma vez. Passaram-se de novo vinte anos, e o sábio, velho e encanecido, trouxe um único volume com os conhecimentos que o rei procurara; este, porém, estava deitado no seu leito de morte, nem tinha mais tempo de ler sequer aquilo. Aí o sábio deu-lhe a história da humanidade numa única linha: “Nasceram, sofreram, morreram”.

Somerset Maugham, in “A Servidão Humana”

03/12/10

O eterno retorno

Sinceridade

“Há uma guerra de classes, é um facto, mas é a minha classe, a dos ricos, que a conduz, e estamos em vias de a ganhar”. Warren Buffet, multimilionário, jornal New York Times (26/11/2006)

A 'rigidez' da lei laboral

Um dos insistentes argumentos usados pelos paladinos do neoliberalismo económico é a (suposta) rigidez laboral em Portugal, ou traduzindo, a dificuldade em despedir um trabalhador. Esta falácia é facilmente desmentida com as centenas de despedimentos colectivos céleres que foram feitos nos últimos anos; quando se fala em dificuldade, está-se referir que é difícil despedir sem indemnização, porque caso a entidade patronal esteja disposta a pagar, a dificuldade de despedir não existe. Além disso, de acordo com a informação da OCDE sobre o índice de rigidez das leis laborais em vários países (classificação de 0 a 6, sendo 6 o mais rígido), Portugal possui o índice 2,93, atrás da Espanha e a par com a França, estando próximo da Alemanha e Itália (2,39)…

Essa (suposta) rigidez é facilmente ultrapassada pela atitude de muitos empresários, como alguns exemplos a seguir relatados:

Um patrão, distribuidor da SAAB no norte do país, até um rotweiller pôs ao lado, durante uma reunião de confronto com um trabalhador. O caso resolveu-se com um acordo indemnizatório de apenas €6 mil. Rita Garcia Pereira relata um outro caso, em que um CEO de uma farmacêutica usou um chicote durante reuniões de avaliação de objectivos.

Aos quadros intermédios da France Telecom foi dada formação sobre como lidar com processos de mudança laboral. Terá sido numa dessas formações que ocorreu a estória do ‘gatinho’, contada prelo sociólogo Christophe Dejours. Para ilustrar o espírito competitivo e impiedoso do novo Deus-o mercado- foi pedido a uma dezena de formandos que, durante 5 dias tratasse de um gato apenas para no 6º dia o matarem. Só um dos alunos, uma mulher, não o fez; foi a única a ser enviada para tratamento psiquiátrico.” Revista Sábado

19/11/10

Uma falácia da vida

Uma cimeira com 60 chefes de Estado é sempre justificação de protocolos de segurança rígidos. Os custos financeiros disparam mas são admitidos para justificar a segurança. Postos de controlo nas fronteiras, ruas encerradas, serviços públicos encerrados, para evitar um hipotético ataque de algum grupo organizado. Contudo, sendo realistas, estes grupos, sendo organizados, há muito tempo que já teriam entrado no país e não seriam nestes dias que o tentariam fazer. Além disso, o comando-geral da GNR admite que é impossível uma vigilância permanente em toda a fronteira portuguesa. Dito isto, então porque se está a gastar centenas de milhares de euros colocando postos policiais apenas nas fronteiras mais frequentadas, sabendo que a eficácia de impedir a entrada a grupos com intenções terroristas é bastante reduzida?

Sendo politicamente incorrecto, apenas para persuasão psicológica e justificar o uso de dinheiro público que de outro modo seria muito difícil justificar…

04/11/10

Confissão

Cogito há vários dias, numa pérfida indecisão. A minha raiva e revolta pendem para a adesão à luta social publicitada mas a minha racionalidade pende para a resignação, porque convicta que da luta não resultará mudança. Abdicar de um dia de descanso, ‘dar o corpo ao manifesto’ por uns tantos passageiros clandestinos que ficam em casa a gozar o dia de fim-de-semana e posteriormente também usufruem de hipotéticas vitórias, está-se a revelar pouco atractivo. Efectivamente, é melhor uma má decisão do que nenhuma decisão, porque a dúvida é mentalmente excruciante. Os indícios apontam para a vitória da razão, que persistentemente tem recordado um aforismo: “Se não lhes podes ganhar, junta-te a eles”. Manter e cultivar boas relações com os adesivados rosa e laranja, será a atitude inteligente, porque será sempre um deles a gerir o poder. A hipótese de obter formação especializada em administração pública, gastando uns milhares de euros, é cada vez mais realista, porque será um dos cargos de refúgio com alguma protecção. E neste contexto, entramos num processo social darwinista, com tudo o que de maquiavélico isto acarreta…

A história repete-se mas não a curto prazo: uma união como a que aconteceu há dois anos, só num futuro longínquo…

“Quem tem unhas, toca guitarra”, mas não é motivador nem revigorante viver num contexto quotidiano de darwinismo social, onde a maioria é escrava ou subjugada; é uma vida sem esperança, sem fulgor, sem brilho…

01/11/10

Doutorado em raiva

OS PORTUGUESES NO FINAL DE 2011

A MINHA VIDA PARA ALÉM DO DÉFICE

Doutorado em raiva (II)

NÃO QUERO:

PAGAR A GANÂNCIA DO SISTEMA FINANCEIRO!

PAGAR A CORRUPÇÃO DA CLASSE POLITICA!

UMA VIDA DE “METRO, TRABALHO, SEPULTURA”!

Nós pagámos os seus lucros, mas não queremos pagar a sua crise!

O dilema da representatividade

É verdade que milhares de professores se sentem defraudados pelos resultados obtidos pelos sindicatos nas negociações com o ME nos últimos dois anos, e por isso, têm sido muito críticos da actuação dos mesmos. Contudo, no quadro jurídico actual, os sindicatos são as únicas instituições que são oficialmente reconhecidas como representativas das classes profissionais, pelo que é fatídico os insatisfeitos terem de aceitar a sua existência.
Os argumentos usados pelos sindicatos para estabelecerem o acordo basearam-se na presunção de que:
- a opinião pública estava cansada da agitação social e não aceitaria inflexibilidade por parte dos trabalhadores
- não era possível prolongar e endurecer a luta porque os trabalhadores iriam desmobilizar a prazo pelo cansaço
- a melhor estratégia politico-partidária a médio e longo prazo seria capitalizar o descontentamento da sociedade e a conflitualidade nas escolas decorrente da implementação de legislação mal elaborada.
Os argumentos de muitos trabalhadores eram opostos aos dos sindicatos:
- estando o governo sem maioria absoluta, era o momento ideal para endurecer a negociação
- caso o governo não cedesse, os trabalhadores estavam com a força anímica para prolongar a luta
- a estratégia politico-partidária devia ser secundária em relação à defesa dos interesses profissionais, existindo a vantagem de existir o apoio explicíto da oposição parlamentar à luta dos trabalhadores.
Os sindicatos implementaram a sua estratégia e os resultados são visíveis: um falhanço total. Por isso, os profissionais devem manifestar a sua opinião critica nem que seja para que as direcções sindicais conheçam o que existe na mente de muitos dos seus representados, mas devem ter consciência que se enveredarem pela ruptura total, então ficarão solitários e à mercê dos caprichos do poder. As acções individuais contra o poder é como um mosquito picar um elefante; se forem milhares de mosquitos a picar o mesmo elefante, o caso muda de figura…
O argumento sindical mais recente, e que é intrinsecamente verídico, é que se continuar a lutar existe sempre a possibilidade de conseguir uma vitória, ao invés de que fica garantido em absoluto que nada se obtém se optar por não lutar. Efectivamente, é inócuo vociferar contra os sindicatos porque eles são o último muro contra a hecatombe total, apesar de se poder detestar a existência do muro. O inimigo do meu inimigo é meu amigo…
Todavia, o problema é que o contexto sócio-económico criado pela elite governamental esvaziou por completo qualquer veleidade de que a continuação de uma luta resulte num resultado positivo, pelo que tem de se assumir que após várias batalhas, perdeu-se a guerra. É a capitulação e a rendição incondicional, com todas as consequências inerentes.
Deste modo, qualquer forma de luta neste momento é meramente para demonstrar aos vencedores que a raiva e a revolta ainda germinam no interior dos derrotados, e que se hipoteticamente no futuro surgir uma oportunidade, cria-se incerteza nas suas hostes de poder existir massa critica de adesão para os atacar.

30/10/10

Não há dinheiro, o caraças!

0,5% da população mundial (24 milhões de pessoas) controlam 36% de toda a riqueza no planeta.

€716 milhões- custo da moradia de 27 andares, construída pelo 4º homem mais rico do mundo, Mukesh Ambani. A moradia tem 9 elevadores, parque de estacionamento para 170 carros, cinema, spa, ginásio, piscinas, jardins suspensos, 3 heliportos. Quando a esposa fez 44 anos, em 2007, o marido ofereceu-lhe um avião Airbus no valor de €43 milhões. Revista Visão

Satisfeitos?!

Por ter sido celebrado um acordo que representa o retrocesso em décadas de conquistas sociais?
Este dia deve ficar registado como o inicio da extinção do Estado social e do retrocesso civilizacional, para níveis do feudalismo da Idade Média...

Satisfeitos pela sua assinatura representar o aumento da pobreza e degradação da qualidade de vida para milhões de pessoas?! Maquiavel deve estar refastelado de prazer...

Discurso de ricos

Só os ricos é que falam com esta displicência porque sentem-se imunes ao que vai acontecer...

Os cortes nos salários da função pública são aceitáveis?

Pois claro que são. Não aceito os argumentos de que é a função pública que está a pagar a crise, porque o sector privado já está a pagar há muito”, diz Mira Amaral. jornal Público

Qual a moral desta besta quadrada que aufere uma reforma milionária de €18 mil da CGD por meia dúzia de anos de trabalho e agora é administrador de um banco porque foi ministro?

Eduardo Catroga defende não só que os salários devem ser cortados como muitos deles devem deixar de ser funcionários públicos. jornal Público (19/10)

Um diz mata, o outro diz esfola…

Quem são estes gajos?

Afinal, descobri que o país não é soberano. Existem uns tipos anónimos, que não se conhece a cara ou o nome, mas apenas a sua nomenclatura colectiva: mercados. Quem são, o que são, poucos sabem, mas têm sido referenciados múltiplas vezes para justificar a necessidade de implementar decisões draconianas de austeridade ou forçar entendimentos para o orçamento. Decidimos em função do que os mercados querem. Não elegemos os mercados mas pelos vistos, eles é que mandam no país.

Alguém viu uma soberania por aí?

17/10/10

Uma ironia

Este ano foi aclamado o ano do combate à pobreza. Depois de tudo o que aconteceu a nível económico na Europa e América do Norte, 2010 vai ficar na história como o ano em que se iniciou o aumento da pobreza nos países do 1º mundo, e que se pronlogou durante vários anos...
É tempo de exéquias sociais: façamos o luto pela morte da qualidade de vida de milhares de milhões de pessoas em TODO o mundo...

16/10/10

Uma falácia cientifica

Quando a ministra da saúde numa conferência defende o aumento da idade da reforma argumentando que a esperança média de vida é maior, e portanto as pessoas ao viverem mais tempo se mantêm produtivas mais anos, revela uma desonestidade cientifica indigna de uma pessoa com formação académica. Qualquer pessoa com formação científica superior sabe que o problema actual da sociedade não é a pessoa viver mais tempo mas envelhecer sem qualidade de vida. Vive-se mais tempo mas não com condições mentais e fisiológicas de quando se era jovem. E por isso, uma pessoa com 70 anos não tem a mesma produtividade de quando tinha 35-40 anos. Deste modo, viver mais anos não significa ser mais produtivo mais anos porque o organismo ao envelhecer perde qualidades fisiológicas. Portanto, quando existir um processo que permita a um indivíduo na 3ª idade manter as mesmas qualidades fisiológicas de quando era jovem, então é legitimo ponderar no aumento da idade da reforma. O principio da pensão de reforma baseia-se na constatação que o individuo ao envelhecer, diminui a sua produtividade por motivos fisiológicos e portanto, é considerado inútil num sistema económico fundamentado na produção e consumo, pelo que se permite que possa terminar a sua vida de uma forma digna oferecendo-lhe um rendimento.

Concluindo, defender o aumento da idade da reforma com o argumento do aumento da esperança de vida, é uma falácia científica e uma desonestidade politica.

09/10/10

Somos os escravos dos fidalgos

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/exclusivo-cm/diamantes-dao-rombo-milionario-no-estado035402973

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/exclusivo-cm/150-mil-euros-em-festa022006613

http://dn.sapo.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=1681555

A corrupção governamental aliada à corrupção do mercado financeiro, tornam a população equivalente aos escravos no passado. Portanto, somos escravos que sustentamos as elites e grupos que dominam e gravitam no poder.

O orçamento de Estado é um apetecível cofre que só é acessível a quem conquistar o poder politico e portanto, a disputa entre os vários personagens políticos para ocupar o lugar de poder não é por nutrirem sentimentos altruístas pela população ou país mas pelo apetite egoísta e ganancioso de controlar um imenso pote de dinheiro fácil de obter através da coacção sobre os habitantes do território, que leva ao enriquecimento rápido de uma minoria.

Deste modo, enquanto o modelo económico for o do capitalismo e economia de mercado, vão recorrentemente ocorrer crises financeiras originadas por fraude e manipulação do mercado.

Lição de economia real



Gráficos que surgem no vídeo por ordem cronológica:
- variação salarial desde 1890 até 2010 (a partir de 1970, os salários estagnaram).
- a produtividade (linha amarela) em comparação com os salários (linha laranja)- a repetida tese de que baixa produtividade implica piores salários é refutada.
- O mesmo gráfico mostrando que a diferença entre a produtividade e os salários são os lucros (zona verde). Conclusão: a margem de lucro das grandes corporações aumentou brutalmente.
- lucros obtidos pelas multinacionais e sistema financeiro (em milhares de milhões). Estes lucros foram depositados nos bancos, que os usaram para emprestar à classe trabalhadora. Ou seja, para que a população pudesse consumir, empresta-se dinheiro com juros, muito mais lucrativo do que aumentar os salários…
- aumenta a divida
- Conclusão: foi a ganância e avidez do sistema financeiro (bancos, empresas de rating, bolsa de valores, corretores) e das multinacionais, com o beneplácito e negligência dos governos, que provocou todas as crises financeiras e económicas na história económica moderna.

O problema é da receita e da despesa luxuosa

1- A lei permite o não pagamento de impostos sem penalização (até €7500). Se multiplicar pelo país inteiro, quantos euros não entram nos cofres do Estado?

2- A justiça é uma lotaria que depende da interpretação arbitrária do juiz.

3- E já agora, a crise NUNCA é para todos:


http://www.publico.pt/Mundo/excomissarios-europeus-escapam-a-austeridade_1457635


http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/exclusivo-cm/frota-de-luxo-na-aguas-de-portugal214802760

O caso é o seguinte: há uma lei que prevê um crime chamado “abuso de confiança fiscal”, crime que consiste em não entregar ao Estado impostos retidos a terceiros (e.g. IVA ou IRS retido a trabalhadores). A lei foi alterada diversas vezes, sendo que, em resultado de cada alteração, se tornou menos exigente quanto aos pressupostos necessários para a verificação de tal crime. A mesma lei prevê outro crime, em tudo idêntico, denominado “abuso de confiança contra a segurança social” (basicamente, a não entrega à segurança social da parte retida aos trabalhadores). O artigo que regula o segundo tipo de crime tem várias remissões para o artigo que regula o primeiro.

Com a Lei do Orçamento de Estado para 2009, a lei foi alterada, passando a constituir crime de abuso de confiança fiscal apenas a não entrega de impostos de montante superior a 7500 euros e alterando-se alguns números do artigo que o regula. Não se alterou, porém, o artigo respeitante ao crime de abuso de confiança contra a segurança social, do que resultou, entre outras consequências, a remissão para um número que deixou de existir…

Alguns tribunais entenderam que aquele limite mínimo se deveria aplicar também ao crime de abuso contra a segurança social, absolvendo os arguidos acusados pela prática de tal crime por valores inferiores aos 7500 euros. Outros, porém, continuaram a condenar arguidos acusados de abuso de confiança contra a segurança social, mesmo estando em causa valores inferiores àquele limiar.

A questão foi agora objecto de apreciação pelo STJ, que decidiu continuar a ser crime a não entrega de contribuições para a segurança social de valor inferior a 7500 euros.

Mas a decisão não foi pacífica: dos 18 Conselheiros que votaram o acórdão, 8 votaram contra (sustentando que não devia considerar-se crime).

Para além dos complexos raciocínios jurídicos invocados para sustentar uma e outra posição, a consequência prática é esta: há pessoas condenadas, por vezes a prisão efectiva, por um comportamento que alguns tribunais entendem ser crime. E há outras que, pelos mesmíssimos comportamentos, são absolvidos noutros tribunais. Ser ou não se preso não depende do que se fez, mas da sorte (ou do azar) de o processo ser distribuído a determinado juiz ou colectivo de juízes. Porém, a culpa não é (só ou sobretudo) dos tribunais: é de um legislador inepto.

http://dre.pt/pdf1sdip/2010/09/18600/0421904249.pdf

É assim que os bancos mantêm os lucros

por Paula Cordeiro

03 Setembro 2010

Qualquer serviço bancário actualmente prestado pela banca é alvo de pagamento de uma comissão. É uma realidade que não é de hoje, mas que ganha particular destaque face aos constantes aumentos que estas comissões têm sofrido, bem como às críticas recentes sobre o carácter abusivo de algumas delas.

Em nome da transparência, os bancos são obrigados a divulgar toda e qualquer comissão que cobram. Desde o início do ano, têm de fazê-lo de forma exaustiva e online. Resultado: cada banco publica um preçário com mais de cem páginas, de tal forma extenso que compromete o objectivo que esteve na base da sua criação, ou seja, a transparência.

Em entrevista ao DN, na semana passada, o secretário-geral da Deco - Associação de Defesa do Consumidor, Jorge Morgado, convidava os leitores a consultarem um preçário e a testarem se de facto ficavam elucidados sobre todos os custos existentes. Foi o que fizemos e o resultado foi a detecção de um vasto leque de comissões complexas, elevadas e outras ainda de actividades colaterais à própria actividade bancária.

O crédito à habitação é, de facto, o grande "filão" bancário no que respeita à cobrança de comissões. Sendo este o negócio central da banca de retalho, e face ao esmagamento das margens financeiras nos últimos anos, os bancos alargam a prestação de serviços conexos à compra de casa e taxam-nos cada vez mais.

É precisamente no segmento do crédito à habitação que nos deparámos com a comissão mais alta inscrita num preçário: 721,15 euros, cobrados pela Caixa Geral de Depósitos (CGD), por estudo e montagem de um empréstimo desta natureza, a quem comprar habitação secundária, ao abrigo do programa Live in Portugal. A comissão normal pelo mesmo serviço é de 221,15 euros.

É na CGD que encontramos aquela que pode ser classificada como a comissão mais "transparente": são os 100 euros cobrados a quem solicitar a "renúncia ao ónus de inalienabilidade ou outros ónus"...

No campo daquelas que nos fazem sorrir, destacamos duas: o "reenvio de correspondência devolvida (por envio)" retira ao saldo do cliente mais desatento 15 euros. Por outro lado, aos clientes do Millennium bcp que comprem casa através de leasing (poucos, é certo), o banco aplica uma comissão de 150 euros a quem pedir "autorização para representação em assembleia de condomínios". A maioria dos clientes pagaria para não ir a esta reunião...

No segmento de despesas de manutenção de contas à ordem, detectámos que o Banco BPI aplica uma comissão de 15 euros sobre "contas paradas". A CGD, por seu lado, tem a já famosa comissão de 5 euros por pedido de "informação verbal". A par desta, quem for levantar dinheiro da sua conta ao balcão sem cheque ou caderneta (apenas com BI) paga 3,70 euros também na CGD.

No campo das boas práticas, encontramos no Santander Totta um preçário especial, com muitas isenções na renegociação de dívidas para clientes desempregados. Mas este banco, contudo, alarga a sua prestação de serviços à administração de propriedades e cobra 36,14 euros pela "mostragem de habitação para arrendamento".

O Banco Espírito Santo (BES) divulga no seu preçário uma comissão de 85 euros por "deslocação do funcionário para entrega do distrate", ou seja, o documento que comprova o pagamento integral de uma dívida. De salientar que este banco é o único, entre os cinco grandes, que aplica comissões a pagamentos online, embora com muitas excepções.

04/10/10

Um grito de protesto

O que faz um deputado federal? Na realidade, eu não sei mas vota em mim que depois te conto. Vote no Tiririca, pior do que tá não fica.” E com isto um palhaço profissional analfabeto foi eleito deputado no Brasil!...

Um grito de protesto de um povo, que à semelhança do povo português, está exausto da corrupção endémica que grassa no governo. Ao menos, permitem a que alguém humilde e pobre tenha um melhor nível de vida…



Os ricos é que decidem

Todos os comentadores e analistas, bem como os governantes e outros grupos ligados ao poder, que opinam nos meios de comunicação social sobre assuntos económicos, têm duas características comuns:

- são da classe média-alta ou alta

- defendem o capitalismo de mercado

Neste contexto, é óbvio que para eles é fácil defender decisões que pioram as condições de vida das classes média, média-baixa e baixa, já que a sua qualidade de vida não será afectada. Se o comunismo se revelou incapaz para sustentar um modelo económico justo, o que é preciso para definitivamente assumir que o capitalismo também é incapaz? Ao longo do séc. XX e na última década não se evidenciaram provas mais do que suficientes de que o capitalismo gera imensas injustiças sócio-económicas?

Chegou o momento para se mudar o paradigma económico, criar outro modelo, mas as forças que se alimentam do actual modelo obviamente que não estão interessadas na mudança.

Uma viagem de avião

A economia de mercado capitalista é um avião que funciona com 2 motores que impulsionam o crescimento económico: consumo e exportação. Com as medidas de austeridade o consumo vai diminuir drasticamente; como no estrangeiro o incentivo ao consumo também diminuiu, significa que a exportação não vai aumentar.

Imaginemos o que vai acontecer ao avião…