04/11/10

Confissão

Cogito há vários dias, numa pérfida indecisão. A minha raiva e revolta pendem para a adesão à luta social publicitada mas a minha racionalidade pende para a resignação, porque convicta que da luta não resultará mudança. Abdicar de um dia de descanso, ‘dar o corpo ao manifesto’ por uns tantos passageiros clandestinos que ficam em casa a gozar o dia de fim-de-semana e posteriormente também usufruem de hipotéticas vitórias, está-se a revelar pouco atractivo. Efectivamente, é melhor uma má decisão do que nenhuma decisão, porque a dúvida é mentalmente excruciante. Os indícios apontam para a vitória da razão, que persistentemente tem recordado um aforismo: “Se não lhes podes ganhar, junta-te a eles”. Manter e cultivar boas relações com os adesivados rosa e laranja, será a atitude inteligente, porque será sempre um deles a gerir o poder. A hipótese de obter formação especializada em administração pública, gastando uns milhares de euros, é cada vez mais realista, porque será um dos cargos de refúgio com alguma protecção. E neste contexto, entramos num processo social darwinista, com tudo o que de maquiavélico isto acarreta…

A história repete-se mas não a curto prazo: uma união como a que aconteceu há dois anos, só num futuro longínquo…

“Quem tem unhas, toca guitarra”, mas não é motivador nem revigorante viver num contexto quotidiano de darwinismo social, onde a maioria é escrava ou subjugada; é uma vida sem esperança, sem fulgor, sem brilho…

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