28/02/09

A recompensa previsivel

O constitucionalista Vital Moreira será o cabeça-de-lista do PS ao Parlamento Europeu (PE). O anúncio foi feito por José Sócrates aos congressistas, reunidos em Espinho. SOL

Era de prever! O cão de guarda socrático mais feroz e interveniente nos jornais, só podia ter esta recompensa. Muito provavelmente toda a sua atitude ia nesse sentido, de receber o devido prémio pela defesa implacável do socratismo. Lá dizia o Vasco Santana: "Andamos todos ao mesmo!..."

E tudo continua na mesma...

A recente compra de quatro viaturas de gama alta por parte do Conselho de Administração (CA) do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro caiu mal no meio hospitalar. O presidente do CA, Carlos Vaz, justifica que as viaturas se destinaram aos membros que ainda não tinham carro e que se trata de uma regalia legal. No entanto, uma fonte que preferiu não ser identificada argumentou que "quando a palavra de ordem é reduzir encargos e custos, é lógico que a compra gerou descontentamento". DN
As elites dirigentes continuam com a mesma mentalidade: não estão lá para servir mas para se servirem (do erário público)...

Ignóbil

373,5 milhões de euros foi o resultado final do leilão de Paris, que bateu o recorde mundial de venda de uma colecção privada. DN

Como é possível existirem pessoas que se dispõem a gastar estas quantias por arte? Qual o seu impacto nas comunidades em que residem? Será que usam a sua colossal fortuna para desenvolver a comunidade em que vivem? Pelas condições de vida de muitos milhões de pessoas, parece que a resposta é negativa...

25/02/09

Reflexão metafisica

O fim é igual para todos. Será o único momento temporal em que a igualdade existe no seu estado puro: seja rico ou pobre, todos morrem. A diferença apenas está no 'durante:' uns com melhor qualidade, outros com pior. Este fatalismo inultrapassável coloca muitas questões sobre o sentido da Vida, sobre todos os comportamentos que os humanos assumem em vida. A competição desenfreada, o individualismo, a violência e o ódio, o eliminar o outro, tornam-se absurdos perante a evidência que nada disso impedirá o fim físico inevitável.
Mas a consciência da morte não tem impedido para que as atitudes e comportamentos desviantes e negativos, que induzem sofrimento no outro, tenham sido eliminadas da acção humana. Essa consciência poderia ser catalizadora de um admirável mundo novo, mas a história já desmentiu essa hipótese...

Reedição do passado

Livreiro vai processar PSP por "abuso de autoridade"
SUSANA PINHEIRO, Braga - DN

Escândalo. Alguns agentes da PSP de Braga apreenderam exemplares de um livro que reproduzia na capa um célebre quadro de Courbet, 'A Origem do Mundo'. A Direcção Nacional já emendou a mão e mandou devolver as obras. O livreiro mantém a queixa, para prevenir futuras situações do género

A PSP de Braga vai devolver, por ordem da Direcção Nacional, os livros apreendidos, no domingo, na feira do livro. A justificação é que a obra em causa - Pornocracia, de Catherine Breillat, editada pela Teorema - "reproduz uma obra de arte". Por isso, "não havendo fundamento para a respectiva apreensão, foi determinado o envio de uma comunicação ao Ministério Público para considerar sem efeito o respectivo auto".

O magistrado António Martins entende que as situações e os alertas ocorridos recentemente de interferência nas esferas da liberdade de expressão e da liberdade sindical suscitam a ideia referida por Orwell de uma sociedade "altamente vigiada e limitadora do sentido crítico das pessoas que se deve querer em democracia. PÙBLICO

Há uns anos também aconteceu o mesmo numa livraria em Viseu. O professor Adelino Maltez afirmou numa entrevista que um sistema totalitário não é derrubado por decreto, e os seus tiques e influências perduram algumas gerações. Parece que o Estado Novo ainda perdura...

22/02/09

CITAÇÃO

"Se não houvesse medo, um qualquer destes destacados militantes socialistas que periodicamente nos avisa do grave perigo que atravessa a sociedade portuguesa teria tido a coragem suficiente para abandonar a sua zona de conforto e enfrentar José Sócrates".
João Marcelino, "Diário de Notícias", 21-02-2009

A justiça que temos

Justiça reconhece falta de meios no caso Mesquita Machado
Por Luís Rosa

O processo de Mesquita Machado foi arquivado por «falta de meios», segundo a própria Justiça. Contra o autarca de Braga foram reunidas fortes suspeitas, mas os magistrados admitiram não ter meios para levar a investigação até ao fim.
O procurador Lemos Matos – titular do inquérito, que se iniciou em 2000 e acabou por ser arquivado em Novembro último por «carência de provas» – diz mesmo que a ausência de «recursos humanos» deveu-se à prioridade atribuída pela PJ do Porto a «outras investigações, talvez mais mediáticas». Isso terá impedido «outro dinamismo e preocupação investigatória» que «contribuísse eficazmente e com transparência para o esclarecimento da verdade factual». «É com isto que se não compadece a realização da Justiça!» – lê-se no despacho final, a que o SOL teve acesso.

Desempregados de luxo

O braço direito de Oliveira e Costa na Sociedade Lusa de Negócios (SLN), Luís Carlos Oliveira Caprichoso, recebeu 687.500 euros em Agosto de 2007, a título de compensação pela cessação das funções de administrador que ocupava em 20 empresas do grupo, entre elas o Banco Português de Negócios (BPN), entretanto nacionalizado. PÚBLICO
Um trabalhador só tem direito a receber um mês de salário por cada ano de trabalho...

Paga, Zé Povinho!

Banco do Estado comprou acções da Cimpor a empresário oferecendo-lhe 60 milhões de mais-valias.
O que está em causa é o facto de, alegadamente, o banco do Estado ter comprado a Manuel Fino um lote de 64 milhões de acções da Cimpor por 4,74 euros, quanto estavam cotadas a 3,79 euros. Ou seja, nesta venda fez uma mais valia de 60,8 milhões de euros em relação ao preço de mercado das acções. E esses 60,8 milhões de euros vieram dos cofres do Estado, tendo anteontem o Bloco de Esquerda afirmado, através de Francisco Louçã, que poderiam servir ao empresário para este pagar uma dívida à CGD (dinheiro usado para comprar acções do Banco Comercial Português). Segundo o Bloco de Esquerda, Manuel Fino tem ainda opção de recompra das acções, por três anos. A Caixa Geral de Depósitos é agora dona de 9,53 % dos activos financeiros da cimenteira Cimpor. "Com que critério numa época de tantas dificuldades se esbanja dinheiro desta forma?", perguntou Francisco Louçã. DN

20/02/09

Modelo económico português

Um divórcio atirou a Mara para uma jornada de trabalho de sete a dez horas, todos os dias da semana. De segunda a sexta assume a tempo inteiro um projecto de aplicações financeiras do Banco Espírito Santo. Ao sábado e ao domingo atende ao balcão numa loja de chocolates das Amoreiras."Levanto-me, trabalho, como e durmo. Para já, é a única opção." No banco, onde está há nove anos, tem um ordenado acima da média. Mas os 930 euros por mês deixaram de ser suficientes quando, por volta dos 30 anos, passou a suportar os encargos sozinha. Diz que nunca teve dificuldade em encontrar em emprego. O da loja, que paga o carro, é mediado por uma agência de trabalho temporário. "Hoje em dia, ter carro e casa só é acessível a um casal." Ou a quem também trabalha ao fim-de-semana.
Alexandra (nome fictício), licenciada em Direito, é outro exemplo concreto dos casos detectados pelo Inquérito ao Emprego no último trimestre do ano passado. Os honorários dos processos oficiosos poderiam ser suficientes se o M inistério da Justiça "pagasse atempadamente". Chegou a esperar oito meses. Pouco depois de ter contactado uma agência de trabalho temporário integrou o departamento de facturação de um dos maiores grupos de telecomunicações. Por um horário de trabalho a tempo inteiro, recebia o salário mínimo e prémios. Não deixou de pedir licenças para aceitar alguns processos. "Depois da expectativa que se cria ao fim de tantos anos de curso e do estágio, desistir custa um pouco. Lido com pessoas que estão exactamente na mesma situação." No início do ano resolveu dedicar-se exclusivamente à advocacia. Espera que a situação dure, pelo menos, até Maio. A opção tomada no ano passado assegurou as despesas básicas: "Ter um pouco de independência financeira, ir ao cinema e de vez em quando comprar roupa." Aos 31 anos, queria já ter saído de casa dos pais.
O retrato traçado pelo INE denuncia, contudo, que os salários baixos ainda são muito frequentes. (…) os dados relativos ao ano passado apontam para a existência de mais de 1,6 milhões de pessoas com um rendimento mensal inferior a 600 euros. O equivalente a 42% de todos os trabalhadores por conta de outrem. DN


Um caso demonstrativo dos baixos rendimentos que perduram à décadas em Portugal. Por isso, é incomprrensivel o argumento empresarial da falta de competividade da economia portuguesa quando um dos factores que pesam no orçamento de uma empresa- os salários- são dos mais baixos da Europa.

15/02/09

Uma ideia revolucionária

O comissário europeu do Emprego e Assuntos Sociais quer que a Europa debata a introdução de um "salário máximo". "Se temos o conceito de salário mínimo, penso que também podemos desenvolver o de salário máximo", afirmou Vladimir Spidla, em entrevista ao DN.

Aqui está uma ideia interessante e de exequibilidade viável: um principio da distribuição da riqueza de modo a eliminar o fosso persistente entre abastados e indigentes.
O problema é se os grupos dos estratos superiores estão disponiveis a aceitar um procedimento verdaddeiramente humanista...

O grande poder das mulheres

Quinze jovens do movimento juvenil da oposição "Nós" manifestaram-se ontem no centro de Moscovo contra a política dos actuais dirigentes russos, apelando às restantes jovens e mulheres russas que recusem fazer sexo com namorados e maridos que apoiem Vladimir Putin e Dmitri Medvedev.
(…) as jovens foram buscar a ideia da manifestação à comédia Lisístrata, escrita pelo grego Aristófanes em 411 a.C.. Na época em que foi escrita, Atenas atravessava um período difícil da sua história. Abandonados pelos seus aliados, os atenienses tinham ao redor das muralhas da sua cidade as tropas de Esparta. Essa luta fratricida enfraquecia a Grécia, pondo-a à mercê dos Persas e Medos. A peça de Aristófanes faz uma crítica severa a essa guerra, envolvendo as mulheres das cidades gregas na Guerra do Peloponeso, lideradas pela ateniense Lisístrata, que decidem instituir uma greve de sexo até que seus maridos parem a luta e estabeleçam a paz. No final, graças às mulheres, as duas cidades celebram a paz. DN

Mudanças pesadas

Antes de 2005: entrava-se na sala e o ruído das conversas, do convívio, do debate, enchia a sala nos intervalos. O som audível das vozes, a gargalhada, eram comuns nas salas de professores.

2009: entra-se na sala e silêncio sepulcral. Sussurros, murmúrios sibilantes, são os sons comuns. Não há convívio, debate, conversa ou gargalhada. Os semblantes estão taciturnos, sorumbáticos, desconfiados.

Estes são os resultados da política orçamental de 3 dirigentes ministeriais: para poupar nos salários, estimula-se e implementa-se a competitividade agressiva e destruidora. Em que mundo vivem esses 3 dirigentes para considerarem que é este tipo de mundo o ideal para o desenvolvimento?

Criticas a pares

Vários bloguistas conhecidos da praça criticaram (talvez com legitimidade) a postura pouco corajosa de professores que entregaram os famosos OI. Considero essas críticas algo excessivas por dois motivos:
- os OI não são o cerne da avaliação. O ponto crítico vai ser atingido no final do ano quando for obrigatória a entrega da autoavaliação; neste momento, quantos dos que não entregaram os OI estão dispostos a desobedecer à lei? Nesse momento é que veremos a verdadeira coragem (suicida, diga-se de passagem).
- esta postura de resistência já devia ter sido implementada em 2005 aquando da discussão do ECD; muitos dos que são hoje titulares nem sequer fizeram greve aos exames nacionais, por receios infundados da requisição dos serviços mínimos. Também podiam ter boicotado o concurso de titulares não concorrendo, deixando-o deserto; nessa época também não decidiram pensando na sua vidinha?

Portanto, agora a resistência tem menos impacto porque peca por tardia, e não se pode apontar o dedo acusador se anteriormente não se mostrou coragem em momentos críticos.

14/02/09

A bodega do futebol

Uma má notícia parece nunca vir só: as Nações Unidas estão a prever uma queda na produção de cereais este ano devido ao mau tempo, aos conflitos e às oscilações dos preços no mercado. Simultaneamente, surge outro dado aterrador: o número de pessoas que sofrem de fome já ronda os mil milhões. PÚBLICO

Compare-se esta situação com a imoralidade abjecta de um banco espanhol disponibilizar a um clube de futebol €70 milhões (!) para comprar o jogador Ronaldo…
A estupidez humana é irritante e cria pulsões autodestrutivas…
A Autoridade Florestal Nacional já autorizou o abate de 1331 sobreiros na Quinta do Vale da Rosa, em Setúbal, onde irá nascer um empreendimento que possibilitará a construção do novo estádio do Vitória de Setúbal. PÚBLICO

Será que é assim tão difícil ver que o futebol está a ser usado para branqueamento de capitais, fraudes fiscais e enriquecimento ilicito?

13/02/09

Forças ocultas do Pinócrates?!

Movimento de Alegre ameaçado pelo MP
JOÃO PEDRO HENRIQUESHENRÂNI PEREIRA
ARQUIVO DN

MIC teve de mudar estatutos por pressão judicial

O Movimento de Intervenção e Cidadania (MIC), formado a partir da candidatura presidencial de Manuel Alegre em 2006, esteve ameaçado de extinção pelo Ministério Público.Uma ameaça que Helena Roseta, da direcção do movimento, qualificou ao DN de "estranha". "O Ministério Público não terá coisas mais importantes com que se preocupar?", questionou-se a vereadora na Câmara de Lisboa. "Não posso deixar de relacionar este processo com o facto de estar em causa uma associação a que está ligado o Manuel Alegre."
"Agora o MIC é praticamente indissolúvel", diz Roseta, para quem "é uma coisa absurda" o Ministério Público andar a controlar os estatutos de associações cívicas independentes. "É um resquício da legislação anti-associativa da ditadura", considerou. "Já participei em inúmeras associações e nunca vi nada disto. É a primeira vez."

Realmente é muito estranho o MP desviar recursos para fiscalizar estatutos de movimentos cívicos independentes. Dada a invulgaridade, é perfeitamente legítima a suspeita lançada por Helena Roseta, sobre a relação entre o movimento e Manuel Alegre (o verdadeiro adversário do socratismo), ser o leitmotiv dessa fiscalização.
Parece que os tiques totalitários são genéticos e perpetuam-se ao longo das gerações…

10/02/09

Alegrar o povinho

O portátil de Nuno faz tanto sucesso que a mãe-estudante já o levou para Évora, onde está a estudar, o dia todo, no novo programa Novas Oportunidades. "Levei para as professoras de Inglês e de Português verem o Magalhãesinho. Deu cá um sucesso! Ainda nenhuma delas tinha visto porque estão à espera que os seus filhos recebam!", diz divertida.Quando era criança, Ana Santos não pôde estudar e só completou o 6.º ano. Agora, está feliz com a oportunidade de regressar à escola. "Gosto de estudar e motivo os meus filhos a estudarem. Gostava de lhes dar uma vida melhor e vou lutar e ajudá-los para que o consigam." Depois de terminado o curso, tem a esperança de conseguir um trabalho melhor. PÚBLICO

Aqui está o exemplo concreto da faixa da população que a demagogia e populismo do Pinócrates quer atingir: classe baixa e média-baixa, que são uma parte significativa da população portuguesa (infelizmente). Vivem na santa ilusão de que as Novas Oportunidades lhes vão abrir portas para um trabalho melhor, quando na realidade qualquer empresário esclarecido não se vai impressionar com essa formação, que se sabe ser inexistente.
O governo joga com o tempo e quando as expectativas do povinho forem frustradas provavelmente já passaram as eleições...

08/02/09

Ciclo

Quando se recorda o passado, frequentemente a complacência e a incredulidade são sentimentos recorrentes. O modo de vida dos nossos antepassados comparativamente era pior em qualidade e custa aceitar que no presente algo semelhante pudesse acontecer. Contudo, muita coisa não mudou e a pobreza é uma delas. Quando vislumbro uma criança de 5 anos, em pleno 2009, infestada de piolhos, cuja refeição mais equilibrada é aquela que faz na escola (talvez a única), em que a mãe é um esqueleto que transporta umas roupas andrajosas, que passa momentos de fome porque os rendimentos são parcos, isto faz lembrar o tal passado que parecia ter acabado. Esta família representa que a pobreza se reproduz, que limita a mentalidade do indivíduo, se perpetua pelas gerações e ostraciza os indivíduos. Vejo uma criança com o destino traçado, na pobreza, com subdesenvolvimento fisico e cognitivo, despejada no lixo social, porque não possui um agregado familiar que faça quebrar o ciclo pernicioso; e os descendentes dessa criança reproduzirão as mesmas dificuldades. São os indivíduos no fundo da escala social, que sobrevivem, sem se vislumbrar com que fim e que por motivos inexplicáveis persistem agarrados a uma não-vida…
Este ciclo inquebrável, da hereditariedade sócio-económica, é incompreensível perante a capacidade humana de ultrapassar as adversidades mas que não é utilizada para impedir a existência da desgraça social.
A manutenção dos desequilíbrios, da desigualdade, só é quebrada pelo único acontecimento que verdadeiramente é igual para todos os seres humanos, independentemente do seu poder politico, social ou económico: a morte…

Os oportunistas

Em 2004, no congresso que decidiu a sucessão de Ferro Rodrigues, Santos Silva apoiou Manuel Alegre. Parece que na altura não gostava da esquerda "tecnocrática" de Sócrates. Hoje é o principal porta-voz do primeiro-ministro no combate político às oposições, no Parlamento, nos media, onde quer que seja preciso, à hora que seja preciso. DN
Estas mudanças tácticas de campo, tipicas de quem só trabalha para a sua ambição pessoal, que deriva como uma rolha à superficie da água, são paradigmáticas do tipo de politicos que temos em Portugal.

07/02/09

O controlo dos cidadãos

O Conselho de Ministros aprovou hoje, 5 de Fevereiro de 2009, o diploma que estabelece a instalação obrigatória de um dispositivo electrónico de matrícula (DEM) em todos os veículos automóveis.

Aí está o Big Brother, de mansinho, paulatinamente, a entrar na vida das pessoas. Como se as garantias dadas sobre a privacidade tivessem algum valor; qualquer pessoa minimamente informada sabe que tecnicamente é sempre possível usar a tecnologia para detecção e controlo do veículo, portanto, qualquer indivíduo ou entidade ligada ao sistema o poderá fazer. Quem é que vai controlar ou descobrir que foi usada para esses fins?
Sendo obrigatório, deixa de existir a liberdade de cada cidadão querer ou não querer aderir ao sistema (como acontece com a Via Verde), o que é inadmissível num Estado de Direito. No que me diz respeito, vou esperar para saber pormenores técnicos, mas garanto o seguinte: se o sistema não for amovível, obrigar a uma adesão a uma conta bancária (tipo Via Verde), incluir custos regulares e não permitir latitude de decisão individual, é já a seguir que vou instalar o chip…
Já agora, quem aderiu ao sistema via verde também tem de instalar o chip? Se sim, fica com dois dispositivos electrónicos para quê? Além da desigualdade de uns terem custeado um dispositivo e outros não.
Depois, é uma forma encapotada da Brisa não gastar um cêntimo na construção de portagens, sendo este o verdadeiro objectivo do chip; uma saída airosa encontrada pelo governo pseudo-socialista para começar a cobrar as Scut sem ter qualquer custo.

06/02/09

Factos desagradáveis

Alguém vislumbra alterações significativas ao ECD a curto prazo? O tempo corre a favor do ME que não tem nada a perder contra todos os docentes que têm muito a perder; este combate desequilibrado pende para o lado ministerial. Atitudes de desobediência, mesmo que em larga escala, é expor os flancos à flagelação livre do ME, sem qualquer hipótese de defesa; o número é uma boa defesa mas o nº da maioria absoluta é um perigoso ataque…
O medo da perda do emprego e da perda significativa do poder de compra, o uso da actual crise sócio-económica como arma repressiva, a existência de milhares do lado de fora que se dispõem a atitudes escravizantes abdicando de toda a dignidade laboral desde que tenham emprego, são instrumentos poderosos que manipulam as vontades individuais, forçando-as a fazer o que não desejam. O puro instinto de sobrevivência…
Neste momento só restam duas saídas:

-resignação da derrota contra o Golias artilhado, com as terríveis consequências a médio e longo prazo;

- uso do arsenal nuclear: greve aos exames nacionais e/ou às avaliações por tempo indeterminado, greve ás aulas por tempo indeterminado ou greve de zelo por tempo indeterminado.

Deduzam qual das saídas teria mais votos se fosse a escrutínio…

03/02/09

Imoralidade abjecta

Os verdadeiros governantes mundiais são os que pertencem ao grupos económicos que dominam os mercados: bancos, seguradoras, corretoras, multinacionais. O dinheiro dos governos injectado nesses grupos apenas serve para manter o status quo desses criminosos, que roubam descaradamente a salvação de milhões de cidadãos. O preço a pagar é a guerra social, derivas totalitárias e quiçá guerra militar regional ou mundial…

Entretanto, [Barack Obama] chamou a atenção pública para o escândalo de como foram gastos os dinheiros concedidos à banca - como o City Bank - e a grandes empresas, através do plano Paulson, ainda no tempo de Bush. Foram, em boa parte, gastos em prémios dados aos gestores das empresas, que os receberam e em despesas sumptuárias, como na compra de um avião privado, caríssimo, para uso próprio dos administradores. Como disse Obama: "Os executivos dos grandes bancos repartiram entre si 14 250 milhões do plano da crise." E acrescentou: "Uma irresponsabilidade e uma vergonha!" Além disso, anunciou um controlo do Estado para que tudo seja transparente e publicamente conhecido, uma vez que o dinheiro provém dos contribuintes...Na Europa, em geral, tem-se aplicado a mesma receita. E também não está a correr bem. É desconhecido, por enquanto, para onde foram - e sobretudo como foram gastos - os dinheiros expendidos para conter a crise, pelos Estados nacionais. Perante o exemplo americano, é natural que os políticos europeus dêem a conhecer como foi gasto o dinheiro e se não foi também, como se desconfia, para beneficiar - sem qualquer controlo - os mesmos gestores que continuam a conservar os seus lugares, apesar de serem os responsáveis principais do desastre. Em perfeita impunidade, até agora. Portugal, infelizmente, parece não ter sido excepção a essa regra geral. "Mudar o menos possível, para que tudo fique na mesma..." Mas não é possível. Foi a "mão invisível", a auto-regulação dos mercados, que conduziu ao desastre! Quando os ouvimos falar - os inquiridos, arguidos ou apenas suspeitos - com o à-vontade e a desfaçatez com que o fazem, ficamos com a convicção de que ainda não aprenderam nada com a crise... E o pior é que o tempo de mudança urge.

O mais grave de tudo nesta crise global: é o desemprego em massa que continua a crescer, com o encerramento de fábricas e outras empresas, tanto grandes como pequenas, em todos os continentes. A indústria automóvel parece ter sido particularmente afectada, tanto na América como na Europa, no Japão, na Rússia ou na China, países emergentes, que adoptaram o modelo económico neoliberal, no pior que tem, e estão a sofrer muito com a intensificação da crise. Nos próximos tempos, atenção a estes dois colossos, às dificuldades por que vão passar e à forma como vão gerir - difícil de prever - os inevitáveis conflitos sociais que vão ter de enfrentar...
Com o desemprego em crescendo vem o aumento da pobreza, o desespero, a crescente violência e as revoltas. Para além da queda dos preços e do fantasma da deflação...
No Reino Unido deu-se já o fenómeno da discriminação dos imigrantes - com greves em todo o território contra os trabalhadores estrangeiros, sob o slogan "os britânicos, primeiro". Os portugueses, os espanhóis e outros europeus de Leste, que vivem e trabalham no Reino Unido, mesmo em sectores fortemente especializados, foram dos primeiros, talvez por pertencerem à União Europeia, a sentir-se discriminados por um certo e inesperado xenofobismo. E, como é natural, o Partido Trabalhista, de Gordon Brown, desceu outra vez nas sondagens mais de 12 pontos relativamente ao Partido Conservador...
O Reino Unido está numa situação particularmente crítica, com a libra a descer, o que afecta gravemente o nosso turismo interno, sem perspectivas de melhorar, a curto prazo.A França, contrariamente ao que prometeu Sarkozy, não vai melhor. A 29 de Janeiro a greve geral, convocada por oito centrais sindicais (CGT, CFDT, FO, CFTC, CFE- -CGC, FSU, UNSA, Solidaires) conseguiu reunir dois milhões e meio de manifestantes em muitas cidades, abrangendo praticamente todo o território nacional. Sarkozy tinha dito, no princípio das férias passadas, que não haveria mais greves capazes de serem notadas pelos franceses. Enganou-se. É certo que as greves não criam emprego. Todos sabemos. Mas revelam um mal-estar social, que azeda a crise e pode gerar revoltas violentas, sempre perigosas. O que já está a acontecer, em países tão diferentes como a Grécia, a Rússia, a China, sem que se conheça no Ocidente a sua extensão, na Alemanha, no Japão, na Itália, na Suíça, em protesto contra o Fórum Económico Mundial, em Madagáscar, extremamente violentas e, mais ou menos, por toda a parte, embora por razões e com sentidos muito diversos...
Em momento de crise, tão profunda - e ainda no começo - como a actual, um certo tipo de consenso e de paz civil seria altamente útil. Mas como o obter num mundo tão contraditório, desigual e sem rumo como o nosso, nomeadamente na União Europeia? Na América do Norte, onde a crise começou, ao menos há agora um rumo claro, o que está a dar esperança e apaziguamento à sociedade americana, que os tinha perdido. Na União Europeia, não, infelizmente. Não se vê qual é o rumo a seguir pela União, quando as acções não são concertadas e cada país reage como entende. A Comissão Europeia está paralisada e o Presidente Durão Barroso parece apenas pensar na reeleição. Mas será possível que os mesmos rostos, tão marcados por um passado recente, possam merecer a confiança dos europeus? É difícil de imaginar... DN

Hipocrisia estatal

Numa perspectiva moral é errado quem se aposenta continuar a trabalhar (principalmente no mesmo sector laboral) porque ofende o princípio filosófico que foi subjacente à criação da pensão de reforma: assunção do decrépito do corpo humano com a consequente perda de rendimento. A aposentação tem o princípio de permitir ao indivíduo terminar os seus dias possuindo o rendimento suficiente para o sustento em vez de trabalhar até morrer, em condições físicas e psíquicas gradualmente piores. Deste modo, ao continuar a trabalhar, demonstra-se que não atingiu a situação de incapacidade além de impedir os indivíduos jovens de ocupar esse posto de trabalho, contribuindo para a manutenção prolongada do desemprego. Mas quando é o Estado através do governo a propor que aposentados voltem a trabalhar no mesmo sector, a imoralidade é mais descarada. Contudo, é o que o ME está a propor aos professores aposentados: regressem à escola em regime de voluntariado, à ‘borliú’, poupando mais uns euros em contratações e ajudando a manter o desemprego docente.

O Governo quer os aposentados de novo nas escolas para auxiliarem nas tarefas não lectivas, como o apoio ao estudo, aos alunos imigrantes, ou nas visitas de estudo. (…) à intenção do Governo de pôr os reformados a apoiar as salas de estudo ou bibliotecas, a trabalhar na construção de materiais didácticos, nas visitas de estudo ou nos centros de recursos educativos. A proposta consta do projecto de despacho do secretário de Estado Valter Lemos, já submetido ao Conselho de Escolas (…) DN