31/05/08

Concretizar-se o que não desejava

Há anos que nas tertúlias com amigos defendia o colapso das sociedades e da paz social; não por ter poderes de profecia mas simplesmente observando o que se passava noutros países. Era rotulado perjorativamente como pessimista, mas li uma citação que dizia que ser pessimista era melhor que optimista: tinha mais vezes razão ou era agradavelmente surpreendido. Sempre desejei ser agradavelmente surpreendido...

As consequências também serão várias - e todas elas potencialmente explosivas, porque a fome, a sede e a miséria não são boas conselheiras. A primeira é que a possibilidade de violentas convulsões sociais, com impactos fortíssimos a nível político e mesmo riscos para os sistemas democráticos é fortíssima. A segunda é que, à luz da História, situações destas acabam por resolver-se através de conflitos bélicos mundiais, que dizimam milhões de pessoas e reequilibram as condições de vida no planeta. 210 anos depois, Thomas Malthus volta a estar na moda. Nicolau Santos, EXPRESSO

Visão realista

É pena que todos os politicos e empresários não tenham esta visão; rivalizávamos com os países nórdicos:

Filipe Vila Nova é um gestor fascinante de ouvir e diferente a actuar [proprietário da marca de roupa Salsa]. A sua tese é pragmática: pessoas infelizes rendem menos no trabalho. Por isso, é preciso que os trabalhadores se sintam estimulados e contentes quando vão de manhã para a fábrica - e tenham orgulho na empresa que lhes paga o salário.

A morte do capitalismo?

Todos sabem, assumidamente ou não, que a ideologia dita de esquerda morreu governamentalmente, isto é, não existe nenhum governo que utilize essa ideologia na governação do seu modelo sócio-económico. Contudo, o capitalismo sobrevivente vai ser o coveiro da paz social. O artigo seguinte, demonstra bem a tremenda asneira que foi extinguir com a lternativa ideológica ao capitalismo:
Por que chega a sardinha ao prato quatro vezes mais cara?
31.05.2008, Paulo Moura - PÚBLICO

Pescadores queixam-se de que os preços a que vendem o peixe não pagam o gasóleo. Mas ao consumidor o peixe chega cada vez mais caro

300 por cento é quanto o peixe sobe, muitas vezes, entre o preço de licitação na lota e o valor que o consumidor paga
Entre 18 e 20 mil pescadores e armadores estão paralisados desde a meia-noite de ontem, para protestar contra o aumento do preço do gasóleo. Se o Governo não os compensar pela escalada dos combustíveis, a pesca deixa de ser possível como actividade, alegam os representantes do sector.O preço a que o pescado é vendido na lota não paga as despesas de manutenção do barco, dos salários da tripulação e do combustível necessário para sair para o mar, explicam os armadores. Porque vendem o peixe ao mesmo preço desde há anos. Ou ainda mais barato, independentemente de terem de gastar mais em gasóleo. Queriam aumentar os preços, refectindo neles o aumento dos gastos, mas não podem, porque estão obrigados por lei a vender a produção em lota.Aí, os preços da sardinha, do carapau, do safio ou da abrótea são baixos. Mas ao consumidor chegam caros. Não raro atingem os 300 por cento do valor de licitação. A sardinha, por exemplo. Se for vendida na lota a 1,50 euros o quilo, pode custar 5, 6, ou mesmo 7 euros na praça ou num mercado de bairro. Mas também é normal que não ultrapasse os 2 euros num hipermercado.Quinta-feira à noite, um quilo de sardinhas foi vendido na lota de Peniche a 1,77 euros. Ontem, o mesmo quilo de sardinhas custava 5 euros numa banca do mercado do Bolhão, no Porto. No mercado do bairro do Rego, em Lisboa, custava 7 euros. No hipermercado Continente, no Centro Comercial Dolce Vita, no Porto, a sardinha estava a 2,99 euros o quilo. No Continente do Centro Comercial Colombo, em Lisboa, custava 3 euros. No Supermercado Pingo Doce da Avenida de Paris, em Lisboa, estava a 1,99 euros.As contas de um casoO Princesa das Ondas chegou ao cais de Peniche às 17h00, com 600 quilos de sardinha. Gastou 800 litros de gasóleo na viagem, durante 10 horas, segundo o mestre da embarcação. Ao preço de 75 cêntimos o litro, a pescaria custou 600 euros, não contando com o óleo.Os números começam a rolar nos visores automáticos da lota. Iniciam-se em 3, e descem, 2,98, 2,97, enquanto os cabazes de peixe circulam tum tapete rolante. "Sardinha!", anuncia o leileiro ao microfone. As dezenas de compradores sentados numa bancada seguram um comando electrónico e primem o botão quando vêem surgir o preço que estão dispostos a pagar. Os primeiros cabazes da sardinha são licitados a 1,77 euros. Mas nos últimos, onde o peixe é mais miúdo e vai amachucado, o valor desce a 60 cêntimos. O total das sardinhas sai por menos de 700 euros. Não pagou sequer o combustível, diz o mestre do Princesa das Ondas. Os elementos da "companha", que ganham à percentagem, não receberam nada. "O preço aumenta no consumidor, mas para nós é sempre o mesmo", queixa-se. Na bancada, estão comerciantes que vendem na praça, intermediários que levam a mercadoria ao Mercado Abastecedor da Região de Lisboa (MARL), outros que a transportam até aos mercados de peixe para, aí, a revenderem aos comerciantes de banca, armazenistas que vendem ali mesmo, na doca, a restaurantes, a vendedores da praça ou a segundos intermediários que fazem o transporte até aos vários mercados, e as empresas que compram para os hipermercados.Todos licitam com base na expectativa do preço a que conseguirão vender. Emília Mamede, de 73 anos, vem todos os dias. Tem duas bancas na praça de Rio Maior, a mais de 50 quilómetros. Leva o peixe no carro e vende ao preço que pode. Não paga a intermediários. No dia anterior, levou sardinha e carapau, mas não conseguiu vender parte da sardinha. Ao todo, ganhou 10 euros. Hoje tem de vender mais caro, para pagar a gasolina e compensar os dois dias que não veio, por ter de levar o marido ao médico.São os pequenos comerciantes como ela que fazem os preços subir na lota, explica Humberto Jorge, presidente da Associação dos Armadores de Peniche. Porque a maior parte dos licitadores vai vender o peixe no MARL, onde os preços são muito baixos devido à concorrência do pescado estrangeiro. "Dantes, o mercado era previsível. Por isso, o comercante podia ganhar pouco de cada vez. Agora, tudo é muito perigoso. Logo, quando há oportunidade, tenta-se ganhar o mais possível. As margens podem ir aos 300 por cento".Até ao pratoOs intermediários precisam de comprar a preços muito baixos. O mesmo acontece com os que compram directamente para as "grandes superfícies", como é o caso da Opcentro, que trabalha com o Hipermarché. No seu caso, as sardinhas são compradas o mais barato possível, para serem vendidas no hipermercado a um preço fixo, não sujeito às oscilações da lota. Com algumas variantes, o sistema está a ser adoptado por todas as "grandes superfícies". Humberto Jorge, que dirige a Opcentro, pensa, aliás, que a solução do problema das pescas terá de passar pela eliminação da lota. Os produtores deveriam poder negociar directamente com os vendedores, eliminando intermediários e formando preços.Vítor Correia é proprietário do restaurante Mili, em Peniche. Vai todos os dias à doca comprar o seu peixe, a um armazém que, por sua vez, o comprou na lota. A sardinha, que custou 1,77 euros, é-lhe vendida por 2,50 euros. No Mili, leva 7,50 euros por uma dose de sardinha. Deveria ter uma margem de 100 por cento, mas, praticamente, não ganho nada com a comida. As margens são feitas com o vinho, as entradas".No mercado do Bolhão, Maria dos Anjos tem a sardinha a 5 euros. Comprou-a a 4, a um vendedor que a vai buscar ao armazém da doca de Matosinhos, onde a terá comprado, em grandes quantidades, a 3. Na lota, o quilo custou 1,5 euros. Duas bancas ao lado, Sara Araújo está a vender a 4 euros o quilo. Consegue-o porque a sua mãe vai à lota e compra por grosso para várias vendedoras. Elimina um intermediário. "Ganho um euro por quilo de sardinha", explica. Mas nem sempre consegue vender tudo. O que sobra vai para a Remar. Para compensar, no dia seguinte, tem de vender mais caro. Na banca em frente, Lúcia Fernandes faz as contas. Até chegar aqui, a sardinha passa por quatro intermediários. Qual deles ganha mais dinheiro, não sabe. "Acho que deviam ir todos confessar-se a um padre", diz ela. "Mas que seja mouco, para não ouvir nada".

A besta que nos suga lentamente

Preços voláteis
Mas há outros factores difíceis de prever e que introduzem um risco acrescido: o da volatilidade. Refere o documento que "os preços poderão ser mais voláteis do que no passado"; entre outras razões, porque "os investimentos especulativos e não comerciais entram e saem dos mercados de futuros agrícolas de acordo com as oportunidades de lucro". PÚBLICO

Há fortes suspeitas de fraude e outros crimes nos sucessivos aumentos dos preços do petróleo. As autoridades norte-americanas suspeitam de manipulação nos preços do petróleo negociados no mercado de Nova Iorque.
A comissão que supervisiona a negociação de matérias-primas abriu um processo de investigação aos movimentos de transporte, armazenagem e negociação de petróleo feitos nos Estados Unidos, desde Dezembro de 2007.
Como reacção a esta notícia, os preços do petróleo recuaram esta sexta-feira e chegaram mesmo a negociar-se abaixo dos 125 dólares por barril. Ou seja, menos 10 dólares do que o máximo histórico atingido a semana passada. TVI

Para quem está alerta, nada disto é novidade e já há muito tempo que percebia que os preços são manipulados pela economia da bolsa, para sustentar os lucros imorais dos bancos, correctoras e investidores.
É o que acontece quando se aceita a implementação do neoliberalismo económico, se dá rédea solta a esta besta sem controlo, que alimenta o luxo de poucos em detrimento do sacrifício de muitos, com base em transacções virtuais…

A idolatria bacoca

O departamento comercial da Sotagus - Terminal de Contentores de Santa Apolónia (TCSA), enviou no início desta semana uma informação aos seus clientes a dar conta que vai "interromper a sua actividade durante a transmissão dos jogos da Selecção Nacional do Europeu de Futebol".
"De acordo com a nossa experiência, sabemos que, aquando dos jogos importantes da nossa Selecção, a maioria dos trabalhadores portuários fica indisponível. Os que aceitam trabalhar fazem-no com algum risco, com momentos de distracção para ouvir o relato. Esta situação não só provoca grandes quebras de ritmo como pode dar origem a algum acidente", lê-se no segunda circular enviada aos clientes do terminal.
Morais Rocha argumenta ainda que a experiência de campeonatos anteriores demonstrou que, "ou o pessoal metia folgas", ou estava distraído a trabalhar, "com auriculares a ouvir o relato, pondo em causa a segurança".
Causa náuseas, é grotesco, tamanho fanatismo …
Só uma ignorância e baixo nível cultural monumental é que pode explicar esta dependência por uma actividade que só potencia a corrupção, alimenta a vida milionária de indivíduos que em nada contribuem para a melhoria da qualidade de vida de um país. Como é que um povo que tem tanta aversão a privilégios e mordomias e simultaneamente as alimenta em jogadores de futebol, treinadores e dirigentes?
Um povo que vociferou apoios ao governo porque este atacou os ‘privilégios’ dos funcionários públicos e depois alimenta o luxo abjecto do futebol?
Simplesmente nauseabundo…

28/05/08

Manipulação dos números

No 1.º trimestre, 137 mil portugueses confessaram a sua impotência e desistiram de continuar a procurar emprego, um abandono que maquilha as estatísticas do desemprego (passam do contingente de desempregados para o de "inactivos"), mas aumenta as manchas de pobreza.
Numa altura em que 41% dos desempregados já não têm direito a subsídio, o primeiro-ministro fará bem em seguir o conselho do fundador do seu partido e dar a prioridade à adopção rápida de políticas de combate ao agravamento das desigualdades sociais. DN
A matemática também é perversa porque pode ser manipulada consoante as conveniências. Por isso, as estatisticas têm de ser sempre analisadas criticamente, dissecando a manipulação da verdade dos factos.

27/05/08

A verdade não é bonita

A Associação Sindical dos Juízes Portugueses (ASJP) considera que as recentes declarações do bastonário dos advogados no Fórum da Maia "não são aceitáveis" e admite "cortar relações" com Marinho Pinto se este continuar a "manchar a honra" dos juízes.
Segundo a imprensa, o bastonário afirmou, nomeadamente, que "nada mudou dentro do tribunal desde o tempo do Marquês de Pombal", que "as pessoas têm de se dirigir ao juiz da forma mais submissa, que nem com o Presidente da República é assim" e que os "magistrados são temidos, mas não respeitados". DN

Apesar das declarações acintosas, não invalida que sejam verdadeiras. Os juízes têm poder discricionário e arbitrário e podem usá-lo como sendo das suas competências. Felizmente, as suas decisões podem ser sujeitas a recurso, apesar deste ser analisado por outros juízes…
O mesmo se vai passar nas escolas com os titulares avaliadores: com as grelhas de avaliação propostas, a arbitrariedade e discricionariedade são latentes no processo de avaliação, ficando os avaliados à mercê dos humores dos avaliadores. E também vão surgir as submissões em relação aos titulares, sendo temidos mas nunca respeitados…

25/05/08

Envelhecer: o destino de qualquer ser humano

Idosos de Évora abandonados nas urgências pelas famílias
25.05.2008, Maria Antónia Zacarias

Instituição tem 30 camas indevidamente ocupadas. Director diz que o hospital "não pode ser um lar"

O Hospital do Espírito de Santo de Évora tem cerca de 30 camas habitualmente ocupadas com idosos cujo estado de saúde não justifica a sua permanência ali, mas que não têm para onde ir. "É praticamente uma enfermaria cheia de pessoas que podiam estar num lar ou em casa junto dos familiares", diz o director do hospital, António Serrano.O problema do abandono dos idosos pelos seus próprios familiares no banco de urgência da unidade hospitalar não é novo, mas tem vindo a agravar-se. Os filhos alegam muitas vezes a impossibilidade de tomar conta dos pais e a ausência de respostas por parte da Segurança Social. A urgência funciona então como "a última linha", prossegue António Serrano. "Quando não tem outra alternativa a pessoa vem com os idosos para aqui e deixa-os aos nossos cuidados". Os casos de abandono são facilmente perceptíveis: "Muitas vezes os idosos nem precisam de ser observados, porque se verifica rapidamente que não é uma situação de urgência". Mas os familiares "recusam-se mesmo a levá-los" de volta e chegam até a apresentar reclamações.

Sintoma de uma sociedade hedonista e egocêntrica, materializada pelo dinheiro e pelo culto da juventude. A continuar esta atitude cultural vale mais seguir os versos dos Xutos e Pontapés: ”Eu não quero morrer devagar!”

A evolução do roubo

Vende-se terreno

24/05/08

A eterna tirania

Administração da Fapobol despede por "justa causa" participantes em manifestação contra salários em atraso
24.05.2008, Abel Coentrão - PÙBLICO

Vários trabalhadores da Fabopol - Fábrica Portuense de Borracha receberam cartas de despedimento, culminando processos disciplinares instaurados pela administração da empresa a funcionários que tinham participado, no início de Abril, numa manifestação a exigir o pagamento dos salários de Março.

É por causa de situações destas no sector privado e no sector público que depois surgem os relatórios internacionais a considerar Portugal como uma democracia fraca.

Cenas da vida real

Um miúdo marroquino chama "macaco" a outro do Mali. Uma rapariga tunisina recusa-se a ler um trecho de um livro porque não lhe apetece. Um filho de portugueses aparece com uma camisola da selecção de futebol e o cabelo espigado à Ronaldo. Estas são algumas das situações que o professor de Entre les Murs, de Laurent Cantet, tem que enfrentar todos os dias na aula de Francês que lecciona num liceu algures em Paris; mas não é por isso que o filme, terceiro e melhor do trio que a França apresenta na Selecção Oficial do Festival de Cannes, se resigna aos clichés sensacionais do subgénero "filme de escola problemática".
Cantet disse numa entrevista que "toda a gente produz discursos ideológicos sobre a escola, mas muito poucos a conhecem e vão ver como funciona". Por isso, pegou na ideia que tinha de fazer um filme de ficção sobre a vida num liceu "difícil" e propôs ao jornalista, escritor e professor Francois Bégaudeau a adaptação ao cinema do seu livro Entre les Murs, baseado nas suas experiências de ensino. Mais: além de ter convidado Bégaudeau a co-escrever o argumento com ele e com Robin Campillo, Cantet propôs-lhe ainda que interpretasse o papel principal, o de um professor chamado... Francois.
Para transferir para a tela a autenticidade do livro, o realizador e o autor decidiram que os alunos seriam interpretados não por actores jovens recrutados em castings, mas pelos alunos de um liceu de Paris, que fizeram workshops dramáticos e foram encorajados a improvisar durante a rodagem, mantendo os seus nomes na fita, tal como os professores. O resultado é esta crónica de um ano lectivo numa sala de aula que é um microcosmo de milhares de outras em escolas "duras", não apenas em França mas também em qualquer país da Europa onde os filhos dos imigrantes africanos, asiáticos e também europeus vieram engrossar as fileiras escolares dos naturais. Onde dar aulas requer a um professor já não apenas a normal preparação pedagógica, como ainda paciência de santo, muita capacidade de encaixe e uma autoridade feita de parte de firmeza, parte de diplomacia, e o dia-a-dia é gasto a dar matéria e a tentar explicar aos alunos as regras básicas do respeito, da boa educação, do convívio social e do comportamento em público - especialmente numa sala de aula.
Colado ao máximo à realidade, Laurent Cantet descreve o confronto diário intenso, exigente e ingrato entre um adulto e um grupo de adolescentes em que se transformou o ensino em muitas das escolas das sociedades contemporâneas, sem desabar ou no discurso catastrofista do apocalipse escolar, nem nas piedades ingénuas das pedagogias redentoras, sem crucificar ou endeusar os professores ou transformar os alunos em estereótipos ou carne para canhão do politicamente correcto. E sem esconder que ensinar pode por vezes parecer uma missão quase impossível, face a quem não quer, não consegue ou resiste, com insolência e hostilidade, a ser ensinado. DN

Uma lei feita à medida

Foi aprovada na assembleia da república uma lei á medida de um indivíduo. O feito deve-se a que esse indivíduo foi um antigo presidente da república, Ramalho Eanes. Pelos vistos, o coitado não tinha direito a receber duas pensões de reforma simultaneamente: a de general e a de presidente. E pronto, altera-se a lei e já está. Que os restantes desgraçados deste país que ficaram impedidos de se reformarem por imposição da idade apesar de possuírem longas carreiras contributivas (mais de 40 anos), em prol de uma contenção orçamental, paciência, que se candidatem a presidente da república.
Depois pasmem que despoletem revoltas violentas algures no futuro…

Já veio a febre outra vez

Como antigo praticante federado de futebol, são consensuais os benefícios da prática do desporto. Já não vejo são os benefícios da idolatria bacoca que surge ciclicamente á volta do futebol profissional. O desporto detiorou-se completamente quando se transformou num negócio, e ainda mais quando centenas de milhares de pessoas lhe dão uma importância pessoal e intima. Que o façam, cada um é que sabe, mas á custa do erário público, é que é abjecto. Desde o governo até às câmara municipais, existem as mais variadas formas de depauperar o orçamento de estado em prol do futebol e afins profissionais. A demagogia politica impera incentivada por um povo infeliz e frustrado que usa o futebol como catarse da sua baixa auto-estima.
Como é possível que um povo aceite que pessoas ganhem dezenas de milhares de euros por mês e só trabalhem algumas semanas por ano (como o treinador da selecção), é incompreensível, em virtude desse mesmo povo vilipendiar (e bem) as mordomias dos políticos.
Os meios de comunicação social ajudam à festa com horas contínuas de emissão, noticiando o que não é noticia.
Quando perguntaram a um filosofo francês como se identificava um povo culto, ele respondeu que bastava ver a diferença de salário entre um maestro e um desportista nesse país, para aferir da importância que o povo dava à cultura. Vendo o que se passa em Portugal, já dá para aferir da cultura deste povo…

21/05/08

20/05/08

Num país da UE perto de si

Um país do G8 mas cuja organização social é digna de um país do 3º mundo. Um Portugal visto ao espelho...
Lucros de meio milhão de euros por dia, um volume anual de negócios de 150 milhares de milhões de euros por, 25 mil "trabalhadores" e mais de 200 mil "dependentes", ligados a todas as actividades ilegais e legítimas possíveis e imagináveis. Os números da actividade da Camorra no Sul de Itália fariam o orgulho de Tony Soprano. Só que associados a estes há ainda outros números. Para cima de 4 mil pessoas assassinadas nos últimos 30 anos, mais do que o IRA, a ETA, a Máfia siciliana e a Cosa Nostra. Nas zonas de Nápoles e da Caserta, há uma morte violenta a cada três dias.O jornalista italiano Roberto Saviano publicou em 2006 o seu livro Gomorra, onde detalha, analisa e explica o funcionamento da Camorra. Foi um best-seller (um milhão de exemplares vendidos em Itália, tradução em 30 línguas) mas valeu-lhe o ódio dos criminosos. Saviano vive sob protecção policial e muda regularmente de residência. Por isso não virá a Portugal este mês, apresentar a tradução de Gomorra.
Garrone realizou um "documentário" neo-realista sobre a Camorra, concentrando em cinco histórias cruzadas o gigantesco volume de informação do livro. Através delas, consegue mostrar a extensão dos "negócios" da organização e o seu enorme poder social, político e económico, a forma como corrompe valores sociais e relações humanas, e todas as pessoas que toca. Desde as crianças dos bairros controlados pela Camorra, que começam por ser "vigilantes", "correios" e iscos em assassínios, até depois se tornarem "soldados", aos empresários ligados, por exemplo, à reciclagem dos detritos tóxicos (a Camorra está na origem de muita da poluição industrial no sul de Itália), passando pelo têxtil (a história do mestre alfaiate deixa claros os laços existentes entre a alta costura italiana e o submundo). DN

Caracterização dos politicos

Adivinhem a que grupo pertencem...

Os homens dividem-se, na vida prática, em três categorias - os que nasceram para mandar, os que nasceram para obedecer, e os que não nasceram nem para uma coisa nem para outra. Estes últimos julgam sempre que nasceram para mandar; julgam-no mesmo mais frequentemente que os que efectivamente nasceram para o mando. O característico principal do homem que nasceu para mandar é que sabe mandar em si mesmo. O característico distintivo do homem que nasceu para obedecer é que sabe mandar só nos outros, sabendo obedecer também. O homem que não nasceu nem para uma coisa nem para outra distingue-se por saber mandar nos outros mas não saber obedecer. O homem que nasceu para mandar é o homem que impõe deveres a si mesmo. O homem que nasceu para obedecer é incapaz de se impor deveres, mas é capaz de executar os deveres que lhe são impostos (seja por superiores, seja por fórmulas sociais), e de transmitir aos outros a sua obediência; manda, não porque mande, mas porque é um transmissor de obediência. O homem que não nasceu nem para mandar nem para obedecer sabe só mandar, mas como nem manda por índole nem por transmissão de obediência, só é obedecido por qualquer circunstância externa - o cargo que exerce, a posição social que ocupa, a fortuna que tem...
Fernando Pessoa, in 'Teoria e Prática do Comércio'

18/05/08

Ser chefe

Sócrates assistido no hospital de Santo António

JOÃO PEDRO HENRIQUES
E PAULA FERREIRA
CARLOS JORGE MONTEIRO - DN

O primeiro-ministro foi ontem assistido no Hospital de Santo António, no Porto. José Sócrates mostrou sintomas de febre e foi aconselhado pelo pessoal do INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica) que geralmente o acompanha a, nas palavras de um seu assessor, "dar um salto" às urgências daquele hospital. O INEM receava que José Sócrates padecesse de alguma doença contraído na América Latina. Suspeitava-se de uma cólica renal, sendo assistido por um urologista. Luís Bernardo, assessor de imprensa do primeiro-ministro, disse ao DN que se concluiu que o primeiro-ministro apenas mostrava sintomas de gripe.
Sócrates esteve à noite no hospital entre 15 a 20 minutos e depois seguiu para Braga, para uma sessão com militantes do PS para discutir a revisão do código laboral lançada pelo Governo.

Pela triagem de Manchester, qualquer outro cidadão ficaria 4 ou mais horas à espera...


TRAIÇÃO!

Pouco mais de 200 professores concentraram-se ontem no Porto para uma manifestação contra políticas da ministra da Educação. A concentração ficou, aliás, aquém das expectativas. A mesma fraca adesão ocorreu nas manifestações de Coimbra, Lisboa e Évora.
A pouca participação também tem a ver, segundo o sindicalista, como facto de "muitos professores estarem a trabalhar, a corrigir provas".
No entanto, o sindicalista frisou que "a manifestação pretende dizer que o protocolo de entendimento assinado a 17 de Abril não significa que os professores estão resignados" (...) DN

Desculpas esfarrapadas que só podem convencer quem não é professor...
É preciso dizê-lo com as letras gordas: TRAIÇÃO!
É o que todos sentem mas ainda não o gritaram. Mas as acções falam por si.
Por muita revolta que se sinta no âmago, ninguém se vai pôr a jeito para dar corda para se enforcar depois do entendimento. Se tudo ficou na mesma (avaliação, gestão, etc.) ninguém vai correr o risco de se expor publicamente, porque ainda existem muitos lacaios avaliadores. As “charruadas” ainda estão presentes na memória de muitos...
A agenda política sindical sobrepôs-se à agenda profissional e laboral, e com isso enterraram o sindicalismo. A estupidez sindical (ou interesse?!) foi tão grande, que o tiro em vez de ter sido no pé foi na cabeça...

17/05/08


Eles por lá

Parece que o ataque aos professores considerando-os o bode expiatório é uma estratégia europeia. A França é o tampão ao ataque ao Estado social e se claudicar, é como uma barragem que cedeu ao rio: vamos ser inundados por tempos de exploração, pobreza, capitalismo selvagem, com muita violência social à mistura…

Professores e funcionários em greve contra reformas em França
16.05.2008

Entre 200 mil e 330 mil pessoas saíram à rua num total de 5,2 milhões de funcionários públicos em toda a França a Foram principalmente professores que aderiram à greve da função pública de ontem em toda a França - são eles os mais atingidos pela reforma da administração do Estado defendida pelo Governo do Presidente Nicolas Sarkozy e que prevê para 2008 a supressão de 22.900 postos de trabalho, metade dos quais no sector da Educação. Para o próximo ano, foi anunciado o fim de mais 35 mil empregos na função pública. Os sindicatos denunciam uma "política de desmantelamento" do serviço público. E também por isso desfilaram em manifestações em várias cidades, incluindo Paris, onde o protesto juntou cerca de 50 mil pessoas. No total, dizem sindicatos, 330 mil franceses saíram à rua; segundo a polícia, terão sido 200 mil. O Governo defende a sua posição, falando numa "revolução cultural" na função pública. Sobre as reformas anunciadas diz que não recuará. O ministro do Orçamento e Função Pública, Eric Woreth, considerou que este "não era um problema de direita, ou de esquerda". "É um problema de eficácia do serviço público", quando o país enfrenta um pesado défice público, defendeu numa entrevista à televisão. Os sindicatos falaram numa adesão de cerca de 60 por cento. O Governo avançou outros números: 40 por cento. Os protestos vão continuar na próxima quinta-feira, 22 de Maio, dia em que a contestação será contra o fim dos regimes de excepção nas reformas de trabalhadores de alguns sectores. Ana Dias Cordeiro

13/05/08

Podiam começar por casa

Cardeal apela a políticos por justa divisão de bens

Vivemos numa "sociedade opulenta" e depois deparamo-nos com "esta realidade triste, vergonhosa, onde morrem milhões de irmãos à fome". É desta forma que o cardeal português, José Saraiva Martins, que preside hoje e amanhã às celebrações do 13 de Maio em Fátima, um dos "ministros do governo" no Estado do Vaticano, caracteriza o estado actual da sociedade no mundo. Colocando o enfoque nos países ocidentais, onde considera que a situação de pobreza ainda é menos admissível do que nas áreas do globo menos desenvolvidas. Defende, por isso, que é preciso "proceder a uma distribuição social dos bens que a Terra produz", porque "são de toda a humanidade, não deste ou daquele que se arrogue seu proprietário".
A tese é incontestável excepto quando é aconselhada por quem gastou €70 milhões num templo em Fátima com mordomias tecnológicas (painel do altar com folha de ouro, muro hidraulico que separa a igreja em dois compartimentos, etc.), cujas despesas de manutenção mensais ascendem às dezenas de milhares de euros...

11/05/08

Politicamente incorrecto

Com a alteração do ECD, ficou exposto um assunto que só permanecia em pensamento ou que era comentado a titulo privado com um número restrito de pessoas, porque envolve polémica. Esse assunto politicamente correcto, é considerar que no ensino são todos professores independentemente da área disciplinar que leccionam. Esta assunção é uma meia verdade, porque a única coisa em comum é o acto de ensinar, mas cada área do conhecimento implica trabalho pedagógico diferente. Neste contexto, separo as disciplinas em duas áreas:

1-psico-motor (“saber-fazer”)
2-cognitivas (“saber-saber”).

No 1º grupo estão incluídas as disciplinas de Educação Física, Educação Tecnológica e Educação Visual, enquanto que no 2º grupo estão as restantes. Publicamente, o receio infundado de serem tratados profissionalmente de maneira diferente, leva os docentes do 1º grupo a repudiar veementemente esta divisão, mas que em privado reconhecem que existe.
No 1º grupo, o acto de ensinar ocorre predominantemente no contexto da aula, e portanto, a componente não lectiva de preparação de aulas não é tão pesada. No 2º grupo, tem de existir a preparação da aula (com estudo das matérias, elaboração de materiais didácticos, fichas de trabalho e sua correcção, testes escritos e sua correcção, estratégias pedagógicas adequadas para a leccionação dos conteúdos, etc.), o que implica uma componente não lectiva mais pesada.
Todavia, o ECD não consignou as diferenças entre grupos disciplinares colocando todos no mesmo saco, acontecendo o mesmo com a avaliação de desempenho. Neste capítulo, todos sabem que nas áreas do 1º grupo, os alunos têm sempre bons resultados escolares, mantendo-os ao longo do ciclo de estudos; a este facto não será alheio o contexto sala de aula ser completamente diferente: na Ed.Fisica estão num ginásio ou no exterior onde podem ter mais liberdade de movimentos; na Ed. Visual e Ed. Tecnológica executam essencialmente trabalhos práticos de manufactura, onde podem interagir uns com os outros sem perturbar a aula. Assim, estes professores terão sempre garantida uma boa avaliação no parâmetro dos resultados escolares dos alunos. No caso das outras disciplinas, o contexto de estarem fechados numa sala de aula com regras de intervenção e com trabalho essencialmente cognitivo, de apelo ao raciocínio lógico-concreto, formal e abstracto, restringe mais a liberdade de interacção entre alunos para que a aula não seja perturbada (e daí serem nessas disciplinas que ocorre a maioria dos casos de indisciplina). Assim, estes professores têm muitos mais dificuldade em ter uma boa avaliação no parâmetro dos resultados escolares dos alunos, principalmente aqueles que possuem níveis de ensino sujeitos a exame nacional.
Nos últimos anos, algumas escolas assumiram explicitamente estas diferenças através da diferenciação do número de horas da componente não lectiva individual atribuída aos docentes: os do 1º grupo tinham mais horas de trabalho no estabelecimento do que os restantes (exceptuando os docentes de ED.Visual que leccionavam níveis de ensino sujeitos a exame nacional, como no caso da Geometria Descritiva).
Ou seja, ensinar uma determinada área disciplinar é completamente diferente de ensinar outra área disciplinar, porque ensinam conteúdos diferentes. Tratar de forma igual contextos diferentes é pedagogicamente injusto.
Este assunto está sempre envolto em polémica, com reacções adversas, mas até hoje todos os docentes do 1º grupo intelectualmente honestos, em privado assumiram naturalmente estas diferenças. Desde o colega de Ed. Fisica que confessavava que só para preparar um esquema para leccionar uma aula ao 7º ano demorou 30 mins (!) numa área do desporto relativamente simples e que agora compreendia o tempo que seria necessário para preparar uma aula das disciplinas cognitivas, passando pela outra colega de Ed.Fisica que confessava que quando chegava a casa, tomava banho e ainda tinha tempo de poder sair com os amigos enquanto que a colega de Matemática tinha de ficar a preparar aulas pela noite dentro, até à colega de Ed. Física que percorre todos os dias 200 Km desde a área de residência até à escola, e no final do dia ainda vai leccionar diariamente, incluindo o fim-de-semana, aulas numa academia de artes (tal só é possível porque não necessita de usar a componente não lectiva individual para preparar aulas), são exemplos concretos que são todos professores, mas não possuem a mesma componente não lectiva de trabalho individual.
Por isso, uma das coisas que sempre defendi, sabendo que é politicamente incorrecta e sujeita a polémica pessoal mas incontestável a nível pedagógico, é que o ECD devia possuir um tronco comum mas depois devia possuir um articulado que distinguisse especificamente cada uma das áreas disciplinares que existem no ensino, de modo a discriminar o trabalho pedagógico entre cada uma delas; o mesmo deveria ter acontecido para a avaliação do desempenho.

10/05/08

Quantos são? Quantos são?

Assim, durante 2008, cada inspector tem que efectuar duas detenções, oito processos-crime, 61 contra-ordenações, seis suspensões e apontar 124 infracções.
São os objectivos individuais exigidos aos inspectores da ASAE, que têm repercussões na carreira profissional dos mesmos. Quem vão ser os desgraçados que vão contribuir para esta carreira, é um autêntico sorteio.
Usando a linguagem de Pina Manique, ou um inspector tem umbridade ética e moral e caga na carreira, ou é humano e também precisa de dinheiro para viver e portanto pode ser obrigado a inventar detenções e infracções para não ser prejudicado.
Analogamente, é algo que vai acontecer com os resultados escolares dos alunos, quando os professores são responsabilizados pelas mesmas e a sua carreira também depende delas.
O que é significativamente abjecto, é constatar ser o socialismo a promover este modo de interacção social.

08/05/08

Motivo de revolta

O quadro de Claude Monet Le Pont sur le chemin de fer d"Argenteuil foi leiloado na terça-feira na Christie"s de Nova Iorque, por mais de 24 milhões de euros. A obra, pintada em 1873 pelo pintor francês, foi descrita pelo responsável do sector de arte moderna e impressionista da Christie"s, Guy Bennett, como "uma das maiores obras impressionistas ainda em mãos privadas - o mercado estava à sua espera". No mesmo lote, a escultura de Auguste Rodin Eve, grand modèle-version sans rocher, foi arrematada por mais de 12 milhões de euros. PÚBLICO

A estupidez monumental de alguns seres humanos, que são, algumas vezes, os mesmos que procedem ao despedimento de milhares de trabalhadores para racionalizar custos. Pois, para custear estes custos…

07/05/08

A causa

Todas as semanas, desde há dezenas de anos, que são denunciados casos ligados à criminalidade económica e corrupção. Uma última tentativa para criar leis que efectivamente combatessem a causa do subdesenvolvimento deste país, foi liquidada pelos deputados da maioria absoluta que a ostracizaram para um esquecimento conveniente. O deputado socialista João Cravinho apresentou uma proposta para criminalizar o enriquecimento ilícito, mas os seus companheiros de partido abafaram a proposta. Como disse um antigo director da policia judiciária, juiz Marques Vidal, não é possível combater a corrupção com o mapa jurídico actual, e que interessa ao poder politico manter este status quo, porque o poder económico sobrepõe-se ao poder politico e ninguém quer arranjar lenha para se queimar. Por isso, quando se ouve a lengalenga do défice provocado pelas despesas de educação, saúde, segurança social, deve ser completamente rejeitada porque esse défice é resultado da corrupção que drena o orçamento de estado. Nenhum cidadão deveria neste momento aceitar essa argumentação bacoca, sob pena de estar a contribuir para a podridão que infelizmente vai continuar a grassar neste quintal europeu.

06/05/08

O carácter de um PM

Quando um país europeu tem um primeiro-ministro com 'determinado' carácter, está caracterizado o país...

António Morais, ex-assessor de Armando Vara, vai ser julgado por corrupção
06.05.2008, José António Cerejo

Professor de José Sócrates na Independente, a ex-mulher e um empresário pronunciados por corrupção e branqueamento de capitais no concurso para o aterro sanitário da Cova da Beira
António Morais, o antigo professor da Universidade Independente que em 1996 leccionou quatro das cinco disciplinas com que José Sócrates concluiu a licenciatura e que nessa altura era assessor do secretário Estado Armando Vara, foi ontem pronunciado pelos crimes de corrupção passiva para acto ilícito e branqueamento de capitais, alegadamente praticados naquele mesmo ano.


A verdade inconveniente

Aquela que incomoda o capital e a politica sem ética, grotescamente egocêntricos...

01/05/08

Tráfico de influências no comando da PSP

No dia 21 de Setembro de 2004, 2 Agentes da PSP, dirigiram-se à Rua Paiva Couceiro, nº 3, por determinação da Central Rádio, em virtude de ter sido denunciada a ocorrência de uma desordem na via pública, nas imediações de um Estabelecimento de Restauração e Bebidas ali localizado, provocada por alguns indivíduos que se haviam envolvido em agressões físicas mútuas. Uma vez chegados ao local os dois Agentes terão contactado dois dos envolvidos nas agressões que ainda ali permaneciam, um dos quais já havia chamado uma ambulância através do 112, cuja vinda acabou por ser anulada pelos referidos Agentes através da Central Rádio, segundo os mesmos, com a anuência do ofendido que a solicitara, pelo facto de este se poder parte superior dos olhos.
Porém, o ofendido em causa terá, a dada altura, exigido aos Agentes da PSP que o transportassem ao Hospital no CP, os quais o terão “inequivocamente elucidado da impossibilidade de tal diligência ser efectuada por parte daquela Policia”, ao que o mesmo reagiu de forma autoritária, não se conformando com a explicação apresentada, estabelecendo em seguida contacto através do seu telemóvel, com um Comissário daquela Força de Segurança, ao qual solicitou que determinasse aos elementos da tripulação em causa a realização do seu transporte ao Hospital. Um dos Agentes predispôs-se então a falar com o suposto Comissário de Policia, no sentido de aclarar a situação, através do aludido telemóvel do queixoso, tendo-se aquele identificado pelo nome e Posto, como sendo o Comissário (a que chamaremos Comissário X), que se encontrava de “Oficial de Serviço ao Comando de Lisboa (Cometlis)” e manifestado uma certa incompreensão, perguntando se estavam a questionar a sua autoridade, ao que o Agente da PSP terá respondido que “…em virtude de não ser possível corroborar a sua identificação, o mesmo teria que utilizar os meios/canais oficiais para determinar a sua ordem”, se pretendia que aquela tripulação efectuasse o transporte do queixoso ao Hospital.
Subsequentemente, em 21/8/2005, foi lavrada uma Participação pelo Sr. Comissário de
Policia, que deu origem ao Processo Disciplinares que vieram a ser instaurados contra os dois
Agentes da PSP intervenientes, por violação dos deveres de zelo, de obediência e de aprumo. Estes Processos Disciplinares, após desenvolvimento da respectiva tramitação processual, culminaram com as decisões condenatórias proferidas em 4/04/2007 que puniram os dois arguidos, com a sanção de 6 dias de multa.
Descrição dos factos num Parecer sobre legalidade de transmissão de ordem de superior hierárquico por telefone móvel de particular- PAR-5/2008, da Inspecção-geral da Administração Interna
Ou seja, um cidadão que levou umas pancadas decidiu extemporaneamente exigir aos policias que o transportassem ao hospital no carro patrulha. Perante a correcta recusa dos agentes em utilizar indevidamente um veículo destinado a outras funções, o cidadão decidiu meter uma cunha a um comissário que devia ser das suas relações pessoais de amizade, dado que possuía o seu nº de telemóvel. Contudo, o policia recusou-se correctamente a acatar uma ordem de transporte feita através de um telemóvel, porque simplesmente não ia acreditar só na palavra do interlocutor que se dizia ser comissário da policia, sem confirmar por fonte segura da sua identidade.
Por azar, parece que o dito interlocutor era mesmo comissário e por despeito, acciona um processo disciplinar que acaba em condenação dos policias. Portanto, os policias foram condenados por agir correctamente e pagaram as favas de um comissário permeável a tráfico de influências, que deveria ter sido sujeito a processo disciplinar pelo comportamento impróprio.
Quando no alto comando de uma força de segurança, que tem a importante função de preservar o Estado de Direito, existem comandantes que têm os comportamentos menos dignos e ilegais, não é de esperar uma sociedade muito pacifica e harmoniosa…

As tetas do orçamento e os vitelos que as mamam

O secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Manuel Lobo Antunes, vai sair do Governo para chefiar a representação de Portugal na União Europeia, numa movimentação diplomática que nomeia também Manuel Maria Carrilho para a UNESCO, disse ontem à agência Lusa fonte oficial.

Estes são os exemplos das tetas usadas para mamar no erário público; lugares decorativos, sem relevância no funcionamento da sociedade, servem unicamente para premiar os lacaios que ajudam a manter as elites no poder.
Este estado de coisas não vai durar eternamente, por isso não está em dúvida se vai acontecer mas quando vai acontecer a próxima revolução…

A corrupção no seu melhor

Nenhum trabalhador da Administração Pública nem nenhum contribuinte, jamais aceitarão a perda dos seus direitos sociais com base na justificação da diminuição do défice e na racionalização dos recursos, enquanto persistirem estas formas de corrupção que delapidam o erário público: