24/01/11

Uma extrapolação

Nos meus relacionamentos pessoais, 90% das pessoas não trabalham no Estado ou nem têm conhecimento pormenorizado da estrutura da Administração Pública. Tudo o que sabem é a partir do boca a boca e dos jornais e televisões. Deste modo, persistem nas suas convicções muitos mitos sobre os funcionários públicos (nomeadamente professores); alguns deles referem-se às famigeradas regalias como salários não inferiores a €2000, todos os serviços de saúde integralmente (!) pagos pela ADSE, 3 meses de férias, trabalho pouco exigente, etc. Além disso, consideram o Sócrates como vítima de conspiração, não havendo provas da sua licenciatura falsa, caso Freeport, caso Face Oculta, etc, não sendo responsável pelo descalabro financeiro do país, ignorando que desde 1995 o país é governado pelo PS. Resignam-se a aceitar os sacrifícios como uma necessidade decorrente das circunstâncias, nunca questionando os devaneios irresponsáveis que levaram a isso. No entanto, assumem que votaram em Cavaco Silva…
Deste modo, talvez seja um tiro no pé os recibos que andam a ser publicados na internet, porque o cidadão comum está a encará-los como a prova que os professores são muito bem pagos.
Se extrapolarmos esta amostra a toda a população, então compreende-se como o Sócrates ganhou as últimas eleições e como muito dificilmente irá surgir a tão temerosa e hipotética explosão social, ou qualquer tipo de instabilidade social. Com base nesta amostra, uma faixa grande da população está disposta a aceitar ainda mais sacrifícios passivamente e resignadamente, porque os culpados são os que trabalham no Estado; num contexto histórico, compreende-se como se consegue subjugar com uma ditadura milhões de pessoas durante 40 anos e que a estratégia politica do PS de criar um bode expiatório nos funcionários públicos foi um sucesso.

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