12/01/09

Afirmações pertinentes

Numa altura em que o futuro do mercado de trabalho é uma incógnita mas em que são cada vez mais os que prevêem a morte das formas tradicionais de emprego, o investigador Luís Imaginário diz que o Ministério da Educação (ME) já deveria estar a formar profissionais para "os novos territórios em termos de oportunidade de trabalho".
(...) O especialista avisa, porém, que nestes sectores - como na economia social - "a lógica das organizações já não é o emprego tradicional mas formas alternativas de trabalho". Por isso é que insiste na ideia de que a formação profissional deve ser apresentada como "um valor em si" e não como uma via para a obtenção de emprego num curto prazo.
"A educação é um valor em si, porque as pessoas aprendem a descodificar as mensagens televisivas, a não cuspir para o chão e a não bater no cônjuge. Agora, estar a dizer que os jovens devem ir para os cursos profissionais porque vão arranjar emprego é um engodo." Hoje, a economia não precisa que todos trabalhem, precisa é que todos consumam, sublinha. Assim, e não se vislumbrando a existência de emprego que corresponda às expectativas que estão a ser criadas a estes jovens, "estão-se a criar as condições para que, daqui a poucos anos, haja tensões sociais muito fortes". E, apesar de considerar que "se calhar, nas próximas décadas, todos teremos que aprender a viver de forma diferente" - e que a responsabilidade por essa aprendizagem não pode ser assacada a nenhum Ministério da Educação, porque extravasa e muito as fronteiras da escola -, o investigador afirma que "quando se põe a multiplicar inadvertidamente as promessas de emprego, o ministério é o primeiro a contribuir para a desvalorização da aprendizagem". N.F. - PÚBLICO

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