"Sabemos que os polícias são corruptos, que mesmo com uma boa licenciatura estamos condenados ao trabalho precário e o nosso nível de vida será mais baixo que o dos nossos pais. Mas agora sabemos que podemos ser abatidos por um polícia na rua", explica Yannis.
"Se tivesse força, também atirava pedras aos polícias assassinos. E incendiava os bancos, aquece o coração mesmo que não dê cabo do capitalismo", junta a amiga que a acompanha.
Os que têm 13 a 15 anos ainda estão longe do mundo do trabalho, mas já sabem que o seu futuro será muito difícil, num país em que a taxa de desemprego dos jovens dos 15 aos 25 anos ultrapassa 24 por cento. Se encontrarem emprego, deve ser temporário e mal pago. Fazem parte daquilo que os gregos dizem ser a "geração 600 euros".
"Estes jovens não estão só a escaqueirar as montras dos bancos, mas também a vida que têm", afirma a romancista Ioanna Karystiani, que também estava na Politécnica em 1973. "Os motivos deles não são diferentes dos nossos então... Claro, hoje há democracia, mas os partidos confiscaram-
-na para o seu próprio interesse, o desemprego é ainda pior e as humilhações são diárias", diz o advogado Kanelopoulos.
"É preciso encarar a realidade: há cinco anos que os conservadores governam o país, mas o PASOK esteve mais de 25 anos no poder, com o apoio dos comunistas. Colou-se ao sistema, com o mesmo desperdício dos dinheiros públicos, o mesmo clientelismo e imobilismo", reconhece a economista Marika Frangika. Numa entrevista ao Elefthérotypia, o sociólogo Constantin Tsoukalas pôs o dedo na ferida: "Hoje o desencanto é geral, e nenhum partido é credível: a falta de esperança é sempre mãe da violência e da transformação do povo numa multidão enraivecida." PÚBLICO
Sem comentários:
Enviar um comentário