08/01/10

Onde estão os motivos para ser optimista?

Factos que esmorecem na memória, com a passagem do tempo:

- Até 2005 estava no 6º escalão numa carreira com 10 escalões. Em 2010 estou no 3º escalão numa carreira com 10 escalões!...

- Até 2005, já estava a mais do meio da carreira. Em 2010 sou colocado no início da carreira.

- Até 2005, tinha expectativa de atingir o topo da carreira em 14 anos. Em 2010, tenho a hipótese de não atingir o topo da carreira, e se conseguir, demoro 22 anos.

- Até 2005, dependia do meu desempenho profissional para progredir na carreira. Em 2010, dependo de vagas para progredir na carreira.

- Até 2005, poderia obter classificações superiores a Satisfaz, apenas dependendo do desempenho manifestado. Em 2010, dependo de vagas para classificações elevadas, independentemente de ter tido o desempenho para as merecer.

- Até 2005, tinha um contrato de nomeação definitiva (vulgo efectivo). Em 2010, perdi a vinculação com um contrato individual de trabalho por tempo indeterminado.

- Até 2005, tinha a garantia de ser sujeito a processo de exoneração apenas em casos devidamente fundamentados e comprovados. Em 2010, dependo dos humores de um(a) director(a) que usa uma grelha com itens pontuados de 1 a 10, da qual tenho de ter classificação igual ou superior a 6,5; caso não consiga, abre-se processo de exclusão da profissão.

- Até 2005, tinha expectativa de possuir uma pensão de reforma com pelo menos 80% da remuneração. Em 2010, é uma incógnita se vou ter direito a uma pensão de reforma ou se a tiver, com não mais do que 60% da remuneração.

- Até 2005, tinha expectativa de solicitar a pensão de reforma até aos 65 anos. Em 2010, a expectativa é não possuir pensão de reforma ou só poder solicitá-la após os 68 anos.

- Até 2005, tinha a garantia jurídica de não ser perseguido ou sofrer represálias pelo que pensava ou opinava. Em 2010, o silêncio é de ouro.

- Até 2005, tinha 13 horas de trabalho individual. Em 2010, tenho 9 horas, excluindo as que são utilizadas em reuniões pós-laborais.

- Até 2005, recebia pelas horas extraordinárias que executava. Em 2010, não me pagam horas extraordinárias, trabalhando mais horas semanais quando faço substituições de colegas.

- Desde 1998 até 2008, não tive aumento real salarial, tendo inclusive estado congelado de 2005 a 2007, e perdendo vários anos de serviço.

Deste modo, alguém consegue explicar-me porque devo ficar satisfeito com um acordo obtido entre sindicatos e ME, que não soluciona nenhum dos factos mencionados em epígrafe?...

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