03/02/09

Hipocrisia estatal

Numa perspectiva moral é errado quem se aposenta continuar a trabalhar (principalmente no mesmo sector laboral) porque ofende o princípio filosófico que foi subjacente à criação da pensão de reforma: assunção do decrépito do corpo humano com a consequente perda de rendimento. A aposentação tem o princípio de permitir ao indivíduo terminar os seus dias possuindo o rendimento suficiente para o sustento em vez de trabalhar até morrer, em condições físicas e psíquicas gradualmente piores. Deste modo, ao continuar a trabalhar, demonstra-se que não atingiu a situação de incapacidade além de impedir os indivíduos jovens de ocupar esse posto de trabalho, contribuindo para a manutenção prolongada do desemprego. Mas quando é o Estado através do governo a propor que aposentados voltem a trabalhar no mesmo sector, a imoralidade é mais descarada. Contudo, é o que o ME está a propor aos professores aposentados: regressem à escola em regime de voluntariado, à ‘borliú’, poupando mais uns euros em contratações e ajudando a manter o desemprego docente.

O Governo quer os aposentados de novo nas escolas para auxiliarem nas tarefas não lectivas, como o apoio ao estudo, aos alunos imigrantes, ou nas visitas de estudo. (…) à intenção do Governo de pôr os reformados a apoiar as salas de estudo ou bibliotecas, a trabalhar na construção de materiais didácticos, nas visitas de estudo ou nos centros de recursos educativos. A proposta consta do projecto de despacho do secretário de Estado Valter Lemos, já submetido ao Conselho de Escolas (…) DN

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