14/12/08

Manchetes

O tal socialismo que ainda não apareceu

O INEM nega responsabilidades na morte de um professor da Escola Secundária de Espinho - que sexta-feira sofreu uma paragem cardíaca e morreu sem assistência médica - e aponta o dedo aos Bombeiros Voluntários daquela cidade. Informados de que "não havia Viatura Médica de Emergência (VMER) disponível, receberam ordens para transportar imediatamente o doente para o hospital e não o fizeram", disse ao DN uma fonte do INEM. PÚBLICO

A eminência do conflito social

Igualmente da opinião de que há uma situação nova na sociedade portuguesa de descontentamento que pode levar à violência social é Elísio Estanque, professor doutorado do Departamento de Sociologia da Universidade de Coimbra. Considerando que "não se podem fazer previsões", sublinha que "há condições para isso em toda a Europa e em Portugal também". E apresenta três factores que potenciam a tensão social violenta e de confronto directo. Primeiro, Elísio Estanque salienta a "realidade objectiva do crescimento da precariedade, do desrespeito pelos direitos laborais", que transformou as relações laborais, as quais estão hoje longe do Estado social. Salienta ainda que "as relações precárias aumentam em sectores da classe média e até na função pública", acrescentando o facto de serem "os jovens com maior educação que têm difícil acesso ao mercado de trabalho".
Realidade e expectativas
Como segundo factor, Elísio Estanque sublinha aquilo a que a psicologia social aponta como "o desfasamento entre a realidade e as expectativas". E explica que, "consoante se vai subindo, as expectativas aumentam". Mas se, "em vez de se progredir, existir uma quebra, a expectativa não cai ao mesmo ritmo, e então fica o desespero, a desilusão, a frustração social propícia ao conflito social".
O terceiro factor apontado por Elísio Estanque é "o ressentimento geracional". Ou seja, "a geração mais nova não tem como horizonte o proteccionismo do Estado social e isso cria ressentimento social nessa geração". E alerta para o que pode acontecer. "Embora não sejam os jovens licenciados quem está pior, são eles que têm mais acesso à informação e mais conhecimento e que estão, por isso, mais politizados", adverte Elísio Estanque, concluindo: "Há a irritação, a frustração de quem investiu em si, estudou, e só pode ganhar 700 euros ou menos. Isto numa época em que as estruturas normais de diálogo social estão a perder representatividade. Os partidos e os sindicatos deviam estar atentos a isto." PÚBLICO

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