09/04/08

A vitória da repressão e da intimidação

“Etelvino Rodrigues, porta-voz dos 40 presidentes de conselhos executivos (CE) de escolas do distrito de Coimbra que ontem se reuniram para decidir o que fazer sobre a avaliação dos professores, assegura que "não houve capitulação". Mas admite que a possibilidade de os membros de aqueles órgãos serem alvos de processos disciplinares "foi determinante" para a decisão de avançarem com a avaliação e a classificação dos colegas que se encontram com contrato. "Temos de cumprir a lei", justificou.
No encontro, que decorreu em Coimbra, a possibilidade de demissão chegou a ser ponderada, mas só "três ou quatro" presidentes de CE se disponibilizaram para recorrer a uma medida tão drástica para fazer frente ao actual modelo de avaliação, que todos contestam. E, afastada aquela estratégia, não havia alternativa à sua aplicação, sustentaram vários participantes. "Nos termos da lei, tornamo-nos alvos de processos disciplinares se não avançarmos com a avaliação; por outro lado, qualquer professor contratado que, para o ano, não veja o seu contrato renovado por não ter sido avaliado pode vir a pedir a nossa responsabilização", explicou Etelvino Rodrigues.
(...)"Não somos heróis...", desabafava um dos participantes, no final da reunião.”

PÚBLICO, 09/04/2008

Eu compreendo e tolero esta atitude dos CE, mas a alternativa é impensável: não existe liberdade. A repressão e intimidação resultaram, a chantagem ignóbil usando a vida pessoal de pessoas é criminosa (o que revela o carácter do triunviriato ministerial), e é uma ilusão cada um pensar que é livre, pois é uma liberdade condicionada (restringida pelos limites de não incomodarmos as elites e o poder instalado por elas).
Analisando, concluo que o poder mesmo em democracia é autocrático; a atitude adequada a esta intransigência era a demissão em bloco das centenas ou milhares de CE.
Realmente não há heróis, mas existem escravos?

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