23/01/10

O sentido da Vida

Chegou o momento ideal de fazer um balanço desta participação cibernética. A conclusão é que não produziu efeitos visíveis e palpáveis. O tempo dedicado, as milhares de palavras escritas, conduziram a alguma mudança? Apenas desabafos de frustrações, raivas, injustiças, num típico regime de desigualdade social. As acções é que são relevantes; as opiniões são efémeras.

Por isso, o tempo é escasso e precioso para ser consumido em opiniões, e será utilizado nas acções.

Tudo vai continuar na mesma durante os próximos séculos:

- hierarquia social,

- grupos de humanos a dominar outros,

- exploração de pessoas,

- desigualdade sociais, de distribuição de riqueza, de acesso ao poder

- grupos de humanos mais poderosos e impunes ao desrespeito das regras

- destruição paulatina do ambiente


Olhamos a história e sempre foi assim: os regimes politico-socio-económicos foram se sucedendo mas persistiam as causas que levaram à mudança no novos regimes.

A inevitável tragédia da contagem do tempo e da existência da morte, é uma ambivalência: tanto leva a comportamentos assertivos e abnegados como a perigosos comportamentos niilistas.

Portanto, a consequência imediata é cada um tratar da sua vida, com decisões e acções que o conduzam a patamares elevados da hierarquia social; uns têm sucesso e outros têm insucesso, o ingrediente necessário para a violência…

O caminho será inexorável: a Humanidade continuará com os mesmos desequilíbrios porque para os alterar seria necessário alterar a natureza e condição humanas, algo que cai na esfera do utópico.

Esse caminho será finalizado pelos limites quantitativos da Natureza, e quando forem atingidos, uma página será encerrada na história do planeta Terra…




Esbanja-se e depois népias para o povo

Centenas de exemplos destes que ocorrem há anos, é que levam a que a população deste país não tenha melhor qualidade de vida. Por isso, já não vou na cantilena da ‘época das dificuldades’, ‘sacrifício para um futuro melhor’, ‘apertar o cinto em nome da nação’. Prefiro que o barco afunde do que servir de escravo a estes vampiros…


Mais um projecto tecnológico, o do aproveitamento da energia das ondas, anunciado com grande pompa como uma iniciativa pioneira pelo governo, termina na falência.


Primeiro foi assim


http://tv1.rtp.pt/noticias/?arti...;layout=10


http://www.jornaldepeniche.pt/index.php?id=4...;task=view




O final acabou por ser bem diferente do anunciado:


http://sic.sapo.pt/online/video/i...-20383.htm

Lá por fora é assim

DR, 2ª série, nº 9, 14/01/2010

Aviso n.º 922/2010

3 — O vencimento base mensal dos professores do ensino secundário, de acordo com o determinado no Estatuto do Pessoal Destacado nas Escolas Europeias, oscila entre €5.198,32, no princípio da carreira, e €7.419,92, em fim de carreira, consoante o escalão em que o professor ficar posicionado (12 escalões com dois anos de permanência cada). A este vencimento é depois feita a dedução do montante ilíquido do salário auferido no sistema educativo nacional.

21/01/10

O que vai na alma de cada um

Por ser bastante eloquente, é pertinente mostrar:

18/01/10

O que todos já sabíamos

"o financiamento do Inglês no 1º ciclo , ensino profissional e Novas Oportunidades, fez-se à custa da contenção nos salários dos professores. Em 2007 e 2008, aquelas 3 politicas terão custado ao erário público € 543 milhões, mas o Estado terá poupado, no mesmo período, cerca de € 1099 milhões com o pessoal. (...) Entre 2003 e 2008, diminuíram de 83% para 77%".


http://www.scielo.oces.mctes.pt/scielo.php?script=sci_pdf&pid=S1645-72502009000100004&lng=pt&nrm=iso&tlng=

17/01/10

Requalificação interesseira

A requalificação do parque escolar, dá emprego sazonal a alguns portugueses e enriquece mais uns milhões de euros as empresas de construção civil administradas por ex-dirigentes socialistas. E não entro nos pormenores da metodologia de construção, em que se paga 100 para ter coisas de 50...
Ironicamente, criam-se melhores condições físicas na educação, que teoricamente possibilitam melhor formação dos jovens, mas que o país corre o risco de os ver emigrar porque não lhes oferece oportunidades profissionais. Gastam-se milhões de euros para eles irem produzir riqueza nos outros países...

Para quê?

A terra é um planeta maravilhoso mas após atingir metade da esperança média de vida, confesso que tenho pensado muitas vezes que preferia não ter nascido como humano. A espécie Homo sapiens é simplesmente detestável, exceptuando alguns indivíduos que mostram a parte bela da natureza humana. Contudo são cada vez mais uma minoria, o que significa pouca motivação para conviver entre humanos. Cada vez mais as relações interpessoais são de interesse e conveniência, baseadas na hipocrisia, cinismo, e atingindo os membros consanguíneos. Acrescentando a tudo isto a paradoxal inevitabilidade da morte, o sentido da vida é imperscrutável…

Resistir ferozmente

Quando um país passa por dificuldades económicas provocadas por motivos involuntários (catástrofes naturais, por exemplo), os cidadãos sentem-se naturalmente motivados para voluntariamente se sacrificarem pessoalmente. Contudo, quando essas dificuldades são resultado da corrupção, peculato e fraude das elites dirigentes, os cidadãos têm o direito moral de recusar qualquer sacrifício pessoal e exigir que os causadores resolvam a situação. Por isso, quando se gasta €5000 diários do orçamento de estado para manutenção do estádio do Algarve (acrescentando os custos com o pessoal dirigente e trabalhador), um equipamento completamente fútil e inútil, que só serviu como pretexto para enriquecer os tais assaltantes do erário público, não aceito que me peçam mais sacrifícios, que congelem o salário e a progressão na carreira.

Na prática, somos os escravos trabalhadores que geram a riqueza para os assaltantes que estão no poder viverem faustosamente.

16/01/10

(Sobre)Viver num país em falência

É bastante plausível que muitos considerem esta opinião cínica, mas analisando dentro do contexto realista talvez seja prematuro essa classificação.

Existe uma intensa cobertura mediática sobre o sismo no Haiti, com um dramatismo bastante melodramático. O ano passado ocorreu um sismo semelhante em Itália, com a destruição de 70% da cidade, milhares de mortes e o dramatismo foi mais realista.

Contudo, num território que de país só tem o nome, onde uma população vivia há anos em permanente estado de violência, pobreza, fome, miséria, sem serviços básicos (água, esgotos, electricidade), com um Estado em falência total, talvez a morte tenha sido libertadora para muitos. Num território neste estado, os sobreviventes terão motivos de regozijo e alegria? Perante a perspectiva catastrófica de um país arruinado que ainda ficou mais arruinado, as condições de vida nos próximos anos serão dramáticas e horríveis. Neste contexto, quem morreu no sismo foi uma bênção, foi uma libertação, porque deixaram todo o sofrimento que já tinham e o que supostamente ainda continuariam a ter. Um personagem de um filme de terror afirmava que “existem muitas coisas bem piores do que a morte”; viver no Haiti é uma dessas coisas.

12/01/10

Vamos continuar nisto até à guerra total?

A recessão agravou as condições de vida dos jovens

A geração que está agora com 16-25 anos estará perdida?

10.01.2010 - 08:03 Por Ana Cristina Pereira, com Romana Borja-Santos (PÙBLICO)

Geração perdida. A expressão, amarga, integral, acaba de ser usada no Reino Unido para encaixar quem tem agora entre 16 e 25 anos. Em Portugal há indicadores.

Com a recessão, por ser tão difícil encontrar emprego e segurá-lo, uma geração inteira está desesperançada. Se o país não responder, toda ela se perderá, avisam os autores desse estudo encomendado pela organização não governamental Prince"s Trust. Em Portugal, não há qualquer estudo equivalente a este financiado pelo príncipe Carlos - que auscultou 2088 britânicos. Mas há indicadores. A Eurostat acaba de actualizar o fulcral: em Novembro, o desemprego nos jovens até aos 25 anos estava nos 18,8 por cento, abaixo da média da União Europeia (21,4 por cento). Nos extremos, a Holanda (7,5) e a Espanha (43,8). O fenómeno é bem conhecido, julga Virgínia Ferreira, da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (UC): "Ao lado, em Espanha, chamam-lhes os mileuristas. Aqui, ficamos pela metade, pelos 500 euros." Falar em geração perdida, contudo, parece-lhe um exagero: "Isso é um rótulo, uma máxima usada para simplificar uma ideia complexa". Há cada vez menos jovens. Em 1999, segundo o Instituto Nacional de Estatística, eram 3,1 milhões - 48 por cento tinham entre 15 e 24 anos (1,5 milhões). Em 2008, eram menos 327 mil. E o grosso da contracção (295 mil) verificou-se naquela faixa etária. É a geração mais escolarizada de sempre. No ano lectivo 2007-2008, estavam inscritos no ensino superior 377 mil alunos - mais 20 por cento do que em 1995-1996. No final, as universidades mandaram para o mercado mais de 83 mil diplomados - mais 16 por cento do que no ano anterior. Apesar disto, "as gerações anteriores entraram mais facilmente no mercado de trabalho", avalia Carlos Gonçalves, que tem estudado a empregabilidade dos universitários. Agora demora mais. E quem fura, amiúde, fá-lo através de contratos a termo certo ou de recibos verdes. O exemplo típico é o do licenciado no call center. Havia, aponta Elísio Estanque, da Faculdade de Economia da UC, "uma empregabilidade relacionada com a aprendizagem". Os alunos tentavam seguir o gosto, a vocação. O ensino "democratizou-se, mercantilizou-se". A garantia esfumou-se. A crise agudizou o fosso. Agora, "a grande preocupação é se o curso tem ou não saída. Perversamente, têm mais dificuldades em obter melhores resultados".
A difícil transição
Nem só os universitários vivem a calamidade. Os menos qualificados também - todos os dias, empresas a falir, fábricas a fechar portas. A transição do mundo juvenil para o mundo adulto alterou-se. Os jovens deixam-se estar em casa dos pais. Adiam compromissos - como comprar casa ou constituir família, precisa Virgínia Ferreira. Por toda a parte se vê desejar um trabalho precário. Não aquele em vez de outro: aquele porque não há outro. "À minha volta está tudo deprimido por não ter expectativas e por ter de conviver com um emprego insatisfatório", desabafa Sara Gamito, do movimento Precários Inflexíveis. "Ficam com os pés e as mãos atados e vão perdendo o alento."
"Apesar de não nos definirmos só pelo que fazemos, o trabalho desempenha um papel fundamental na construção do eu", explica Sofia Marques da Silva, da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto. "E o salário é um elemento essencial para aceder a bens e organizar a transição. Sem salário, há um recuo ligado até à dignidade.
"Recusa o epíteto "perdida", mas está convencida de que "esta geração tem muita dificuldade em ter uma cultura de projecto - em imaginar o que vai fazer num tempo que ainda não existe". Fixa no presente o sentido dos dias e isso parece-lhe "perigoso": "Alguém que não imagina etapas na sua vida, às vezes, só quer usufruir rapidamente momentos, sensações". Não fala em revolta, como se viu noutros países europeus. Fala de ingresso na criminalidade, por exemplo. Elísio Estanque observa alheamento e inquieta-se com a saúde da democracia. Não só por o sistema não funcionar sem uma base de participação eleitoral. Também por ser importante haver associações para o olear. E existir "pouca disponibilidade dos jovens para participar: condiciona-os o medo".
Não se pode homogeneizar. Há focos de protesto, inclusive através de blogues e movimentos, como lembra Cristina Andrade, da Fartos d"Estes Recibos Verdes. Mas impera "uma docilidade que é assustadora", torna Sofia Marques da Silva. "As empresas olham para estes jovens como dóceis. Aceitam tudo." Ao fazer uma etnografia numa casa de juventude de Matosinhos, ouviu um dizer: "Comem a carne e deixam-nos os ossos". O rapaz que pronunciou aquela frase não aceitava tudo. Tinha 20 anos e já fora cortador de carne, já fora estivador no Porto de Leixões e não aceitou um trabalho na construção - era mal pago, era nocturno e em tempo de chuva.
Há estratégias de valorização - de sobrevivência mental. Às vezes, basta-lhes uma centelha. Sofia Marques da Silva viu aquele rapaz explicar, por exemplo, como carregar contentores é exigente em termos físicos. Ou uma rapariga que trabalhava numa fábrica gabar-se de saber fazer de tudo: cortar, coser, limpar.
Factos e números sobre o problema maior de uma geração
- Entre 1999 e 2009 foram criados 273,3 mil postos de trabalho. Mas destruíram-se 221 mil empregos ocupados por jovens.
- Na mesma década, foram criados 117 mil postos de trabalho com contratos permanentes. Mas destruíram-se 175 mil empregos com contratos sem termo ocupados pelos jovens e 77 mil ocupados por empregados com idades entre os 25 e os 34 anos.
- De 1999 a 2009, foram criados 205 mil postos de trabalho com contratos a prazo. Mas destruíram-se nove mil postos de trabalho a prazo ocupados por jovens. Mais de metade dos postos de trabalho criados com contratos a prazo foram ocupados por pessoas com idades entre os 25 e os 34 anos.
- Nesses dez anos, destruíram-se 48 mil empregos com outro tipo de contratos (incluindo recibos verdes). Três em quatro desses postos de trabalho eram ocupados por jovens.
- Em 1999, cerca de 60 por cento dos jovens tinham um contrato permanente. Dez anos depois, esse grupo desceu para 46 por cento do total.
- Em 1999, cerca de 30 por cento dos jovens tinham um contrato a prazo. Dez anos depois, o seu número representava já 47 por cento do total.
- Em 1999, um em cada quatro desempregados era jovem. Em 2009, passou a ser um em cada seis.
- Em 1999, três em cada quatro desempregados jovens tinham o ensino básico. Dez anos depois, o seu número baixou para dois em cada quatro.
- Em 1999, os jovens desempregados licenciados representavam cinco por cento do desemprego juvenil. Dez anos depois, o seu peso era já de 12 por cento.
- Em 1999, havia nove mil jovens licenciados inactivos (não eram empregados nem desempregados). Dez anos depois, passaram a ser 26 mil. Nesse período, subiu também o número de jovens inactivos com o ensino secundário (de 212 mil para 228 mil).

As elites planeiam refugiar-se atrás das forças das armas compradas com a sua riqueza (alugando as forças armadas e as forças de segurança), e por isso não vão ser elas que irão implementar as decisões para impedir o descalabro. Implementou-se a ideia de viver um dia de cada vez, como forma de escape à fealdade do quotidiano; como diz no artigo, uma ideia perigosa porque conduz à falta de projectos e ao devaneio.
Só quando as ruas estiverem a ferro e fogo (como aconteceu em França) é que finalmente se questionam sobre o que se passa e o que causou. Nesse momento será tarde, porque a violência será imparável e dará azo a regimes policiais, mafiosos ou cleptocráticos.
O humano não aprende com a história, e os mesmos sintomas que levaram à barbárie de duas guerras mundiais estão estupidamente a ser ignorados.

A falsidade da avaliação

Já ando a ficar saturado com a mesquinhez e inveja do povinho português. Existe uma cambada de ignorantes que estão convencidos que se os outros piorarem, eles se sentem melhor. A monumental estupidez deste sentimento, mina completamente qualquer relacionamento social saudável. Uma ignorância completa é pensarem que a avaliação é a panaceia dos males do país, quando na realidade, estes males têm origem na mentalidade e cultura do povo gerada hà séculos.
Esta coisa de dizerem que nas empresas avaliam, é a maior treta contada; exceptuando as grandes empresas devidamente organizadas, a avaliação que é aplicada no mundo empresarial é a olhómetro e feita por chefias intermédias sem qualquer formação. Uma avaliação que se baseia nas caras, na bajulação, na subserviência, etc., tudo menos no mérito. A avaliação não vai mudar nada, excepto o nível das despesas salariais, que diminui (e fundamentalmente, é o objectivo único da avaliação); aliás, a avaliação conflituosa só vai piorar em muitas circunstâncias a produtividade porque os indivíduos em vez de cooperarem vão competir destrutivamente entre si, prejudicando o cliente/utente. O cirurgião X que podia ajudar o Y já não o fará, porque tem de mostrar que é o melhor, e quem vai perder é o paciente, que podia ter um melhor tratamento.
É ignóbil estar a trabalhar num ambiente onde há desconfiança, hipocrisia, aparência.
Portanto, esta organização social, baseada num modelo económico que estimula a competição e concorrência eminentemente destrutiva (porque o objectivo é eliminar o outro), só cria uma sociedade baseada no conflito, desconfiança e violência.

É nojento

O que mais me enoja são aqueles indivíduos que usufruíram da plenitude do Estado social, algumas vezes abusaram dele, que se aposentaram entre os 50-60 anos, e que agora defendem acerrimamente as alterações gravosas que este governo provocou ao nível dos direitos sociais. Apoiam inequivocamente o agravamento das condições sociais com a justificação demagógica do défice e divida nacional. como se alguma vez soubessem como isso se calcula. É nojento porque sei que estes indivíduos vociferavam cobras e lagartos se lhes fizessem o mesmo, mas como já têm a vidinha garantida, borrifam-se completamente para os outros. Este sentimento asqueroso estende-se aos fazedores de opinião especialistas, que também têm pensões de reforma chorudas, e defendem os cortes nisto e naquilo como decisões tecnicamente acertadas, esquecendo-se convenientemente que também contribuíram para o estado actual ao aposentarem-se aos 50 e tal anos com milhares de euros.
Esta falta de solidariedade geracional é abjecta.
A sociedade portuguesa têm resmas destes indivíduos.

Ajuste de contas

Parecendo que a tempestade está acalmar, talvez seja o momento de ajustar contas com a história. Ao longo dos anos verifiquei que muitos indivíduos que estão actualmente no topo da sua carreira, a atingiram tranquilamente, sem grande sacrifício e sem terem sofrido grandes convulsões negativas durante o seu percurso. Estão financeiramente confortáveis, mantêm-se durante vários anos no topo da carreira, o que lhes vaia conferir uma velhice financeiramente confortável através de uma pensão de reforma mais elevada. Muitos apenas têm o bacharelato (3 anos de frequência universitária) em áreas do conhecimento sem qualquer afinidade com o trabalho que executam, num contexto de profissão liberal, e apresentam competências medianas no trabalho que executam. Contudo, são esses que estão agora em cargos de comando e com funções directivas, a implementar decisões que tornam instável, irregular e conflituoso o trabalho dos outros, com perspectivas pessimistas no contexto de uma velhice financeiramente desconfortável, porque muitos não atingirão o topo da carreira ou permanecerão pouco tempo.
Esta falta de solidariedade geracional é abjecta.
As escolas têm resmas destes indivíduos.

09/01/10

A tristeza da história repetitiva

Em 1991:





...e ainda continuamos na mesma lengalenga do défice, impostos, etc., e respectivos governantes a encapotarem as aneiradas que fazem...

Principio proporcional da responsabilidade

Fala-se muito de mérito e pouco de responsabilidade. Se nada mudar do que se prevê para a futura carreira docente, será natural começar a aplicar o príncipio proporcional da responsabilidade: entre duas pessoas com a mesma tarefa funcional, deve trabalhar mais aquela que ganha mais.

A pressão do sucesso

O peso insuportável de 2 milhões de libras. Stuart Donnelly morreu

por Marta Cerqueira, Publicado em 08 de Janeiro de 2010


A polícia britânica está a investigar a morte de Stuart Donnelly, de 29 anos, conhecido por ser a pessoa mais jovem a ganhar a lotaria, na altura com 17 anos.
Donnelly foi encontrado morto em sua casa, em Castle Douglas, Escócia.
Em Novembro de 1997, ganhou quase 2 milhões de libras e foi uma das 13 pessoas a dividir o prémio de 25 milhões. Donnelly ganhou popularidade na Escócia por ter comemorado brindando com Coca-Cola, visto ser novo de mais para beber álcool.
Antes de ganhar o prémio, Donnelly trabalhava numa farmácia. Com o dinheiro do prémio comprou uma casa para os seus pais, uma para si e um lugar cativo no estádio do Celtic. O jovem doou 15 mil libras para um hospital de Glasgow, onde o seu irmão era tratado devido a uma doença genética.
Em 2003, Donnelly deu uma entrevista onde contou os problemas que passou depois de ter ganho o prémio. “É muito difícil lidar com toda a atenção que recebi. As pessoas ficavam em frente à minha casa, exigindo muito de mim e da minha família”, explicou.


Porque não acontece o mesmo comportamento das pessoas com todos os outros que são ricos?

Talvez porque nestes casos a inveja subconsciente das pessoas não aceite que um seu conterrâneo, de origem modesta como a sua, possa subir na escala social enquanto elas não podem. Enquanto os outros já os conheceram ricos ou atingiram esse estatuto através de variados meios, neste caso conheceram a pessoa modesta a passar rapidamente para um patamar superior, e por isso, consideram obrigação moral do premiado em também os ajudar a atingir o degrau acima.

08/01/10

Onde estão os motivos para ser optimista? II

Mas eu sou assim tão diferente para ainda não ter percebido quais as grandes diferenças em relação ao ECD actual?

Ficou tudo na mesma ou pior, só que com outra roupa. Vejamos:


- Piorou na questão da contingentação das vagas para progressão na carreira. No actual ECD só existe um momento dependente de vagas; com o acordo, passa a haver dois momentos.

- “Acabaram as categorias”. O relator é outro nome para titular. O problema ainda continua: a legitimidade de alguém que não se distingue funcionalmente do outro, mas que lhe é conferido o poder arbitrário e discricionário por via administrativa de decidir sobre a vida de vários colegas. O problema nunca esteve no título mas na legitimidade: a que propósito é que tenho de reconhecer alguém como superior quando somos ambos genericamente competentes?

- Quem vão ser os relatores? Genericamente, os actuais titulares. Contudo, é aberta a porta a professores praticamente com a mesma experiência profissional que os seus avaliados. Portanto, continuamos com o mesmo problema da legitimidade que despoletou este longo processo de luta.

- Quem avalia o relator? Também tem aulas observadas para progredir na carreira?

- A questão é atingir o topo da carreira ou quando se atinge o topo da carreira? Que interessa atingir o topo um ano antes de obter a pensão de reforma? A quantidade de tempo em cada escalão condiciona o valor da pensão de reforma.


O ME não cedeu nas questões fundamentais e essenciais, e portanto, toda a luta nos últimos anos foi inglória, bem como não justificou o clima de guerra civil que se instalou em muitas escolas.

Onde estão os motivos para ser optimista?

Factos que esmorecem na memória, com a passagem do tempo:

- Até 2005 estava no 6º escalão numa carreira com 10 escalões. Em 2010 estou no 3º escalão numa carreira com 10 escalões!...

- Até 2005, já estava a mais do meio da carreira. Em 2010 sou colocado no início da carreira.

- Até 2005, tinha expectativa de atingir o topo da carreira em 14 anos. Em 2010, tenho a hipótese de não atingir o topo da carreira, e se conseguir, demoro 22 anos.

- Até 2005, dependia do meu desempenho profissional para progredir na carreira. Em 2010, dependo de vagas para progredir na carreira.

- Até 2005, poderia obter classificações superiores a Satisfaz, apenas dependendo do desempenho manifestado. Em 2010, dependo de vagas para classificações elevadas, independentemente de ter tido o desempenho para as merecer.

- Até 2005, tinha um contrato de nomeação definitiva (vulgo efectivo). Em 2010, perdi a vinculação com um contrato individual de trabalho por tempo indeterminado.

- Até 2005, tinha a garantia de ser sujeito a processo de exoneração apenas em casos devidamente fundamentados e comprovados. Em 2010, dependo dos humores de um(a) director(a) que usa uma grelha com itens pontuados de 1 a 10, da qual tenho de ter classificação igual ou superior a 6,5; caso não consiga, abre-se processo de exclusão da profissão.

- Até 2005, tinha expectativa de possuir uma pensão de reforma com pelo menos 80% da remuneração. Em 2010, é uma incógnita se vou ter direito a uma pensão de reforma ou se a tiver, com não mais do que 60% da remuneração.

- Até 2005, tinha expectativa de solicitar a pensão de reforma até aos 65 anos. Em 2010, a expectativa é não possuir pensão de reforma ou só poder solicitá-la após os 68 anos.

- Até 2005, tinha a garantia jurídica de não ser perseguido ou sofrer represálias pelo que pensava ou opinava. Em 2010, o silêncio é de ouro.

- Até 2005, tinha 13 horas de trabalho individual. Em 2010, tenho 9 horas, excluindo as que são utilizadas em reuniões pós-laborais.

- Até 2005, recebia pelas horas extraordinárias que executava. Em 2010, não me pagam horas extraordinárias, trabalhando mais horas semanais quando faço substituições de colegas.

- Desde 1998 até 2008, não tive aumento real salarial, tendo inclusive estado congelado de 2005 a 2007, e perdendo vários anos de serviço.

Deste modo, alguém consegue explicar-me porque devo ficar satisfeito com um acordo obtido entre sindicatos e ME, que não soluciona nenhum dos factos mencionados em epígrafe?...

Até quando?


Mas quando é que, veementemente, os cidadãos do mundo vão exigir a quem detém o poder que mude este capitalismo perverso? Quando é que teremos empresários com consciência e responsabilidade social e ambiental?

Preferiram destruir a roupa e enviá-la para o lixo do que fazer um donativo a instituições de solidariedade social ou a necessitados!...

Como diz o jornalista, com 1/3 da população nova-iorquina pobre (mais ou menos 3 milhões de pessoas), é imoral esta atitude dos grandes grupos económicos.

Como diz Fernando Nobre, presidente da AMI, a continuar assim caminhamos para o Apocalipse…


Jornal New York Times


January 6, 2010

About New York

A Clothing Clearance Where More Than Just the Prices Have Been Slashed

By JIM DWYER


In the bitter cold on Monday night, a man and woman picked apart a pyramid of clear trash bags, the discards of the HM clothing store that reigns in blazing plate-glass glory on 34th Street, just east of Sixth Avenue in Manhattan.

At the back entrance on 35th Street, awaiting trash haulers, were bags of garments that appear to have never been worn. And to make sure that they never would be worn or sold, someone had slashed most of them with box cutters or razors, a familiar sight outside H & M’s back door. The man and woman were there to salvage what had not been destroyed.

He worked quickly, never uttering a word. A bag was opened and eyed, and if it held something of promise, was tossed at the feet of the woman. She said her name was Pepa.

Were the clothes usually cut up before they were thrown out?

“A veces,” she said in Spanish. Sometimes.

She packed up a few items that had escaped the blade — a bright green T-shirt that said “Summer of Surf,” and a dark-blue hoodie in size 12, with a Divided label. The rest was returned to the pyramid.

It is winter. A third of the city is poor. And unworn clothing is being destroyed nightly.

A few doors down on 35th Street, hundreds of garments tagged for sale in Wal-Mart — hoodies and T-shirts and pants — were discovered in trash bags the week before Christmas, apparently dumped by a contractor for Wal-Mart that has space on the block. Each piece of clothing had holes punched through it by a machine.

They were found by Cynthia Magnus, who attends classes at the Graduate Center of the City University of New York on Fifth Avenue and noticed the piles of discarded clothing as she walked to the subway station in Herald Square. She was aghast at the waste, and dragged some of the bags home to Brooklyn, hoping that someone would be willing to take on the job of patching the clothes and making them wearable.

A Wal-Mart spokeswoman, Melissa Hill, said the company normally donates all its unworn goods to charities, and would have to investigate why the items found on 35th Street were discarded.

During her walks down 35th Street, Ms. Magnus said, it is more common to find destroyed clothing in the H & M trash. On Dec. 7, during an early cold snap, she said, she saw about 20 bags filled with H & M clothing that had been cut up.

Gloves with the fingers cut off,” Ms. Magnus said, reciting the inventory of ruined items. “Warm socks. Cute patent leather Mary Jane school shoes, maybe for fourth graders, with the instep cut up with a scissor. Men’s jackets, slashed across the body and the arms. The puffy fiber fill was coming out in big white cotton balls.” The jackets were tagged $59, $79 and $129.

This week, a manager in the H & M store on 34th Street said inquiries about its disposal practices had to be made to its United States headquarters. However, various officials did not respond to 10 inquiries made Tuesday by phone and e-mail.

Directly around the corner from H & M is a big collection point for New York Cares, which conducts an annual coat drive.

“We’d be glad to take unworn coats, and companies often send them to us,” said Colleen Farrell, a spokeswoman for New York Cares.

More than coats were tossed out. “The H & M thing was just ridiculous, not only clothing, but bags and bags of sturdy plastic hangers,” Ms. Magnus said. “I took a dozen of them. A girl can never have enough hangers.”

H & M, which is based in Sweden, has an executive in charge of corporate responsibility who leads the company’s sustainability efforts. On its Web site, H&M reports that to save paper, it has shrunk its shipping labels.

How about all the solid waste generated by throwing away usable garments and plastic hangers?” Ms. Magnus asked in a letter to the executive, Ingrid Schullstrom. She volunteered to help H & M connect with a charity or agency in New York that could put the unsold items to better use than simply tossing them in the trash. So far, she said, she has gotten no response.

On Monday night, Pepa’s shopping bag held a few items. She pointed to her gray sweatpants. “From here,” she said.

How about coats? “Maybe tomorrow,” she said.

http://www.nytimes.com/2010/01/06/nyregion/06about.html?partner=rss&emc=rss


04/01/10

Pensamento

Durante uma carreira que atinge as duas décadas, já ensinei um número de alunos equivalente ao milhar. Muitos já são adultos, com formação académica superior, meus alunos em disciplinas sujeitas a exame nacional; exercendo a profissão, significa que concluíram com sucesso a candidatura ao ensino superior, inferindo que os conhecimentos que transmiti eram correctos, permitindo-lhes resolver positivamente o exame nacional. Contudo, fui sempre avaliado com Satisfaz, uma classificação qualitativa que não estimula a admiração. Será que agora, havendo Muito Bom e Excelente, os alunos dos Bom serão pior preparados? Assim sendo, orem para que nenhum dos meus antigos alunos agora médicos, engenheiros, etc., executem tarefas com um grau de responsabilidade elevado, pois foram preparados por um professor que não é Excelente nem Muito Bom...

03/01/10

Uma denúncia universal

Não é exclusivo deste país, bem como as consequências para quem denuncia (mesmo nos países ditos democráticos). Obviamente que o individuo foi demitido e processado judicialmente.

02/01/10

O dilema da gnose

Uma das questões prementes e frequentes do ser humano quando se confronta com algo novo ou com um dever é saber para que serve, qual a sua utilidade prática. A escola é um local onde esta questão surge amiúde através dos alunos. Para que serve este conteúdo? Para que quero saber esta informação?
Uma mãe com a escolaridade obrigatória perguntou-me a opinião sobre se deveria vacinar contra a gripe A o seu bébé. Aqui está um exemplo concreto daquilo que todos nós vamos encontrar ao longo da vida: situações em que temos de decidir. Uma boa decisão é aquela que é fundamentada em informação sólida e veridica; esta mãe tinha dificuldade em decidir porque não possuía essa informação. Portanto, só lhe restam 2 alternativas: acreditar no que outros lhe dizem ou decidir individualmente de forma consciente e informada. No caso concreto, para uma decisão fundamentada tem de possuir conhecimentos de Medicina, Biologia, Quimica, para que possa ponderar sobre as vantagens e desvantagens de tomar ou não a vacina. E como se obtêm esses conhecimentos? Na escola, através daqueles conteúdos que provavelmente no momento em que foram estudados pareciam que não serviam para nada...
Também a posse de informação permite que o individuo não seja manipulado e enganado por quem detenha o poder; muitas vezes são implementadas decisões gravosas para os direitos humanos e sociais dos individuos, que estes não se apercebem porque não compreendem tecnicamente as consequências das decisões. Um exemplo concreto é a fórmula de cálculo da pensão de reforma; quantos cidadãos a conhecem e compreendem? São necessários conhecimentos matemáticos de nível secundário para se compreender a resolução da fórmula. Os cidadãos que não possuem esses conhecimentos limitam-se a aceitar o que os decisores lhes dizem e só tardiamente irão compreender os efeitos que sofrerão individualmente.
Mas, como é apanágio do Universo, tudo tem um reverso: possuir conhecimento tem o seu lado negativo. É uma paradoxo filosófico que é mencionado há milénios: o conhecimento tanto tem de marvilhoso e belo, sendo a chave que abre as portas da percepção, como tem de angustiante e sofredor. No séc. III A.C. determinados autores escreviam:
- (...) Decidi então conhecer a sabedoria e a ciência, assim como a tolice e a loucura. E compreendi que (...) onde há muita sabedoria há também muita tristeza, e onde há mais conhecimento, há também mais sofrimento. Ecclesiastes 1, 17-18
- A sabedoria dos homens alegra-lhe o rosto e abranda-lhe a dureza da face. Ecclesiastes 8, 1

Este dilema filosófico parece que lança mais confusão, mas no íntimo o que implica é que cada um tem de escolher na bifurcação da gnose o caminho que vai trilhar, sabendo que desemboca em destinos e consequências diferentes, comportando sempre as duas faces antagónicas do Universo...

01/01/10

O embrulho da sofisticação

Após décadas a viver neste planeta, constato que a vida do humano moderno não é diferente do seu antepassado hominídeo no seu objectivo principal: obter os recursos para (sobre)viver.

Enquanto no passado a vida quotidiana se baseava na busca do alimento e água, agora baseia-se na busca do dinheiro que dá acesso ao alimento e água. Se analisarmos o quotidiano de cada um, é exactamente esse objectivo principal que tem de ser sempre cumprido; uma diferença, é que o sedentarismo em grandes metrópoles permitiu que grupos de humanos tenham tempo para se dedicar ao ócio, só possível, porque têm outros grupos de humanos a assegurar as suas necessidades básicas.

A parafernália científica e tecnológica criou uma ilusão de que fazemos algo mais do que simplesmente obter os recursos básicos; mas se analisarmos introspectivamente o nosso quotidiano veremos que é esmagadoramente dedicado ao trabalho, ou seja, à obtenção do recurso financeiro que permite obter os recursos básicos…

Os nossos antepassados dedicavam a manterem-se vivos o tempo suficiente até se reproduzirem, e actualmente, para muitos milhões de humanos, isso não será diferente…

Numa espécie com o intelecto mais desenvolvido, o sentido da vida torna-se angustiante quando se escamoteia o quotidiano…