23/04/08

Aprender com os outros

Ruben trabalhava há pouco tempo numa emissora de rádio local, no Sul da Colômbia, quando fez um comentário a favor da libertação dos deputados do Valle, raptados pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). "Se soubesse as consequências que ia ter, jamais teria dito o que disse", contou ao DN.
(...) Primeiro foi obrigado a abandonar a rádio, depois a cidade - "Disseram-me que tinha de deixar a minha casa em 72 horas, caso contrário seria declarado alvo militar" - e finalmente o país, através da Venezuela. Não sem antes ser alvo de um atentado: duas balas disparadas de uma mota em movimento. "Sobrevivi por milagre", recorda o jovem de 28 anos, desde Outubro a viver em Portugal.
(...) Para aqueles que fogem da guerra civil não declarada na Colômbia e conseguem encontrar alguma paz em Portugal, arranjar emprego é a grande dificuldade. É o caso de Ruben, mas também de Juan (nome fictício) e da sua mulher, que vivem em Lisboa com o filho de quatro anos. O mais velho, de dez, ficou na Colômbia com a avó e a grande prioridade da família é que possa vir também. Antigo comerciante em Cali, Juan viveu ameaçado durante mais de um ano após denunciar um polícia corrupto. De nada adiantou mudar de casa, mudar de cidade ou procurar ajuda: era sempre encontrado - "quem é que se consegue esconder da polícia?" - e a resposta das autoridades era sempre negativa. A família sofreu três atentados até conseguirem sair do país, graças às economias que tinham.


Portugal e a Europa não caminham para o mesmo destino, se mantiverem a obsessão paranóica do capitalismo neoliberal, que contribui para a criminosa e continuada desigualdade social?

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