20/05/08

Num país da UE perto de si

Um país do G8 mas cuja organização social é digna de um país do 3º mundo. Um Portugal visto ao espelho...
Lucros de meio milhão de euros por dia, um volume anual de negócios de 150 milhares de milhões de euros por, 25 mil "trabalhadores" e mais de 200 mil "dependentes", ligados a todas as actividades ilegais e legítimas possíveis e imagináveis. Os números da actividade da Camorra no Sul de Itália fariam o orgulho de Tony Soprano. Só que associados a estes há ainda outros números. Para cima de 4 mil pessoas assassinadas nos últimos 30 anos, mais do que o IRA, a ETA, a Máfia siciliana e a Cosa Nostra. Nas zonas de Nápoles e da Caserta, há uma morte violenta a cada três dias.O jornalista italiano Roberto Saviano publicou em 2006 o seu livro Gomorra, onde detalha, analisa e explica o funcionamento da Camorra. Foi um best-seller (um milhão de exemplares vendidos em Itália, tradução em 30 línguas) mas valeu-lhe o ódio dos criminosos. Saviano vive sob protecção policial e muda regularmente de residência. Por isso não virá a Portugal este mês, apresentar a tradução de Gomorra.
Garrone realizou um "documentário" neo-realista sobre a Camorra, concentrando em cinco histórias cruzadas o gigantesco volume de informação do livro. Através delas, consegue mostrar a extensão dos "negócios" da organização e o seu enorme poder social, político e económico, a forma como corrompe valores sociais e relações humanas, e todas as pessoas que toca. Desde as crianças dos bairros controlados pela Camorra, que começam por ser "vigilantes", "correios" e iscos em assassínios, até depois se tornarem "soldados", aos empresários ligados, por exemplo, à reciclagem dos detritos tóxicos (a Camorra está na origem de muita da poluição industrial no sul de Itália), passando pelo têxtil (a história do mestre alfaiate deixa claros os laços existentes entre a alta costura italiana e o submundo). DN

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