23/07/08

Período de introspecção

A verdade escondida

Nos últimos 5 anos começou a surgir uma convergência de factores que ao agudizarem-se culminaram na actual crise mundial. As alterações climáticas, a explosão demográfica, o decréscimo dos recursos naturais não renováreis, a especulação financeira e a poluição são os factores que convergiram concomitantemente de modo a colocar a Humanidade na incógnita da sobrevivência como espécie a médio prazo. Ecologicamente, a explosão demográfica é a base que sustenta e alimenta os outros factores, sendo estes uma consequência da sua dinâmica. Todas as soluções propostas, são paliativos que apenas adiam o inevitável se não se atacar a causa; o dilema que a Humanidade enfrenta e que tem vindo a dissimular, é a aplicação de politicas de controlo de natalidade. É um truísmo ecológico considerar que o número de indivíduos da população determinam o nível de consumo de recursos: quanto maior o número de indivíduos maior o consumo. Como os recursos são finitos, está criada a equação para a catástrofe.
Mas persistentemente, o conceito de lucro, gerado pela filosofia económica capitalista, tem impedido de se canalizarem recursos financeiros para a pesquisa e investigação de métodos contraceptivos 100% eficazes, sem efeitos secundários, reversíveis e de fácil utilização. Além disso, tem sido a persecução do lucro que levou ao uso continuado, desregulado e excessivo dos recursos naturais, conduzindo à sua depleção e consequentemente, à contaminação dos subsistemas terrestres através dos resíduos inúteis resultantes do seu consumo.
Analisando pormenorizadamente, pode-se inferir que o lucro ou o modelo sociológico do materialismo como objectivo único, conduziu a Humanidade ao limiar da extinção...

0,02%

A percentagem que representa o número de indivíduos na totalidade da população portuguesa, que efectivamente detém o poder executivo que lhes permite governar o país. Este número é obtido através da estimativa do número de militantes dos partidos políticos que têm tido acesso ao poder (PS e PSD). Escamoteando o fenómeno, é a partir da eleição dos respectivos presidentes do partido, feita pelos militantes, que se escolhe o futuro primeiro-ministro do país. Como na constituição o Governo detém o poder executivo e legislativo, então o eleito presidente do partido vencedor vai adquirir esse poder, o que implica que na prática, quem escolheu o governante do país foram os militantes do partido; os eleitores não militantes apenas se limitam a fazer um plebiscito entre 2 candidatos impostos, vivendo na ilusão de que procederam a uma escolha.
Este facto matemático, encerra a maior ilusão democrática jamais construída, pois deve-se adicionar a esta equação a impossibilidade constitucional de se candidatarem a eleições legislativas eleitores não organizados em partidos políticos. Ou seja, há 30 anos que os cidadãos vivem o embuste de pensar que escolhem democraticamente quem os governa, quando na prática é imposto um indivíduo escolhido por outros que não são representantes designados da população, vivendo numa partidocracia. Resumindo, a ditadura é um regime intrinsecamente enraizado nas sociedades humanas, tendo assumido múltiplas morfologias ao longo da História...

17/07/08

Extinguir este modelo

O colapso do banco Bear Sterns e a abrupta queda das acções do Lehman Brother - devido à especulação em torno da sua iminente falência - podem ter sido provocadas, em parte, pela acção de operadores de bolsa e fundos de alto risco.
No centro das atenções das autoridades estão práticas de negociação conhecidas como short selling. Na prática, os operadores pedem acções emprestadas para negociá-las no mercado, vendendo-as (virtualmente) a um preço mais alto e comprando-as (realmente) quando o preço desce. Numa operação mais complexa (naked short selling), os operadores nem sequer utilizam acções emprestadas, limitando-se a inundar o mercado com ordens de vendas sobre acções que nem sequer detêm. DN


Nitidamente este modelo capitalista neoliberal está esgotado tal como se esgotou o modelo comunista. O prolongamento do moribundo em estado de coma vegetativo, só vai aumentar o risco de violência social e proporcionar as condições para que ocorra um fenómeno idêntico ao que foi iniciado em 1939 (2ª Guerra).
É extraordinário como a população em geral convive e permite este tipo de instituições, dominadas por uma imensa minoria, e que determinam os destinos de cada um de nós.
Mudar de modelo sócio-económico é imperativo ou então cada um tem de se preparar para o caos que se aproxima.

13/07/08

Pedir ajuda ao velho inimigo

Indymac é o quinto banco nos EUA a falir este ano devido ao 'subprime'

A corrida ao levantamento dos depósitos pelos clientes de um dos maiores bancos de hipotecas dos EUA - com activos avaliados em 32 mil milhões de dólares (20 mil milhões de euros) - levou à tomada do seu controlo pelas autoridades federais. As declarações do senador democrata Charles Schumer, que alertou, no final de Junho, que o Indymac teria muitas dificuldades em sobreviver à crise financeira provocada pelos problemas no crédito hipotecário de alto risco (subprime), foram avançadas, pelos responsáveis da supervisão nos EUA como justificação para a corrida aos depósitos. Desde que foi conhecido esse alerta de Schumer, o Indymac viu saírem dos seus cofres 1,3 mil milhões de dólares. DN

O capitalismo neoliberal recorrer a expedientes económicos do modelo comunista, como solução para uma crise, é como encontrar um fundamentalista muçulmano numa reunião dos alcoólicos anónimos...
Afinal, parece que o diabolizado modelo comunista sempre tem alguns princípios úteis para que o decalabro não aconteça; e esta notícia é o melhor exemplo de que este capitalismo é tão mau e perverso como o comunismo soviético.

A complexidade da profissão docente

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Uma visão gráfica do país





12/07/08

Opinião

Um texto pertinente no contexto da obssessão pela avaliação:

O autor deste texto é João Pereira Coutinho, jornalista.

"Não tenho filhos e tremo só de pensar. Os exemplos que vejo em volta não aconselham temeridades.
Hordas de amigos constituem as respectivas proles e, apesar da benesse, não levam vidas descansadas. Pelo contrário: estão invariavelmente mergulhados numa angústia e numa ansiedade de contornos particularmente patológicos. Percebo porquê. Há cem ou duzentos anos, a vida dependia do berço, da posição social e da fortuna familiar. Hoje, não. A criança nasce, não numa família mas numa pista de atletismo, com as barreiras da praxe: jardim-escola aos três, natação aos quatro, lições de piano aos cinco, escola aos seis, e um exército de professores, explicadores, educadores e psicólogos, como se a criança fosse um potro de competição.
Eis a ideologia criminosa que se instalou definitivamente nas sociedades modernas: a vida não é para ser vivida - mas construída com sucessos pessoais e profissionais, uns atrás dos outros, em progressão geométrica para o infinito. É preciso o emprego de sonho, a casa de sonho, o maridinho de sonho, os amigos de sonho, as férias de sonho, os restaurantes de sonho. Não admira que, até 2020, um terço da população mundial esteja a mamar forte no Prozac. É a velha história da cenoura e do burro: quanto mais temos, mais queremos.Quanto mais queremos, mais desesperamos. A meritocracia gera uma insatisfação insaciável que acabará por arrasar o mais leve traço de humanidade. O que não deixa de ser uma lástima.
Se as pessoas voltassem a ler os clássicos, sobretudo Montaigne, saberiam que o fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade!"

Uma promiscuidade antiga

A Ordem dos Médicos considera que não há qualquer problema ético no caso de clínicos que informam consultoras de saúde sobre os medicamentos que prescrevem aos doentes em troca de prémios, dado que é salvaguardada a identidade dos pacientes. Segundo a edição de ontem do Jornal de Negócios, a consultora IMS Health está a pedir aos médicos que preencham num caderno os dados das prescrições em cinco dias de consulta, no máximo durante duas semanas consecutivas por trimestre. Em troca, os médicos recebem 100 euros conversíveis em diversas ofertas.

Todos sabem que a profissão de médico é uma das mais apetecíveis porque possui um estatuto social elevado, é vital na manutenção da saúde e é altamente especializada de modo a que se torna praticamente insubstituível. Com estas caracteristicas é uma profissão poderosa, capaz de afrontar um poder politico arrogante e autoritário como o actual.
A promiscuidade entre a industria farmacêutica e a classe médica é há muito conhecida e até hoje não foi criado nenhum mecanismo que evitasse esta relação. Quem está em risco são os pacientes, que podem ser preteridos em função do lucro.

Politicamente incorrecto

"A República precisa de um sobressalto democrático", alertou. Considerou os sindicatos de magistrados uma "aberração" e acusou ainda os juízes de faltarem ao respeito aos advogados. Como exemplo, falou no caso de um juiz que instaurou um processo-crime a um advogado por este se recusar a tirar os óculos escuros graduados ou de um magistrado que desafiou um jurista a sair da sala para resolverem o problema a soco.
E referiu o caso de uma jovem que foi condenada ao pagamento de uma caução de 400 euros, por viajar sem bilhete no metro, e que só não cumpriu a pena de prisão toda porque as outras reclusas conseguiram juntar esse valor.


O bastonário da ordem dos advogados contou estes exemplos como forma de ilustrar a aplicação da justiça portuguesa. Sempre foi um homem sem papas na língua e quem lia as suas crónicas no Expresso a relatar episódios que aconteciam nos tribunais, certamente que sentia que a magistratura era um poder autocrático.
Pode ser que exagere na forma como denuncia as arbitrariedades da justiça, mas que existem poderes tirânicos no sistema democrático português, isso não há dúvida, e esses ficam sempre muito incomodados com quem os identifica sem pudor.

09/07/08

Opinião sobre o SNS

O irmão do primeiro-ministro continua na Unidade de Cuidados Intensivos do hospital Juan Canalejo, na Corunha, mas o seu estado de saúde está a evoluir favoravelmente. José Sócrates deverá voltar hoje à Galiza para visitar António Pinto de Sousa.
Depois de vários dias de angústia, a família acredita agora que o transplante pulmonar salvou a vida de António Pinto de Sousa. A decisão de ir para o Complexo Hospitalar da Corunha na semana passada contou com alguns factores de sorte. O irmão de Sócrates chegou à Corunha de ambulância e em estado muito grave. Entrou directamente para a ‘lista 0’, destinada a casos que estão em risco de vida.

Esta noticia tem passado despercebida mas encerra algo implicitamente grave: o PM do país não considera, pessoalmente, que o sistema de saúde português tenha capacidade para a resolução de problemas clinicos graves.
A questão que se coloca é se um cidadão comum terá a mesma acessibilidade ao estrangeiro numa situação clínica semelhante…

Familia e trabalho

Madrid. Manifesto pede maior racionalização de horários no jornalismo
Jornalistas, políticos e especialistas anunciaram a sua adesão a um manifesto que invoca uma maior conciliação entre a família e o trabalho nos meios de comunicação social. Entre várias reivindicações, estes profissionais solicitam que não se convoquem conferências de imprensa para depois das 18.00, porque tal implica um "esforço adicional". DN

Não é só no jornalismo mas em todo o mundo laboral. Com as novas regras de horário de trabalho europeias, implementadas no novo código do trabalho, a conciliação família-trabalho fica seriamente comprometida, quiçá impossível. Com o horário de trabalho semanal a aumentar o número de horas, não há conciliação que resista e as consequências sociais a longo prazo são imprevisíveis mas nitidamente negativas.

08/07/08

Oportunista

"Para haver investimento em infra-estruturas públicas não é necessário ter dinheiro público disponível" Vital Moreira

É incrível e asqueroso como um comunista ortodoxo durante anos, é agora um paladino do neoliberalismo da direita conservadora. Afinal qual é a coerência politica deste tipo de indivíduos?
Um pseudo-comentador que assumiu as rédeas de cão de guarda do socratismo, anti-esquerdista(!), que vituperou contra todas as classes profissionais exceptuando os professores universitários, da qual faz parte. Nem uma virgula acerca do atavismo feudalista em que vive o mundo universitário, mas resmas de linhas acerca de tudo e de todos.
E depois destila esta enormidade ignorante, reveladora de que não percebe patavina de economia; um milagreiro, que consegue governar o Estado sem dinheiro disponível. Ao ponto a que chega a adulação ao socratismo...
Enfim, um moralista que faria comover Maquiavel...

Não fazem o que outros não tenham feito

Uma falha nas regras sobre utilização de calculadoras permite aos alunos do secundário levarem para os exames de Matemática e Física e Química todos os 'auxiliares de memória' que considerem necessários, como fórmulas que não constem dos enunciados e até descrições "passo a passo" de como resolver diferentes problemas. Os recursos são diversos: desde activar a função alfanumérica, presente na generalidade das calculadoras gráficas autorizadas pelo Ministério da Educação, e escrever as cábulas desejadas para consulta posterior, às páginas da internet que fornecem formulários e pistas em formatos já adaptados às calculadoras mais populares, da Casio e da Texas Instruments. DN
Quando um país é governado por um primeiro-ministro cábula, que obteve uma formação académica usando a 'chico-esperteza', que moral é que tem para censurar os seus jovens de utilizarem os mesmos mecanismos?

Que grande novidade...

O proprietário do clube de futebol Chelsea, Roman Abramovich, admitiu pela primeira vez que fez fortuna à custa da compra de favores políticos e da influência de velhos oligarcas próximos do Kremlin. O multifacetado milionário russo, de 41 anos, conta tudo num documento judiciário que preparou para a sua defesa no litígio que o opõe ao seu compatriota Boris Berezovski e cujo conteúdo foi revelado pelo jornal Times. Abramovich assume que pagou a "velhos oligarcas para obter uma parte importante dos recursos do petróleo e do alumínio da Rússia e para sair incólume do desmantelamento sangrento pós-comunista". O mediático homem de negócios russo, que vive entre Moscovo e Londres, explica como, a partir do nada, acumulou em poucos anos uma fortuna avaliada em 14,3 mil milhões de euros. DN
Só veio comprovar o que todos sabiam: ninguém enriquece a trabalhar...

06/07/08

A nova classe de pobres

A 3ª idade: para os que começam e para os que ainda estão no activo, a maioria arrisca-se a cair na pobreza quando atingir a idade da velhice. É este o legado do socialismo moderno.

O Compromisso Portugal apresentou ontem o Estado da Governação em Julho de 2008, considerando que a nível da reforma da segurança social , que manteve o tradicional regime de repartição, "na prática significará sobretudo uma quebra brutal das pensões em relação ao sistema anterior". Ou seja, o cidadão que se reforma em vez de receber 80 por cento do seu último ordenado, vai passar a receber pensões equivalentes a 55 por cento, "com previsíveis menores actualizações posteriores, dependentes do valor da reforma, da esperança de vida e do crescimento do produto interno bruto (PIB), o que poderá diminuir ainda mais o valor real das suas reformas. PÚBLICO

05/07/08

A redistribuição que não existe

Foi na apresentação do estudo ‘Um Olhar sobre a Pobreza’ [que] a economista Manuela Silva acrescentou outras "conclusões surpreendentes":"Quase metade dos residentes em Portugal conheceram a pobreza" entre 1995 e 2000. Pior ainda, considerou a economista, naquele período não houve nenhuma catástrofe, e o país conheceu crescimento económico e desenvolvimento tecnológico. Razões para que o nível de pobreza não tivesse atingido aqueles níveis.Outra conclusão destacada por Manuela Silva é que a pobreza não é um fenómeno esporádico. "Mais de metade (54 por cento) das famílias pobres em pelo menos um ano esteve na pobreza durante três ou mais anos", citou. Esta conclusão do estudo "vem confirmar o facto de que a pobreza é para muitos um fenómeno persistente" e tende mesmo a transmitir-se como "herança".
(...) Sobre as transferências sociais, Bruto da Costa rejeita a "alternativa" entre o dar de comer e o dar capacidades. "A pobreza é uma situação de privação, é um problema que requer medidas de emergência." E apontou os países escandinavos, onde as transferências não são encaradas como forma de dependência. Vieira da Silva apontou também exemplos do Norte da Europa - Suécia, Finlância, Holanda - para dizer que as transferências sociais atenuam em 70 por cento o grau de pobreza dessas sociedades. Em Portugal essa taxa passa pouco dos 20 por cento. Um problema de "eficácia", disse.

04/07/08

Repetir o mesmo erro

"Não há economista que não se lembre, e não nos fale, do colapso de 1929 (que, de facto, durou até à guerra)." Vasco Pulido Valente

Há vários anos que alerto para a urgente mudança do capitalismo desregrado que se instalou a nível global, idêntico aquele que causou a 2ª Guerra Mundial. Vai ser necessário uma 3ª Guerra Mundial (quiçá a última da Humanidade?) para se restabelecer um novo equilibrio?

O zé povinho

03/07/08

Comentário

"A quem beneficiará o fim de um sindicalismo independente e o agravamento caótico do protesto social? Exclusivamente ao Clube dos Bilionários, os 1125 indivíduos cuja riqueza é igual ao produto interno bruto dos países onde vive 59 por cento da população mundial".

Boaventura de Sousa Santos, "Visão", 03-07-2008

01/07/08

O unanimismo

Num noticiário da hora do almoço, foi transmitida uma entrevista com uma professora de Português, no contexto do início dos exames nacionais. Sucintamente, a docente declarou que tanto a estrutura dos currículos nacionais como dos exames, potenciavam a formação de alunos obedientes e não pensadores. Ou seja, a politica de educação teria como objectivo a formação de indivíduos passivos e sem pensamento crítico.Subscrevendo integralmente a análise, apenas acrescentaria que além dos alunos, o alvo também são os professores e todos os cidadãos não identificados com a corrente politica dominante.