16/01/10

(Sobre)Viver num país em falência

É bastante plausível que muitos considerem esta opinião cínica, mas analisando dentro do contexto realista talvez seja prematuro essa classificação.

Existe uma intensa cobertura mediática sobre o sismo no Haiti, com um dramatismo bastante melodramático. O ano passado ocorreu um sismo semelhante em Itália, com a destruição de 70% da cidade, milhares de mortes e o dramatismo foi mais realista.

Contudo, num território que de país só tem o nome, onde uma população vivia há anos em permanente estado de violência, pobreza, fome, miséria, sem serviços básicos (água, esgotos, electricidade), com um Estado em falência total, talvez a morte tenha sido libertadora para muitos. Num território neste estado, os sobreviventes terão motivos de regozijo e alegria? Perante a perspectiva catastrófica de um país arruinado que ainda ficou mais arruinado, as condições de vida nos próximos anos serão dramáticas e horríveis. Neste contexto, quem morreu no sismo foi uma bênção, foi uma libertação, porque deixaram todo o sofrimento que já tinham e o que supostamente ainda continuariam a ter. Um personagem de um filme de terror afirmava que “existem muitas coisas bem piores do que a morte”; viver no Haiti é uma dessas coisas.

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