25/12/09

Feliz Natal?!

Frontalmente, o ser humano precisa prioritariamente de comer e beber para se manter vivo, o seu principal objectivo. No passado longínquo, teria de escolher um local com recursos naturais suficientes para alimentar uma determinada quantidade de indivíduos. Hoje, tem de ter o dinheiro suficiente para comprar os recursos. E portanto, a sua vida fundamenta-se na execução de actividades que proporcionem o acesso ao vil metal. Essas actividades são executadas num contexto de darwinismo social, sendo um paradoxo em relação à ideologia da época natalícia: solidariedade, paz, harmonia, altruísmo.

A solidão que mais se evidencia nesta época é ilusória: refere-se a não estar acompanhado por outros corpos, a interagir e comunicar com eles. Na realidade, cada um é sempre solitário, porque mesmo acompanhado por corpos, sente, pensa, sem que nenhum dos presentes percepcione essas actividades. Além disso, age em prol da usa sobrevivência individual, o que implica muita actividade solitária.

No contexto de relacionamento cortês e interesseiro- em que cada um se borrifa para o outro mas mantém uma relação cordial porque nunca se sabe quando um dia o outro lhe pode ser útil- é fátuo os votos que anualmente todos se desejam uns aos outros.

Os homens ditos santos- Cristo, Buda, etc.- tentaram pela palavra e acção demonstrar que existe o verdadeiro altruísmo, amor ao próximo, como a melhor opção de organização social. Com insucesso, como se constata no quotidiano: cada um manobra no sentido de obter os melhores proventos, mesmo que prejudique os outros.

Um dia como outro qualquer do ano: apenas simbólico mas sem simbolismo. Muitos milhões encaram o dia como um feriado, um dia em que não trabalham e dedicam ao lazer; e pelo caminho, a época do ano em que se aproveita para comprar os itens mais onerosos, numa fugaz sensação de felicidade e satisfação.

O sentido da vida esmorece, porque tudo se resume a possuir os bens materiais para sobreviver neste planeta…

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